Sobre a questão dos atos maus, mais uma vez lemos que não se trata de uma questão de alguém poder ser livre para fazer algo além do pecado, mas se esse ato foi praticado voluntariamente, por alguém desejoso de cometê-lo.
"Ora, que importa se de livre ou servil juízo se peque, contanto que o seja pelo desejo da vontade, especialmente quando o homem, como pecador, argumenta com base nisto: que está debaixo da servidão do pecado?" (idem)
A respeito da questão dos galardões, vemos aqui uma belíssima exposição de Calvino, auxiliado por Agostinho. Essas recompensas não são fruto de nosso mérito, mas é a própria graça de Deus agindo em nossas vidas, quando o Senhor considera como nosso algo que foi conseguido por ele mesmo.
"Deus não coroa a nossos méritos, mas a seus próprios dons; galardões, porém, se chamam aqueles que não se devem a nossos méritos; ao contrário, que são retribuídos por graças já outorgadas... Se a ti se houver de pagar o que é devido, punido terás de ser. Portanto, que acontece? Deus não te pagou a pena devida; pelo contrário, confere graça não devida. Se queres ser estranho à graça, vangloria-te de teus méritos." (idem)
O resumo desse ensino é que "a graça não procede do mérito, mas o mérito, da graça" (2.5.2, p.85). Isto é, mais uma vez Deus inverte o que era esperado e dá ao homem mais do que ele merece e precisa. Recebemos dele algo que não é nosso, mas que por sua bondade é tido como propriedade dos fiéis. Que louvemos ao Senhor por isso!
"Uma vez que a benignidade e liberalidade de Deus são inesgotáveis e multíplices, porque faz nossas as graças que nos confere, as recompensa exatamente como se fossem virtudes nossas." (idem)
Calvino é demais mesmo!!!! Deus o agraciou muito!!!