"Tenhamos o cuidado de aplicar-nos a esta questão com docilidade mais do que com sutileza, não inculcamos no espírito ou investigar a Deus em qualquer outra parte que não seja em sua Sagrada Palavra, ou a seu respeito pensar qualquer coisa, a não ser que sua Palavra lhe tome a dianteira, ou falar algo que não seja tomado dessa mesma Palavra." (1.13.21, p.144)
Assim, é importante que tenhamos em mão mais uma declração doutrinária, para que possamos prosseguir. Já que trataremos das heresias, um bom resumo da ortodoxia nos será útil. Felizmente Calvino nos providencia uma, que nos servirá de guia nas seções posteriores. A citação é longa, porém necessária.
"Quando professamos crer em um só e único Deus, pelo termo Deus entende-se uma essência única e simples, em que compreendemos três pessoas sem especificação, designam-se não menos o Filho e o Espírito que o Pai; quando, porém, o Filho é associado ao Pai, então se interpõe a relação, e com isso fazemos distinção entre as pessoas.
Mas, uma vez que as propriedades específicas implicam de si uma gradação nas pessoas, de sorte que no Pai estejam o princípio e a origem, sempre que se faz menção, simultaneamente, do Pai e do Filho, ou do Espírito, se atribui ao Pai, de modo peculiar, o termo Deus. Desse modo retém-se a unidade de essência e tem-se em conta a ordem de gradação, o que, entretanto, nada detrai da divindade do Filho e do Espírito." (1.13.20, p.142)
Que meditemos nessa breve definição, para que possamos identificar os erros e não sermos contaminados por eles.
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