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Acesse pelo endereço joaocalvino.net

Comemorando os 500 anos de João Calvino, o teólogo da Reforma, este é um blog dedicado a resumir e comentar as Instituras da Religião Cristã, obra máxima do reformador de Genebra. Que ele seja útil à comunidade, seguindo a mesma intenção de Calvino ao escrever seus livros.

"Este tem sido meu propósito: preparar e instruir de tal modo os candidatos à sagrada teologia, para a leitura da divina Palavra, que não só lhe tenham fácil acesso, mas ainda possam nesta escalada avançar sem tropeços."

Esse blog está sendo desativado. Visite-nos em www.joaocalvino.net

Pecados veniais e mortais [ 2.8.58-59 ]

Novamente, o mestre francês mira nas idéias inovadoras dos escolásticos. Dessa vez, Calvino critica a noção errônea entre pecados mortais e veniais. Entenda-se pecado venial como "um desejo pecaminoso sem assentimento deliberado, que viceja no coração não por tempo demorado" (Tomás de Aquino, citado em 2.8.58, p.159). Isto é, teríamos um tipo de mal que não seria tão grave ofensa contra Deus quantos os pecados "comuns". No entanto, o reformador explica que tanto esse desejo quanto a ação vêm do mesmo lugar.

"Eu, porém, digo que certamente não se pode suscitar tal desejo, a não ser em virtude da falta dessas coisas que se requerem na lei... Donde provêm esses impulsos, ainda que lânguidos, senão porque há algo vazio na alma para dar acolhida a tentações desta natureza?" (idem)

Quando Deus nos ordena que amemos com todo nosso ser, está claro que toda a alma deve estar voltada a ele, sem exceção para desejos malignos rápidos. Além disso, o décimo mandamento justamente nos proibe de ter pensamentos maus, significando que isto é algo tão pecaminoso quanto a própria ação consumada.

"O preceito é sobre amar a Deus de todo o coração, de toda a mente, de toda a alma. Portanto, a não ser que para o amor de Deus se voltem todos os poderes da alma, já é alienamento da obediência da lei, porquanto os inimigos que aí se insurgem contra seu reino, e lhe obstam os decretos, provam não estar bem firmado em nossa consciência o trono a Deus... Sobre a transgressão da lei sempre se descarrega a maldição de Deus. Portanto, não há por que eximamos da sentença de morte a qualquer cobiça, ainda as mais leves." (idem)

A idéia de pecados menos terríveis parece mais agradável por nos deixar a consciência mais tranquila. No entanto, não é isto que ensina a Palavra. Se Deus é aquele que ordena, como poderia um desacato a sua autoridade ser menos que mortal?

"Com efeito, deveriam considerar não só o que se ordena, mas também quem é que o ordena, visto que nela a mínima transgressão da lei que ele estabeleceu é ferida sua autoridade. Porventura lhes é de pouca importância que a majestade de Deus seja violada em qualquer coisa? Ademais, se na lei expôs Deus sua vontade, desagrada-lhe tudo quanto é contrário à lei." (2.8.59, p.180)

Por outro lado, felizmente, em relação aos que estão debaixo da graça de Cristo nenhum pecado mais é mortal. Fomos cobertos pelo sangue de Cristo, ele levou sobre si a morte que seria nossa. Que louvemos ao Senhor por tanto amor.

"Quanto aos pecados que os santos e os fiéis cometem, saibam que são veniais, não por sua natureza, mas porque pela misericórdia de Deus são perdoados." (idem)
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Contra os escolásticos [2.8.56-57 ]

Na época de Calvino, os teólogos escolásticos haviam transformado os mandamentos de amor ao próximo em meros conselhos, algo que nem toda igreja poderia suportar. O teólogo de Genebra faz menção direta a Tomás de Aquino, criticando a idéia tomista de que a ordem para amarmos nossos inimigos e não buscarmos vingança só se aplica ao povo leigo.

"E assinalam a razão por que não os recebem como leis: parecem excessivamente pesados e severos, especialmente aos cristãos que estão debaixo da lei da graça. Ousam, desse modo, abolir a eterna lei de Deus quanto ao dever de se amar ao próximo? Aparece, porventura, tal distinção em alguma página da lei? E, por outro lado, porventura não ocorrem nela, a cada passo, mandamentos que mui rigidamente de nós exijem o amor para com os inimigos?" (2.8.56, p.177)

A idéia dos escolásticos é a mesma que muito mestres apresentam hoje - por estarmos debaixo da graça, não precisamos andar a segunda milha. Não existe a possibilidade de claros mandamentos serem meros conselhos, e não parte da Lei de Deus. O desafio do teólogo de Genebra não deixa dúvidas: "ou invalidem da lei estas passagens, ou reconheçam que o Senhor foi um Legislador, e não inventem que ele foi apenas um Conselheiro." (idem)

Uma evidência de que o reformador está correto encontra-se na própria história da igreja. Calvino mostra que muitos pais entenderam palavras como Mateus 5.44,45 como mandamentos. Ele cita Crisóstomo, Agostinho e Gregório o Grande. Além disso, o próprio Cristo nos diz que aquele que não ama o inimigo é como gentio e publicano. Por acaso estaria Jesus chamando sua igreja nesses termos? Outro argumento: muito mais difícil que amar os inimigos é amar a Deus da maneira como nos é exigido.

