"Respondam, portanto, se porventura podem negar que a causa de sua obstinação é por ser sua vontade depravada. Se acham a fonte do mal dentro de si próprios, por que se extenuam à busca de causas estranhas, para que a si não pareçam ser eles mesmos os autores da própria ruína?" (2.5.11, p.94)
Assim, da mesma maneira que as promessas levam ímpios e justos à clamar pela graça de Deus, essas reprimendas também têm esse papel. Tratam-se de avisos do Senhor para que não cometamos o mal, ou sofreremos as consequências disso. Diante da tentação, o pecado pode ser evitado caso essas ameaças nos venham à memória.
"Se persistirem obstinadamente nos desregramentos, que aprendam nas calamidades a acusar e detestar antes sua própria depravação, em vez de acusar a Deus de injusta crueldade; se não se despojaram da aptidão para aprender, tomados de tédio dos pecados, de cujo merecimento se vêem miseráveis e perdidos, retornem ao caminho e, em séria confissão, reconheçam que o Senhor, ao reprovar, desperta a lembrança." (idem)
Calvino nos lembra, como duas passagens que a disposição para obedecer a Deus vem do próprio Deus. Por isso, não devemos pensar que o Senhor nos deixa sozinhos, tentando escapar do destino dos ímpios. Pelo contrário, sua mão nos guia para longe de sua própria ira.
"Diz o Profeta: Inclinei meu coração a observar teus preceitos [Sl 119.112]; na verdade porque havia se devotado a Deus, de bom grado e de jovial disposição de espírito; contudo não se gaba de ser o autor dessa disposição, a qual, no mesmo Salmo, confessa ser dádiva de Deus [Sl 119.33-40]." (2.5.11, p.95)
"[Sobre Fl 2.12,13] Por certo que lhes assinala participação ativa, para que não se refestelem no torpor da carne; por outro lado, preceituando-lhes medo e solicitude, abate-os de tal modo que se lembrem ser obra própria de Deus o mesmo que lhes é ordenado fazer. Com o que exprime claramente que, visto que a capacidade lhes é suprida do céu, agem os fiéis, por assim dizer, passivamente, para que de modo algum reivindiquem algo para si." (idem)
Que Deus nos abençoe e nos ajude a guardar essa doutrina tão grandiosa. Que não nos esqueçamos de reconhecer nossa pequenez diante do Salvador.
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