O reformador continua a responder seus adversários, admitindo que esse verso de Deuteronômio poderia colocá-lo "em grande apuro para responder" (2.5.12, p.96). Porém, ao seguir a premissa de que "a Escritura interpreta a Escritura", Calvino entende que Moisés não estaria aqui falando simplesmente dos preceitos da Lei, mas também do Evangelho, como Paulo afirma em Romanos 10.8. De qualquer maneira, em versos anteriores o Senhor cita sua ação sobre os israelitas para que esse mandamento fosse cumprido.
"Logo, nada é mais certo do que Moisés haver compreendido com estas palavras o pacto de misericórdia que havia promulgado juntamente com a exação da lei. Ora, havia também ensinado, poucos versos antes, a saber, que nos é indispensável que o coração seja circuncidado pela mão de Deus, para que o amemos [Dt 30.6]. Conseqüentemente, esta capacidade de que fala logo em seguida não a colocou no poder do homem, mas na assistência e proteção do Espírito Santo, que em nossa fraqueza leva a bom termo sua obra, poderosamente, embora não se deva entender esta passagem simplesmente acerca dos preceitos." (idem)
A próxima objeção diz respeito a um verso de Oséias: "Irei e voltarei ao meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, de madrugada me buscarão" (5.15). Sobre isto, Calvino nos lembra que o distanciamento que Deus avisa significa supressão da profecia, não ausência de graça.
"Mas, o afastamento do Senhor para longe denota a supressão da profecia. Ficar observando o que porventura os homens hão de fazer significa acossá-los por algum tempo com aflições várias, silencioso e como que às escondidas. A ambos faz o Senhor para que nos torne mais humildes, pois, a não ser que, por seu Espírito, nos predispusesse a essa suscetibilidade em aprender, seríamos mais depressa chagados do que corrigidos pelos azorragues das coisas adversas." (2.5.13, p.97)
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