"E quão disparatadamente argumentam! Seria, insistem eles, um fardo excessivamente pesado para os cristãos. Como se de fato se possa cogitar o que quer que seja mais pesado do que amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de todas as forças! Diante desta lei, nada se deva ter como não fácil, seja amar o inimigo, seja alijar do coração todo desejo de vingança. Sem dúvida que à nossa insuficiência são árduas e difíceis todas as injunções, até mesmo a mais insignificante minúcia da lei." (2.8.57, p.178)

Dizer que estamos debaixo da graça e não da Lei é uma desculpa de quem não quer viver uma vida semelhante ao do nosso Senhor, o homem de dores. A graça nos capacita a andar segundo a expressão do caráter de Deus. E este caráter, antes impresso nas pedras do Sinai, agora é gravado em nosso ser.

"Ser cristão debaixo da lei da graça não é vaguear desenfreadamente sem lei, mas estar enxertado em Cristo, por cuja graça está liberado da maldição da lei e por cujo Espírito tem a lei gravada no coração." (2.8.57, p.178)
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O amor ao próximo [ 2.8.54-55 ]

O tema do amor ao próximo - expressão da Lei do Senhor - é desenvolvido um pouco mais por Calvino nas próximas seções. A pessoa do próximo é o tema principal agora, mas antes é preciso que entendamos a expressão "como a ti mesmo". Para o reformador isso significa que precisamos amar aos outros com a mesma intensidade que amamos a nós mesmos. Com efeito, aquele que dedica-se apenas a si mesmo mostra viver uma vida miserável e fria.

"A observância dos mandamentos não é o amor por nós mesmos, mas o amor por Deus e pelo próximo, e que vive de maneira a mais nobre e a mais santa aquele que vive e luta por si o mínimo possível, e que ninguém, de fato, vive mais indignamente, nem mais iniquamente, que aquele que vive e luta apenas por si e cogita e busca somente o que lhe é do interesse. E, além disso, para que mais expressasse o Senhor com quão grande propensão nos importa aferrar-nos ao amor do próximo, reportou-se ele ao amor por nós mesmos como a seu parâmetro, visto que não tinha nenhum afeto mais veemente e mais forte pelo qual expressá-lo. " (2.8.54, p.175)

Mesmo em nossa natureza caída guardamos afetos em relação ao nosso ser, e o próximo deve receber esta mesma afeição. Ao invés de nos dedicarmos apenas a nós mesmos, temos aqui a ordem para dedicar-se aos outros.

"Em razão da depravação natural, costumava em nós residir o afeto do amor para conosco próprios, deve-se ele agora estender a outrem, de sorte que estejamos preparados para, com não menor alegria, ardor, solicitude, fazer o bem antes ao próximo que a nós mesmos." (2.8.54, p.176)

Mas quem seria o próximo? A parábola do bom samaritano nos ensina que são todos aqueles, sem exceção. Calvino entende que, é evidente, nos dedicaremos aos mais próximos de nós em especial. Mas isso não exclui nossa obrigação com todos.

"Afirmo, porém, que se deve abraçar com um só afeto de caridade a todo gênero humano, sem qualquer exceção, porquanto aqui não há nenhuma distinção de bárbaro ou grego, de digno ou indigno, de amigo ou inimigo, visto que devem ser considerados em Deus, não em si mesmos, consideração esta da qual, quando nos desviamos, não surpreende que nos emaranhemos em muitos erros." (2.8.55, p.176)

A idéia de que eles devem ser "considerados em Deus" é a base para colocarmos o mandamento de amar a todos como a nós mesmos em prática. O Senhor é aquele que nos diz para amar. Não devemos colocar nossos sentimentos pessoais acima do nosso amor pelo Criador, e nem de sua autoridade.

