"Ora, assim como ao povo antigo teriam as cerimônias oferecido um espetáculo vazio, salvo se nelas fosse revelado o poder da morte e ressurreição de Cristo, assim também, se elas não cessassem, hoje não seria possível discernir a que propósito foram instituídas." (2.7.16, p.126)
"Vemos, pois, que em seu cancelamento refulge melhor a verdade do que se continuassem tipificando a Cristo, embora de longe e como que por trás de um véu, o qual já apareceu concretamente. Por isso também, na morte de Cristo, o véu do templo se rasgou em duas partes [Mt 27.51], porque já era vinda à luz a imagem viva e expressa dos bens celestes, que foi iniciada apenas em delineamentos obscuros, como fala o autor da Epístola aos Hebreus [10.1]." (idem)
Assim, esse aspecto da Lei também nos serve de interesse, porém não deve ser colocado em prática, pois isso seria desprezar o caráter definitivo e universal da revelação em Cristo. O erro de muitas igrejas atuais e seus judaizantes modernos está justamente nessa atitude leviana a respeito dos costumes e propósitos da Lei. Calvino entende que as cerimônias procuravam muito mais a confissão do povo, mas não tinham o poder de expiar o pecado, pois isto só está em Cristo.
"Com justiça, portanto, o Apóstolo chama aos ritos e cerimônias veterotestamentários 'títulos de dívida' contrários aos que os observavam, uma vez que através deles atestavam abertamente sua condenação e impureza. Nem a isto se contrapõe o fato de que eles também fossem participantes conosco da mesma graça. Pois alcançaram isto em Cristo, não nas cerimônias, o que o Apóstolo naquela passagem dele distingue, porquanto, então em vigor, obscureciam sua glória." (2.7.17, p.128)
Assim, a expressão "títulos de dívida" (Cl 2.13,14), para Calvino, representava as confissões de pecado (ou seja, de dívida) que os judeus deveriam fazer nas cerimônias mosaicas. Esses títulos só foram cancelados quando Jesus pagou por eles, demonstrando a ineficácia da Lei Cerimonial para salvar. Infelizmente, muitas igrejas se esquecem disso hoje, e fazem seus seguidores temerem maldições e realizarem celebrações judaicas. Isto é negar o poder da Cruz do Senhor. Que Deus nos guarde desse erro!
"Como quisessem os falsos apóstolos de novo sujeitar-lhes a Igreja Cristã, Paulo, não sem causa, reinvestigando-lhes mais a fundo o significado, advertiu aos colossenses no que recairiam se neste modo se deixassem subjugar-se por elas. Pois, ao mesmo tempo, se privavam do benefício de Cristo, razão por que, consumada uma vez a expiação eterna, Cristo aboliu essas observâncias diárias, as quais, eficazes apenas para atestar os pecados, nada podiam fazer para cancelá-los." (idem)
Postar um comentário