"Por quanto tempo se lhe permite firmar em seu próprio julgamento, fomenta a hipocrisia em lugar da justiça, contente com a qual se levanta contra a graça de Deus, não sei com que engendradas justiças. Entretanto, depois que é obrigado a pesar sua vida na balança da lei, posta de parte a presunção dessa justiça imaginária, percebe estar distanciado da santidade por imenso espaço; pelo contrário, que superabunda de infinitos vícios dos quais até aqui parecia livre." (2.7.6, p.118)
Como se nossa condição não fosse já lamentável, a Lei também lembra que existe uma série de maldições sobre aqueles que vivem em pecado. Ela não apenas nos declara a condição do incrédulo, mas as consequências de seus atos.
"Pois aquele a quem falta a capacidade para seguir a justiça, este está de modo absoluto atolado em um lamaçal de pecados. Ao pecado se segue imediatamente a maldição. Portanto, quanto mais a lei nos convence de que somos homens que têm cometido transgressão, tanto mais nos mostra que somos dignos de pena e castigo." (2.7.7, p.118)
O reformador esclarece que em nenhum momento procura diminuir a Lei do Senhor. Pelo contrário, visto ser ela expressão da justiça e santidade divina, seria útil para a salvação do homem, se a humanidade não buscasse apenas a própria glória. No entanto, ainda assim podemos desfrutar desta primeira função, uma vez que, diante de nosso pecado a graça do Senhor a cada dia se mostra mais grandiosa. Que nossos corações estejam gratos, como aquele a quem muito foi perdoado (Lc 7.36-47).
"Ora, daí se evidencia cabalmente que por nossa corrupção e perversidade somos impedidos de fruir da bem-aventurança de vida revelada mediante a lei. Donde se torna mais dulçorosa a graça de Deus que nos socorre sem o subsídio da lei e mais aprazível sua misericórdia que no-la confere, mediante a qual aprendemos que ele jamais se cansa de continuamente conceder-nos benefícios e cumular-nos de novas dádivas." (2.7.7, p.119)
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