"Conseqüentemente, se apraz manter a verdadeira linha do amar, devem-se voltar os olhos, em primeiro plano, não para o homem, cuja visão mais freqüentemente engendraria ódio que amor, mas para Deus, que manda que o amor que lhe deferimos seja difundido em relação a todos os seres humanos, de sorte que seja este o perpétuo fundamento: seja quem for o homem, deve ele, no entanto, ser amado, já que Deus é amado." (idem)

Que não fujamos desse mandamento com desculpas de qualquer tipo, mas que sejamos graciosos como o próprio Senhor é.
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A lei do amor [ 2.8.51-53 ]

Encerrando sua exposição dos Dez Mandamentos, Calvino agora volta-se novamente para a natureza e o propósito da Lei. Primeiramente, ele nega que ali o Senhor nos apresenta apenas rudimentos ou algo simples. Pelo contrário, é uma afirmação da vontade e da mente de Deus.

"Agora não será difícil ver qual é a intenção e o fim de toda a lei; a saber, uma justiça perfeita, para que a vida do homem esteja inteiramente conformada à natureza divina. Pois aqui Deus pintou de tal forma sua própria natureza que, se alguém representa em atos tudo o que aí se prescreve, há de expressar, de certo modo, na vida a imagem de Deus." (2.8.51, p.173)

A maneira como essa imagem de Deus se expressa é através do amor - ao próprio Deus e ao próximo. Essa é uma afirmação neotestamentária, que comprova não ser a Lei mero princípio que pode ser ignorada pelos membros da igreja de Cristo. De fato, Calvino nota que os profetas sempre pediam que os israelitas comprovassem aquilo que existia em seus cultos por meio do cumprimento dos mandamentos - em especial, em relação ao próximo. Isto também se aplica a nós.

"Visto que, de fato, a obediência da primeira tábua se situava, dir-se-ia inteiramente, ou no afeto do coração, ou nos ritos cerimoniais. O afeto do coração não se punha à mostra; os hipócritas se entregavam assiduamente às cerimônias. Mas, as obras da caridade são tais que, através delas, atestamos a genuína retidão.... Quase sempre que os profetas exortam ao arrependimento, deixada de parte a primeira tábua, insistem na fidedignidade, no juízo, na misericórdia e na eqüidade... Quando discorrem acerca da observância da lei, insistem geralmente na segunda tábua, porquanto aí se visualiza, no mais elevado grau, o zelo da retidão e da integridade." (2.8.52, p.174)

Assim, o reformador conclui dizendo que não é sem motivo que várias vezes o amor (ou caridade) é chamado de "cumprimento da Lei". Ele não apenas demonstra amor ao próximo, mas é também uma expressão de louvor a Deus, uma vez que ele não necessita de nossas boas obras em relação a ele(Sl 16.2).

"Certo é que a fé ocupa o primeiro lugar na Lei e nos Profetas, e tudo quanto diz respeito ao culto legítimo de Deus; que o amor é relegado a um lugar inferior. Mas, o Senhor entende que na lei nos é prescrita a observância da justiça e da eqüidade entre os homens, para que sejamos exercitados a testificar-lhe piedoso temor, se porventura algum temor haja em nós." (2.8.53, p.175)

Que expressemos nossa fé em Deus por meio do amor ao próximo.
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O décimo mandamento [ 2.8.49-50 ]

"Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo." (Êxodo 20.17)

Finalizando sua exposição dos Decálogo, Calvino apresenta um mandamento que cuida especialmente de nossas mentes. Trata-se de uma ordem para que não desejemos aquilo que não é nosso. Vemos o Senhor preocupado em impedir até mesmo intenções pecaminosas que levem a atos pecaminosos.

"Visto que Deus quer que a alma toda seja possuída do afeto do amor, de nossas disposições se deve alijar todo desejo contrário à caridade... Não se nos insinue qualquer pensamento que nos mova o espírito com uma concupiscência danosa e tendente ao detrimento de outrem. A que corresponde o preceito oposto, que tudo quanto concebemos, deliberamos, queremos, intentamos, seja isto associado com o bem e proveito do próximo." (2.8.49, p.171)

"Portanto, da mesma forma que até aqui o Senhor ordenou que a norma da caridade presida a nossas vontades, a nossos esforços, a nossas ações, assim agora ordena sejam conduzidos à mesma norma os pensamentos de nossa mente, para que não haja nenhum pensamento corrupto e pervertido, que incite a mente em outra direção. Da mesma forma que proibiu que a mente fosse inclinada e induzida à ira, ao ódio, à fornicação, à rapina, à mentira, assim proíbe agora que ela seja sequer incitada a essas transgressões." (2.8.49, p.171s)

Jesus já disse que é do coração que vêm todos os males que contaminam o homem. Calvino entende que muitos desses desejos vêm do fato que não temos amor por nossos irmãos. É importante sabermos que só cultivamos maus pensamentos, que visam prejudicar o próximo, porque não o amamos como deveríamos.

