Se o primeiro mandamento tratava sobre a natureza única de Deus, o segundo fala em especial sobre que culto deveria ser dedicado a ele. Calvino entende o mandamento como uma declaração de que toda forma material acaba diminuindo a glória de Deus. Deus é espírito e não tem uma imagem que algum humano possa conceber.
"Neste mandamento declara ainda mais explicitamente agora de que natureza é, e com que modalidade de culto deve ser ele honrado, para que não ousemos atribuir-lhe algo sensório... ele nos dissuade e afasta totalmente das observâncias materiais insignificantes que nossa mente bronca, em razão de sua ignorância, costuma inventar quando concebe a Deus. E daí nos instrui em relação a seu legítimo culto, isto é, ao culto espiritual e estabelecido por ele mesmo. Assinala, ademais, o que é o mais grosseiro defeito nesta transgressão: a idolatria exterior." (2.8.17, p.144)
Novamente o reformador usa a imagem de um casamento para ilustrar a quebra de um mandamento. Falando sobre o divino castigo àqueles que fabricam imagens, ele entende que a ira de Deus assemelha-se à de um marido que descobre a traição de sua esposa. Por isso existe ameaça de grave julgamento sobre a família que se envolver nesse tipo de culto.
"Portanto, como um marido, quanto mais santo é e casto, tanto mais gravemente se ofende ao ver o coração da esposa a inclinar-se para com um rival, assim o Senhor, que verdadeiramente nos desposou para si, evidencia ser muito ardente sua inconformidade, sempre que, desdenhada a pureza de seu santo matrimônio, somos manchados de apetites impuros." (2.8.18, p.145)
O tema da ira divina será tratado especialmente nas próximas seções. É importante destacar o entendimento de Calvino sobre essa mandamento, em relação ao primeiro. Para o reformador, mais grave que a idolatria, é manchar o culto a Deus com imagens deste pecado.
"Mas, então isto sente especialmente o Senhor, quando oferecemos a outro o culto de sua divina majestade, que conviera ser absolutamente ilibado, ou o corrompemos com alguma superstição, uma vez que, deste modo, não só violamos o compromisso feito no casamento, mas ainda, acenando aos amantes, maculamos o próprio leito conjugal." (idem)
Esse mandamento é um apelo para que tenhamos cuidado com o tipo de culto que dedicamos ao Senhor. Mesmo hoje os protestantes e evangélicos não estão isentos de cair nesse erro. Precisamos questionar todo tipo de prática que dá mais ênfase ao que é ilustrado por homens que àquilo que é descrito na Palavra. Peçamos que o Espírito Santo nos ilumine em nossas falhas.
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