"Irineu se concentra inteiramente nisto: tornar patente que na Escritura não se proclama outro Deus senão o Pai de Cristo, e que se cogita erroneamente outro, e daí não é de maravilhar-se se conclui tantas vezes que o Deus de Israel não era outro senão aquele que é celebrado por Cristo e pelos apóstolos." (1.13.27, p.153)
"Aquele que, em acepção absoluta e não particularizada, na Escritura é chamado Deus, esse é verdadeiramente o Deus único, e Cristo, com efeito, é chamado Deus em acepção absoluta." (Irineu, citado em idem)
A próxima vítima dos antitrinitarianos é Tertuliano, sob o pretexto de que coloca o Filho em segundo plano. Calvino, apesar de admitir a dificuldade nos escritos desse pai, deixa claro que ele não ensinou nada além da doutrina correta.
"É verdade que ele confessa admitir o Filho como segundo em relação ao Pai, todavia não o entende como outro senão em função da distinção pessoal. Em algum outro lugar, ele diz que o Filho é visível, entretanto, após haver arrazoado ambos os lados da questão, conclui ser ele invisível até onde é a Palavra." (1.13.28, p.154)
Depois de citar esses casos, Calvino lembra que Justino Mártir, Hilário e Inácio também ensinaram a correta doutrina, apesar do que afirmam os hereges. Prova disso é que Ário, um antitrinitariano, não apelou a nenhum deles diante do Concílio de Nicéia. Além disso, Agostinho em sua obra magistral sobre a Trindade também nada encontra de errado entre os escritos desses santos homens.
"Mercê destas considerações, contudo, o leitor piedoso por fim reconhecerá, segundo espero, estar desmantelada todas as cavilações com que Satanás tem tentado até agora perverter ou entenebrecer a pura fé da doutrina." (1.13.29, p.155)
Uma doutrina não é reconhecida como verdadeira por maioria de votos, mas pelo que diz a Escritura. No entanto, é importante quando ouvimos as vozes do passado, e todos esses santos homens concordam a respeito de algo tão complexo. Isso nos dá segurança sobre o que cremos e nos leva a desconfiar daquilo que era estranho aos pais. Calvino sabe disso, e assim conclui seu ensino sobre a Trindade, algo que nos desafia a estudar cada dia mais, e especular cada vez menos.
"Finalmente, confio que tenha sido fielmente explicada toda a suma desta doutrina, desde que os leitores imponham moderação à curiosidade, nem reivindiquem para si avidamente mais do que se faz necessário controvérsias molestas e perplexivas. Aliás, creio que bem pouco satisfeitos haverão de ficar aqueles a quem deleita o imoderado gosto de especular." (idem)
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