"Ora, donde de fato acontece que te subam à mente desejos danosos em relação a teu irmão, senão porque, em negligenciando-o, só te preocupas contido mesmo? Se, pois, toda tua mente estivesse imbuída da caridade, nenhuma partícula lhe estaria aberta a tais imaginações. Portanto, até onde agasalha ela a cobiça, até esse ponto ela tem de estar vazia de caridade." (2.8.50, p.172)

Quanto àqueles que objetam ser duro esse mandamento, nos condenando por qualquer idéia aleatória que surge em nossa mente, Calvino nos lembra que Deus não pede menos que a perfeição. A segunda tábua dos mandamentos nos demonstra como Deus trata os homens e nossa missão é seguirmos sua santidade.

"É questão de fantasias dessa espécie que, enquanto se exibem diante das mentes, ao mesmo tempo mordem e ferem o coração com a cobiça, uma vez que nunca vem à mente optar por algo, que o coração não palpite excitado. Portanto, Deus ordena um maravilhoso ardor de afeição, que não quer que seja obstruído sequer pelo menor assomo de cobiça. Requer um espírito mirificamente disposto, que não tolera ser estugado por sequer leves aguilhões contra a lei do amor." (idem)

Que esvaziemos nossas mentes de qualquer pensamento que deseja o que não nos pertence.
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O nono mandamento [ 2.8.47-48 ]

"Não serás testemunha falsa contra teu próximo." (Êxodo 20.16)

A base para esse mandamento é que Deus, como a própria verdade, não deseja que seus servos tenham como prática a mentira. Em especial, se ela servir para difamar ou rebaixar nossos irmãos.

"Portanto, a suma é esta: que não prejudiquemos o nome de alguém ou com calúnias e incriminações falsas, ou mentindo façamos dano a seu patrimônio; enfim, não façamos mal a quem quer que seja, pelo desenfreamento da maledicência e da mordacidade... Que prestemos a cada um, até onde for viável, fiel assistência na afirmação da verdade, para que se proteja a integridade tanto de seu nome, quanto de suas coisas." (2.8.47, p.169)

Calvino entende que este mandamento também nos impõe que refreemos nossa língua no tratamento ao próximo. Além disso, também devemos usar nossas palavras para abençoar vidas, falar aquilo que é verdadeiro e manter o bom nome dos nossos irmãos. Este é o maior tesouro que alguém pode ter. Por isso, a maledicência também é proibida.

"A tal ponto nos deleitamos, por um como que envenenado prazer, seja em procurar descobrir, seja em divulgar as faltas alheias! Nem pensemos ser uma desculpa procedente, se muitas vezes não estamos a mentir. Ora, Aquele que proíbe que seja deturpado pela mentira o nome de um irmão, quer também que se conserve ele ilibado, quanto seja exeqüível em consonância com a verdade." (2.8.48, p.170)

O reformador condena todo tipo de brincadeira ou sarcamos que procure humilhar e diminuir os outros, expondo seus defeitos, e causando vergonha e tristeza. Isto inclui não apenas o falar, mas também ouvir e cultivar dentro de si tais chistes. Nosso Deus é santo e pede santidade na língua, ouvidos e coração.

"Não afetemos falsa urbanidade e embebida de amargos sarcasmos, mediante os quais, sob a aparência do chiste, com mordacidade se trazem à baila os defeitos dos outros... Não ofereçamos, seja a língua, sejam os ouvidos, a expressões maledicentes e sarcásticas, e não abandonemos, sem razão, a mente a sinuosas suspeitas; pelo contrário, fiéis intérpretes das palavras e atos de todos, conservemos-lhes sinceramente ilibada a honorabilidade, tanto no juízo, quanto nos ouvidos, quanto na língua." (2.8.48, p.171)
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Uma ética calvinista [ 2.8.46 ]

Na segunda parte de sua exposição do oitavo mandamento, Calvino apresenta algumas aplicações práticas. A primeira delas é que devemos a todo custo lutar para que as pessoas mantenham seus bens e, ao mesmo tempo, não devemos nos apegar demais aos nossos.

"Até onde possível, mediante conselho e assistência, a todos ajudemos fielmente a conservarem o que é seu. Entretanto, se tivermos de nos haver com pérfidos e enganadores, estejamos preparados antes a ceder algo do que é nosso do que com eles contendermos... Aqueles a quem houvermos de ver premidos pelas dificuldades das coisas, compartilhemos-lhes das necessidades e com nossa abundância supramos-lhes a falta de recursos. Finalmente, atente cada um, não importa até onde, por dever de ofício, obrigado para com outros e de boa fé, a pagar o que lhes deve." (2.8.46, p.168)

Para o teólogo, devemos entregar a cada pessoa aquilo que lhes devemos. Isto significa que devemos agir corretamente ao lidar com empregados, patrões, governantes, pais, etc. Não tratar estas pessoas como elas merecem é furtar-lhe algo. Calvino fala em especial de nossos líderes tanto na sociedade quanto na igreja.

