"Pergunto, pois, que outra coisa é governar, senão presidir de tal modo que as coisas sobre as quais se preside sejam regidas por um conselho determinado e uma ordem infalível?" (1.16.4, p.197)
Negar o que o Senhor está envolvido em cada evento, é torná-lo "Regente do universo somente em nome, não de fato" (idem). Por isso, Calvino gasta um pouco de seu estudo mostrando a providência de Deus tanto na natureza, quanto entre os homens. Uma das provas do poder de Deus sobre sua criação encontra-se no Salmo 147.
"Com efeito, Davi louva a providência geral de Deus, porque ministra alimento aos filhotes de corvos que o invocam; quando, porém, o próprio Deus ameaça de fome aos animais, porventura não declara suficientemente que ele alimenta a todos os viventes, ora com escassa medida, ora com medida mais farta, conforme bem lhe pareceu?" (1.16.5, p.198)
Da mesma forma, a humanidade não pode mover um passo, se não for guiada pelo próprio Criador e Preservador. Os exemplos bíblicos são inúmeros, e não devemo nos deixar em dúvida.
"'Do homem', diz ele, 'é a disposição do coração, e do Senhor é a preparação da língua' [Pv 16.1, 9]. Sem dúvida que é uma ridícula insânia que míseros homens deliberem agir sem Deus, quando realmente nem podem falar a não ser aquilo que ele quer." (1.16.6, p.199)
Deus também é aquele que decide quem será exaltado e quem será humilhado. Em sua justiça, ele fará aquilo que lhe agradar, e o que lhe dará glória. Cabe ao homem agradecer pela decisão de seu Criador e agir sem desespero.
"Embora os ricos estejam, no mundo, mesclados com os pobres, enquanto a cada um é divinamente assinalada sua condição, Deus, que a todos ilumina, não é de modo nenhum cego, e assim exorta os pobres à paciência, porque todos quantos não estão contentes com a própria sorte tentam alijar o fardo que Deus impôs sobre eles... Uma vez que Deus não pode despojar-se da função de Juiz, o salmista conclui daqui que de seu secreto desígnio permite que uns se enalteçam e outros permaneçam desprezíveis." (1.16.6, p.200)
A mensagem de Calvino não deve nos levar à passividade e ao conformismo, mas é necessária para entender porque somos quem somos. Deus nos criou, e rege nossa vida conforme sua vontade soberana. Aqueles que fogem dessa verdade enfrentarão temor e ansiedade, enquanto o fiel achará, mesmo em dificuldades, alegria e prazer. Que tenhamos isso em nosso coração.
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