Com essas palavras, sabemos quais são as intenções de Calvino nas próximas seções. O reformador agora passa a nos guiar em angelologia, a doutrina dos anjos - conforme a Escritura somente. Em primeiro lugar, ele lista alguns dos termos usados para designar esses seres, e a explicação do uso dessas palavras.
"Denominam-se exércitos porque, como elementos de sua guarda, rodeiam a seu Príncipe, adornam-lhe a majestade e a tornam ostensiva, e como soldados estão sempre atentos ao sinal de seu comandante, e desse modo estão preparados e prontos para cumprir-lhe as ordens, de sorte que, tão logo ele lhes acena, à ação se preparam, ou, antes, entram em ação." (1.14.5, p.162)
"Por meio deles, o Senhor expressa e manifesta maravilhosamente a força e a punjança de sua mão, daí os anjos serem chamados poderes. Porque, acima de tudo, através deles Deus exerce e administra sua soberania no universo, por isso ora são chamados principados, ora potestades, ora domínios... porque neles, de certo modo, reside a glória de Deus, por esta razão são também chamados tronos." (idem)
"Além disso, também à vista disso, não uma vez só, os anjos são chamados deuses, visto que, em seu ministério, como em um espelho, em certa medida a Deidade nos é representada." (idem)
Esse último termo pode causar confusão a alguns, mas isso não quer dizer que os judeus acreditavam em deuses menores, além de Yahweh. Trata-se realmente disso que Calvino fala - pessoas ou seres com uma medida da Deidade, que lhes conferem autoridade e a posição de juízes sobre a terra.
"Tampouco deve isso parecer-nos coisa surpreendente, porque, se a príncipes e prepostos se outorga esta honra [Sl 82.6], porquanto, em sua função, fazem as vezes de Deus, que é o Supremo Rei e Juiz, muito maior razão a que seja conferida aos anjos, em quem a efulgência da glória divina esplende muito mais copiosamente." (1.14.5, p.163)
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