"Tenha o povo em honra a todos que lhe são constituídos em autoridade, suporte-lhes de bom grado o domínio, obedeça-lhes às leis e determinações, a nada se furtando que possa fazer para o agrado de Deus. Por outro lado, sustenham esses o cuidado de seus súditos, conservem a paz pública, sejam por proteção aos bons, reprimam os maus. De tal modo administrem a tudo como se tivessem de prestar conta de sua função a Deus, o Juiz Supremo." (idem)

"Exerçam sua autoridade como os bons pastores sobre suas ovelhas. Por sua vez, receba-os o povo por mensageiros e apóstolos de Deus, renda-lhes essa honra de que o Mestre Supremo os fez dignos, proveja-lhes aquelas coisas que lhes são necessárias à vida." (idem)

De maneira semelhante, pais e filhos, jovens e velhos, e empregados e chefes devem se tratar dignamente, cada qual segundo a posição que tem.

"Reverenciem os jovens a idade senil, como o Senhor quis que essa idade seja digna de honra. Também, com sua prudência e pela experiência que os excelem, assistam os idosos à insuficiência da juventude, não apoquentando-os com recriminações ásperas e estridentes; pelo contrário, moderem a severidade pela afabilidade e delicadeza." (idem)

"Que os empregados, diligentes e com mansidão, se mostrem obedientes aos patrões, não fazendo isso em aparência, mas de coração, como que servindo ao próprio Deus. Os patrões também não se conduzam como rabugentos e intratáveis para com os empregados, não os pressionem com excessiva aspereza, nem os tratem insolentemente. Antes, pelo contrário, reconheçam que eles são seus irmãos e seus conservos sob o Senhor celeste, a quem devem amar mutuamente e tratar humanamente." (idem)

Cristo seja nosso modelo ao tratarmos com o próximo. Que não usemos a posição que Deus nos deu para massacrá-lo ou desrespeitá-lo. Não sejamos como ladrões, não entregando a cada pessoa aquilo que é dela ou tomando o que não nos pertence. Que o Espírito Santo nos ilumine nessas situações.
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O oitavo mandamento [ 2.8.45 ]

"Não cometerás furto." (Êxodo 20.15)

Calvino dedica duas longas seções à aplicações deste mandamento. Além de serem úteis aos estudantes da Bíblia, esses comentários também nos apresentam um pouco da ética e do pensamento econômico do reformador.

"Somos proibidos de cobiçar as coisas alheias e, conseqüentemente, se nos ordena fazer sincero esforço em conservar a cada um seus próprios bens. Pois, deve-se assim refletir: que a cada um vem aquilo que possui, não por contingência fortuita, mas em virtude da dispensação do Supremo Senhor de todas as coisas. Portanto, não se pode, mediante maldosas artimanhas, defraudar as posses de quem quer que seja sem que se cometa violação da divina dispensação." (2.8.45, p.166s)

Existem diferentes formas de furto, como o roubo por meio de violência, o fraude realizada com sutileza, a doação que vem por meio de bajulação e mesmo os bens que são tomados em nome de uma suposta justiça. Aquele que oprime o mais fraco não escapa deste mandamento.

"Deus vê os longos embustes com os quais o homem matreiro procura enredilhar o espírito mais simples, até que o atraia, afinal, a suas malhas; Deus vê as leis duras e desumanas com as quais o mais poderoso oprime e prostra o fraco; Deus vê os engodos com os quais o mais astuto isca o incauto como que com anzóis, todos os quais escapam ao julgamento humano, nem vêm à cogitação." (2.8.45, p.167)

Mas o teólogo também olha para o lado daqueles que são senhores, e sabe que alguém "mais fraco" não é um santo. Roubamos quando não realizamos bem o serviço pelo qual somos pagos. Vemos aqui um pouco da ética trabalhista de Calvino.

