"Nas penalidades atesta-se, de fato, a suprema pureza de Deus, que não pode tolerar a iniqüidade; nas promessas, porém, além do supremo amor para com a justiça, que não se permite defraudar do devido galardão, atesta-se-lhe também a admirável benignidade... Deus se afasta de seu direito quando oferece recompensas por nossos atos de obediência." (2.8.4, p.132)
Para Calvino, a Lei nos pede obediência integral. Isso significa não apenas satisfazer todos os mandamentos, mas também nada acrescentar a eles. Não cabe ao homem decidir o que é verdadeira justiça e como agradar a Deus, pois isso nos é dado pelo próprio Criador.
"Os homens sempre se comprazem efusivamente em engendrar forma de alcançar justiça à parte da Palavra de Deus. Daí, entre as que se contam comumente como boas obras, lugar mais reduzido ocupam os preceitos da lei, aquela incontável multidão de preceitos humanos ocupando quase todo o espaço... O Senhor vindicou à sua lei a absoluta doutrina da justiça. Entretanto, não contentes com ela, mourejamos prodigiosamente por inventar e forjar boas obras, umas por sobre as outras." (2.8.5, p.132s)
O reformador critica duramente esse tipo de atitude. Normalmente aqueles que criam esses preceitos humanos também se enveredam pelo caminho do farisaísmo, desprezando aqueles que não praticam suas tradições e tentando alcançar favores de Deus. Calvino chama o ensino de novos mandamentos de profanação.
"A lei nos foi divinamente outorgada para nos ensinar a justiça perfeita; que outra justiça nela não se ensina, senão aquela que se exige segundo o requisito da vontade divina; que, portanto, em vão se tentam novas modalidades de obras para ganhar-se o favor de Deus, cujo culto genuíno consta só da obediência; e que, ao contrário, o exercício das boas obras que estão fora da lei de Deus equivale a profanação, que não se deve tolerar, da divina e verdadeira justiça." (2.8.5, p.133)
Deus não se agrada daqueles que tentam comprar seu favor ou daqueles que tentam "ensinar" ao Criador novas obras de justiça. Sua Lei é perfeita e deve ser preservada como ele nos deu. Oremos para que nossos corações estejam sempre firmados na Escritura.
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