"Como, porém, o Diabo foi criado por Deus, lembremo-nos de que esta malignificência que atribuímos à sua natureza não procede da criação, mas da depravação. Tudo quanto, pois, tem ele de condenável, sobre si evocou por sua defecção e queda... Não venhamos, crendo que ele recebeu de Deus exatamente o que é agora, a atribuir ao próprio Deus o que lhe é absolutamente estranho." (1.14.16, p.171)
O reformador não vai muito além da pouca informação bíblica, que apenas diz que os demônios já estiveram em uma posição de glória, mas eles mesmos decidiram abandoná-la, em rebeldia. A Bíblia é clara em dizer que os anjos maus abandonaram seus postos, não foram empurrados para fora de lá.
"Pois o que era proveitoso de se conhecer, claramente se ensina em Pedro e Judas [2Pe 2.4; Jd 6]: 'Deus não poupou', dizem eles, 'aos anjos que pecaram e não conservaram sua origem; ao contrário, abandonaram sua morada.' E Paulo, mencionando os anjos eleitos [1Tm 5.21], sem dúvida contrasta com eles tacitamente os réprobos." (idem)
"Por esta razão, Cristo declara [Jo 8.44] que Satanás, quando profere a mentira, fala do que é próprio à sua natureza, e apresenta a causa: 'porque não permaneceu na verdade.' De fato, quando estatui que Satanás não persistiu na verdade, implica em que outrora ele estivera nela." (idem)
Note que ele nem cita os supostos textos-bases sobre a rebelião de Satanás, algo comum hoje em dia. Para Calvino, o Espírito Santo não quis nos tem a intenção de nos satisfazer a "curiosidade com histórias fúteis, destituídas de proveito"(idem). Portanto, precisamos ser humildes e aceitar de bom grado aquilo que a Palavra nos ensina.
"Estejamos contentes com resumirmos a matéria assim: na criação original foram anjos de Deus; mas, em degenerando, perderam-se e se fizeram instrumentos de perdição a outros." (idem)
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