"Se, ocioso, um administrador ou mordomo devora o capital de seu senhor, nem está preocupado com o cuidado de seu patrimônio; se ou esbanja indebitamente os cabedais a si confiados, ou os dissipa desregradamente; se um criado tem em zombaria ao patrão; se lhe divulga os segredos; se de qualquer forma lhe trai, seja a vida, sejam os bens; se, por outro lado, um senhor oprime desumanamente à família; em crime de furto se faz culpado diante de Deus. Pois, quem não perfazo que, em função de sua vocação, deve aos outros, não só retém o alheio, mas até dele se apropria." (idem)

Oremos para que o Senhor transforme nosso coração. Muitas vezes nossos trabalhos são cansativos e entediantes, mas estamos lidando com os bens de outros também, e não apenas os nossos. Sejamos bons mordomos.
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Conselhos matrimoniais [ 2.8.43-44 ]

Como foi dito na seção anterior, nem todos têm o dom do celibato, portanto é necessário que o cristão se case. Calvino entende que o homem que não se casa certamente perderá a batalha contra sua própria carne, e isso ele enfatiza diversas vezes. O jovem cristão, em especial, deve guardar essa verdade e não fugir daquilo que Deus nos propõe como igreja.

"Ademais, que aquele que não se pode conter, contraia matrimônio no Senhor [1Co 7.9]. Significa, assim, em primeiro lugar, que a maior parte dos homens está sujeita ao vício da incontinência; em seguida, dentre esses que estão assim sujeitos, a nenhum excetua a quem não ordene refugiar-se nesse único remédio com o qual se pode ir de encontro à impudência" (2.8.43, p.165)

Finalizando a análise desse mandamento, o teólogo de Genebra também apresenta algumas dicas para aqueles que já estão casados. Cabem aos cônjuges manterem sua relação de maneira honrosa e sóbria, sem excessos. Citando Ambrósio, Calvino explica que o marido que "na relação conjugal não tem nenhuma preocupação de decoro ou honorabilidade chamou de adúltero para com a própria esposa" (2.8.44, p.166). Não é porque está casado que alguém não pode cair no vício da luxúria.

"Assim, enquanto proíbe a prática de fornicação, ao mesmo tempo veda o atentar contra a pudicícia alheia, seja pelo atavio lascivo do corpo, seja por gestos obscenos, seja por palavras impuras. Pois, um filósofo chamado Arquelau disse não sem razão a um jovem vestido muitíssimo voluptuosa e sensualmente, que pouco importava em que parte do corpo mostrasse sua desonestidade. Eu aplico isso a Deus, que detesta toda impureza em qualquer parte, seja do corpo, seja da alma." (idem)

Vemos que a questão de usar trajes apropriados tem muito a ver com este mandamento. Membros da igreja muitas vezes pensam que trata-se apenas de um tradicionalismo antiquado, mas o cristão que se veste de maneira indecente está levando muitas vezes o outro ao pecado. Calvino também critica o linguajar e pensamento imorais, e todos os tipos de costumes que envolvem esse tipo de impureza.

"Se o Senhor requer de nós a pudicícia, então ele condena tudo quanto lhe seja contrário. Conseqüentemente, se aspiras à obediência, então que não arda interiormente teu coração com cobiça depravada, nem os olhos te incitem a desejos corruptos, nem teu corpo seja ataviado ao ponto de despudoramento, nem, com palavras torpes, a mente seduza tua língua a pensamentos semelhantes, nem te inflame o apetite desenfreado com sua imoderação."(idem)

Devemos manter nossas casas limpas de qualquer tipo de impureza. Não é conveniente um casal cristão que manifeste sua sexualidade para outros. Devemos tomar cuidado nessa área.
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O sétimo mandamento [ 2.8.41-42 ]

"Não cometerás adultério." (Êxodo 20.14)

O casamento, instituição tão desprezada atualmente (inclusive em igrejas), é a grande base para este mandamento. Não apenas a traição conjugal está em vista aqui, mas toda forma de relacionamento sexual fora do matrimônio. Deus ama a pureza, e seus filhos devem amá-la também.

"A suma, portanto, é que não nos poluamos com qualquer imundície ou libidinosa incontinência. A isto corresponde o preceito afirmativo: que dirijamos todas as partes de nossa vida casta e continentemente. De uma maneira mais expressa proíbe a fornicação, à qual tende toda sorte de luxúria, a fim de que, pela natureza e desonestidade que consigo leva – que é mais acentuada e palpável nela, enquanto desonra o próprio corpo –, nos incite a detestar todo gênero de luxúria." (2.8.41, p.163)

Calvino entende que o homem não foi criado para viver sozinho. Por isso, existe o dom que Deus lhe entregou - o matrimônio - que, após a queda, é mais importante ainda para evitarmos a luxúria. Hoje vemos uma quantidade imensa de "teólogos" defendendo o sexo fora do casamento (e isto inclui o antes do casamento), algo que nunca foi defendido pela sã doutrina.

