"Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto." (Êxodo 20.4,5)Se o primeiro mandamento tratava sobre a natureza única de Deus, o segundo fala em especial sobre que culto deveria ser dedicado a ele. Calvino entende o mandamento como uma declaração de que toda forma material acaba diminuindo a glória de Deus. Deus é espírito e não tem uma imagem que algum humano possa conceber.
"Neste mandamento declara ainda mais explicitamente agora de que natureza é, e com que modalidade de culto deve ser ele honrado, para que não ousemos atribuir-lhe algo sensório... ele nos dissuade e afasta totalmente das observâncias materiais insignificantes que nossa mente bronca, em razão de sua ignorância, costuma inventar quando concebe a Deus. E daí nos instrui em relação a seu legítimo culto, isto é, ao culto espiritual e estabelecido por ele mesmo. Assinala, ademais, o que é o mais grosseiro defeito nesta transgressão: a idolatria exterior." (2.8.17, p.144)
Novamente o reformador usa a imagem de um casamento para ilustrar a quebra de um mandamento. Falando sobre o divino castigo àqueles que fabricam imagens, ele entende que a ira de Deus assemelha-se à de um marido que descobre a traição de sua esposa. Por isso existe ameaça de grave julgamento sobre a família que se envolver nesse tipo de culto.
"Portanto, como um marido, quanto mais santo é e casto, tanto mais gravemente se ofende ao ver o coração da esposa a inclinar-se para com um rival, assim o Senhor, que verdadeiramente nos desposou para si, evidencia ser muito ardente sua inconformidade, sempre que, desdenhada a pureza de seu santo matrimônio, somos manchados de apetites impuros." (2.8.18, p.145)
O tema da ira divina será tratado especialmente nas próximas seções. É importante destacar o entendimento de Calvino sobre essa mandamento, em relação ao primeiro. Para o reformador, mais grave que a idolatria, é manchar o culto a Deus com imagens deste pecado.
"Mas, então isto sente especialmente o Senhor, quando oferecemos a outro o culto de sua divina majestade, que conviera ser absolutamente ilibado, ou o corrompemos com alguma superstição, uma vez que, deste modo, não só violamos o compromisso feito no casamento, mas ainda, acenando aos amantes, maculamos o próprio leito conjugal." (idem)
Esse mandamento é um apelo para que tenhamos cuidado com o tipo de culto que dedicamos ao Senhor. Mesmo hoje os protestantes e evangélicos não estão isentos de cair nesse erro. Precisamos questionar todo tipo de prática que dá mais ênfase ao que é ilustrado por homens que àquilo que é descrito na Palavra. Peçamos que o Espírito Santo nos ilumine em nossas falhas.

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