"No mínimo, se exige de nós mais do que sejamos capazes de executar. Na verdade, não se pode diluir de quaisquer cavilações essa afirmação de Jeremias: que foi sem efeito o pacto de Deus firmado com o povo antigo, porque o era apenas da letra; nem ser além disso estabelecido de outra maneira, que é o Espírito quem plasma os corações à obediência [Jr 31.32]." (2.5.9, p;92)
Uma variação desse objeção diz respeito às promessas feitas a nós. Se não temos capacidade de cumprir para receber aquilo que nos é prometido, então Deus zomba de nós. Calvino explica que essas promessas têm funções - para incrédulos e para os piedosos. Sobre os ímpios ele diz:
"Deus punge a consciência dos ímpios, para que não se deliciem nos pecados de forma tão deliciosa, sem nenhuma lembrança de seus juízos, assim nas promessas lhes faz de certo modo testificar quão indignos são de sua benignidade... Nas promessas enuncia esta lei: que finalmente receberão então suas bênçãos, caso se apartem da depravação; ou, só por isto: que compreendam ser com razão excluídos daquelas bênçãos que se devem aos verdadeiros adoradores de Deus." (2.5.10, p.93)
A respeito dos piedosos, Calvino nos explica que as promessas do Senhor nos fazem desejar cada vez mais viver uma vida que o agrade, e isto nos leva ao arrependimento e à fé. Clamamos ao Salvador que nos salve e nos liberte de nossa incapacidade.
"Ensinados pelos preceitos acerca da vontade de Deus, somos advertidos de nossa miséria, nós que, de todo o coração, dela tanto discrepamos. Ao mesmo tempo, somos instigados a invocar-lhe o Espírito, por quem somos dirigidos pelo reto caminho. No entanto, uma vez que nossa displicência não é suficientemente acicatada pelos preceitos, acrescentam-se as promessas para que, por um certo dulçor, a seu amor nos aliciam." (idem)
Vemos aqui que temos um Pai maravilhoso, que nos dá bênçãos que não merecíamos. Que a gratidão seja nossa principal motivação para crescer cada dia mais em santidade.
Postar um comentário