"De acordo com nossa necessidade, o Senhor nos socorreu quando instituiu o matrimônio, cuja união, consumada por sua autoridade, também santificou com sua bênção. Donde se deduz que diante dele não só é maldita toda e qualquer outra união fora do matrimônio, como também essa própria união conjugal foi ordenada como um remédio indispensável para que não nos atiremos a desenfreada concupiscência." (2.8.41, p.163s)

Evidentemente, nem todos se casam. O problema é que muitos não se dão ao matrimônio, mas também não podem suportar os desejos de seus corpos. O cristão precisa entender que, na maioria dos casos, para vencer essa batalha, é necessário casar-se.

"A virgindade, reconheço-o, não é virtude que se despreze. Entretanto, visto que foi negada a uns e a outros concedida apenas por um tempo, aqueles que são atormentados pela incontinência e não podem levar a melhor no embate, recolham-se ao refúgio do matrimônio, para que cultivem assim a castidade na medida de sua vocação." (2.8.42, p.164)

Assim, aqueles que defendem a idéia de um celibato possível para todos os membros da igreja estão enganados. Não se pode impôr aos irmãos jugo que eles certamente não suportarão. Por outro lado, a igreja deve reconhecer que existe esse dom no meio dela e tratar respeitosamente aqueles que receberam essa graça especial.

"A continência é um dom especial de Deus e do gênero daqueles que se conferem não indiscriminadamente, nem ao corpo da Igreja como um todo, mas a poucos de seus membros, afirma o Senhor... nem todos são capazes disso, mas somente aqueles a quem tenha sido especialmente dado do céu. Donde se conclui: 'Quem o pode aceitar, aceite-o.' Paulo afirma-o ainda mais explicitamente, quando escreve que cada um tem de Deus seu próprio dom, um de uma forma, outro, porém, de outra [1Co 7.7]." (idem)
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O sexto mandamento [ 2.8.39-40 ]

"Não matarás." (Êxodo 20.13)

Calvino entende este mandamento como uma ordem que inclui aspectos positivos e negativos. Isto é, não apenas somos impedidos de assassinar, mas precisamos colocar-nos como responsáveis pelo bem-estar de cada pessoa.

"Visto que o Senhor vinculou o gênero humano como que por uma unidade precisa, a cada um deve ser delegada a preservação de todos. Em suma, é-nos, portanto, proibida toda violência e brutalidade, e, de um modo geral, toda e qualquer ação deletéria pela qual venha a sofrer dano o corpo do próximo. Conseqüentemente, inculca-se-nos aplicá-lo fielmente, se algo em nosso poder é de valia para proteger a vida do próximo, buscar o que lhe contribui para a tranqüilidade, sermos vigilantes em desviar dele as coisas prejudiciais, dar-lhe ajuda, caso esteja em alguma situação de perigo." (2.8.39, p.162)

Este mandamento também inclui emoções e pensamentos que envolvam o ódio contra alguém. Deus não é aquele que regula apenas os atos do corpo, mas o Legislador sobre toda a mente e todo coração, o que lhe dá autoridade sobre o que cultivamos interiormente a respeito dos outros.

"Por esta lei não só se proíbe o homicídio do coração, mas também se prescreve a disposição interior de conservar-se a vida de um irmão. A mão, de fato, perpetra o homicídio; concebe-o, porém, a mente, enquanto é impregnada pela ira e pelo ódio. Vê se te possas irar contra um irmão sem que ardas em desejo de ir à forra." (idem)

"Logo, não se furtou necessariamente ao crime de homicídio aquele que simplesmente se conteve do derramamento de sangue. Se em ato perpetras algo que seja contrário ao bem-estar de outrem, se em tentativa o tramas, se em desejo e intenção o concebes, és tido por culpado de homicídio. Ademais, a não ser que, na medida de tua capacidade e oportunidade, te esforces por protegê-lo, estás também a transgredir a lei com esta desumanidade." (2.8.40, p.163)

As razões para que não deixemos nosso coração ser tomados de sentimentos mortais são duas principais para o reformador: como seres humanos, portamos a imagem de Deus em nós, e estamos todos vinculados por sermos da mesma natureza.

"A Escritura assinala dupla razão em que se assenta este mandamento: que o ser humano é não só a imagem de Deus, mas ainda nossa própria carne. Por isso, a não ser que apraza profanar a imagem de Deus, devemos considerá-lo sacrossanto; e a não ser que apraza despojar-nos de toda humanidade, devemos tratá-lo como nossa própria carne." (idem)

Com essas verdades expostas, é importante que policiemos constantemente nossos sentimentos em relação aos outros, a fim de que não assassinemos pessoas em nossas mentes. Deus nos dê um espírito manso.
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Sobre bons e maus filhos [ 2.8.37-38 ]

O quinto mandamento contém uma promessa de vida longa e abundante àqueles que o cumprem. Calvino dedica as próximas duas seções a isto, uma vez que nos mostra o prazer que Deus tem em filhos submissos a seus pais. É importante ressaltar que isto está intimamente ligado à presença dos judeus na terra prometida, mas também serve de princípio para nós.

