Uma das lições que aprende-se desde cedo em teologia é que nunca se encontrará em toda Criação um análogo perfeito para Trindade. De fato, todas as tentativas de explicar as Três Pessoas em Um acabam caindo em algum tipo de heresia, tal é a singularidade da natureza divina. Calvino está ciente disso quando nos diz que "para expressar a força desta distinção, não sei se convenha lançar mão de comparações à base das coisas humanas" (1.13.18, p.140). Assim, humildemente, é melhor concentrar-se naquilo que as Escrituras apresentam a respeito do Criador."Ao Pai se atribui o princípio de ação, a fonte e manancial de todas as coisas; ao Filho, a sabedoria, o conselho e a própria dispensação na operação das coisas; mas ao Espírito se assinala o poder e a eficácia da ação." (1.13.18, p.141)
Para aqueles que ainda têm dificuldades com o relacionamento entre as Pessoas e a Unidade de Deus, Calvino novamente se detém no assunto, ainda que reconheça a dificuldade da questão. Ainda assim, o reformador nos oferece uma boa explanação.
"Esta distinção está bem longe de contraditar a simplicíssima unidade de Deus, que se permita daí provar que o Filho é um só e único Deus com o Pai, porquanto, a um tempo, com ele compartilha de um só e único Espírito, mas o Espírito não é algo diverso do Pai e do Filho, visto ser ele o Espírito do Pai e do Filho." (1.13.19, p.141)
O reformador também nos adverte a não pensarmos que alguma das Pessoas é menor que a outra, ou não possui as propriedades decorrentes da natureza divina. Ele menciona os pais da igreja, que sempre concordaram nesse assunto, destacando Santo Agostinho nessa seção.
“Cristo, em relação a si mesmo, é chamado Deus; em relação ao Pai, é chamado Filho... O Pai, em relação a si mesmo, é chamado Deus; em relação ao Filho, é chamado Pai. Quando se diz que Deus é Pai, em relação ao Filho, ele não é o Filho; quando se diz Filho, em relação ao Pai, ele não é o Pai; quando se diz que o Pai é Deus, em relação a si mesmo, e se diz que o Filho é Deus, em relação a si mesmo, ele é o mesmo Deus." (citação de Da Trindade, 1.13.19, p.142)
Nosso relacionamento com Deus torna-se cada vez mais vivo quanto mais o conhecemos. Por isso, é bom que nos dedicarmos atentamente a esse estudo sobre o Deus Trino. Que saibamos reconhecer a majestade de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito.

Meus parabéns pelo seu blog, a muito esperava que alguém falasse sobre isso. Passion Rooster