"Se não chegamos até sua providência, por mais que pareçamos não só compreender com a mente, mas até confessar com a língua, ainda não aprendemos corretamente o que isto significa: 'Deus é Criador'.” (1.16.1, p.192)
O governo de Deus sobre a criação não se restringe a simplesmente acionar a "máquina do universo" e deixá-la funcionando, como creem os deístas (e muitos crentes), mas ele mesmo se envolve no funcionamento de tudo, seja (ao nosso ver) bonança ou desastre. Além disso, nem a sorte, nem o acaso devem ser lembrados como regentes do universo, mas somente Deus.
"Se alguém cai nas garras de assaltantes, ou de animais ferozes; se do vento a surgir de repente sofre naufrágio no mar; se é soterrado pela queda da casa ou de uma árvore; se outro, vagando por lugares desertos, encontra provisão para sua fome; arrastado pelas ondas, chega ao porto; escapa milagrosamente à morte pela distância de apenas um dedo; todas essas ocorrências, tanto prósperas, quanto adversas, a razão carnal as atribui à sorte. Contudo, todo aquele que foi ensinado pelos lábios de Cristo de que todos os cabelos da cabeça lhe estão contados [Mt 10.30], buscará causa mais remota e terá por certo que todo e qualquer evento é governado pelo conselho secreto de Deus." (1.16.2, p.193)
Assim, todas as coisas, embora tenham em sua natureza certas propriedades, só se tornam efetivas quando são movidas por Deus a realizar aquilo a que foram propostas. O crente deve guardar isso, para que se lembre que Deus é aquele que decide como governar cada ser criado. Essa doutrina nos será de grande importância, trazendo confiança e glória ao Criador e conforto à alma.
"Primeiro, que poder mui amplo de fazer o bem há com aquele em cuja posse estão o céu e aterra e a cujo arbítrio as criaturas todas voltam os olhos, de sorte a devotar-se à sua obediência. Em segundo lugar, podem descansar em segurança na proteção desse a cujo arbítrio se sujeitam todas as coisas que poderiam fazer-lhes dano; sob cuja autoridade, não menos que de um freio, Satanás é coibido, juntamente com todas as suas fúrias e todo o seu aparato; de cujo arbítrio pende tudo quanto se opõe ao nosso bem-estar." (1.16.3, p.195)
A doutrina da providência, longe de ser uma fonte de especulação (como acreditam alguns), é um oásis de segurança para o crente, em meio a tantas pessoas em busca de um sentido na vida. Somente aceitando o governo do nosso Pai sobre tudo o que há poderemos ser cristãos verdadeiramente constantes e satisfeitos em Deus.
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