"Porque a terra toda foi abençoada para os fiéis, com razão contamos a presente vida entre as bênçãos de Deus. Por isso, esta promessa diz respeito, de igual modo, a nós, isto é, na medida em que a duração da presente vida nos é um atestado da divina benevolência."(2.8.37, p.161)

O reformador não ignora o fato de existirem bons filhos que perecem cedo. Mas ele nos lembra que muito mais bem-aventurado é a vida eterna com Deus que uma vida longa neste mundo. Assim, a promessa é cumprida quer vivamos, quer morramos.

"Tudo nisto se situa: que reflitamos ser prometida vida longa até onde ela é uma bênção de Deus, que é, de fato, uma bênção até onde é evidência da graça divina, que ele atesta a seus servos, e deveras o demonstra, infinitamente mais copiosa e substancialmente, pela morte." (idem)

Quanto aos filhos desobedientes, o castigo também se cumpre. Seja na pena de morte entre os israelitas antigos, seja por uma punição trazida pela providência. Ainda os que conseguem sobreviver receberão esta pena na eternidade.

"Ele próprio lhes provê o castigo, de qualquer modo que seja. Pois vemos quão grande número desta espécie de homens perece ou em combates ou em rixas; outros, porém, são afligidos de maneiras insólitas; quase todos são por prova de que esta ameaça não é vã. Se bem que há os que escapam até extrema velhice. Uma vez que, privados da bênção de Deus, nesta vida vegetam nada menos que miseravelmente e se reservam para maiores castigos no futuro, mui longe está de que se façam participantes da bênção prometida aos filhos piedosos." (2.8.38, p.161)

Finalizando esse assunto, Calvino deixa claro que esta não é uma submissão cega. Como Paulo nos escreve em Efésios 6.1, esta é uma obediência no Senhor. Isto significa que a honra dada às autoridades só vai até onde o nosso Deus não é desonrado. Este princípio nos é muito útil em uma nação que muitas vezes é guiada por padrões mundanos.

"Portanto, se nos instigam à transgressão da lei, então, com justiça, não devem ser por nós tidos por pais, mas por estranhos, que nos estão tentando afastar da obediência do verdadeiro Pai. Assim se deve considerar em relação aos príncipes, aos senhores e a todo gênero de superiores nossos. Pois seria coisa indigna e fora de razão que sua autoridade seja exercida para rebaixar a alteza e majestade de Deus; já que, dependendo da autoridade divina deve guiar-nos e encaminhar-nos a ela." (2.8.38, p.161s)

Que Deus no dê sabedoria para agir em cada situação.
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O quinto mandamento [ 2.8.35-36 ]

"Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá." (Êxodo 20.12)

Sobre o quinto mandamento, Calvino dá uma interpretação surpreendente para aqueles que não estão familiarizados com sua teologia. Como ele deixou claro, normalmente o mandamento enfatiza a ação mais grave dentro dos princípios que ele quer ensinar. Assim, a desobediência aos pais é o que há de mais grave no que ele considera a idéia desta ordem: honrar aqueles que receberão alguma posição de autoridade sobre nós.

"A finalidade deste mandamento é: uma vez que ao Senhor Deus apraz a manutenção do que dispôs, importa que nos sejam invioláveis os graus de eminência por ele ordenados. A síntese, portanto, será: que usemos de deferência para com aqueles que o Senhor nos fez superiores e os tenhamos em honra, em obediência e em grato reconhecimento. Donde se segue a proibição: que não denigremos nada de sua dignidade, quer por desdém, quer por contumácia, ou por ingratidão." (2.8.35, p.159)

Calvino entende que a prática desse mandamento nos ensina a submissão. Devemos estimar as pessoas que estão em posição superiores a nós, pois receberam esta honra da parte de Deus. Ele nota que muitos dos títulos do Criador são compartilhados com seres humanos (por exemplo, pai, rei, senhor). Isto não é sem propósito.

"Portanto, aqueles a quem faz participantes desses títulos ilumina-os como que com uma centelha de seu fulgor, de sorte que sejam, cada um, dignos de honra em conformidade com sua posição de eminência. Desse modo, aquele que nos é pai, é próprio reconhecer nele algo divinal, porquanto não sem causa é portador do título divino. De igual modo, aquele que é um príncipe, ou aquele que é um senhor, tem com Deus alguma comunhão de honra." (idem)

Esta honra deve ser dada, não importa se tais superiores sejam dignos dela ou não. O importante é sabermos que foi Deus que os colocou, por sua providência, nessa posição. Em especial nessa situação, temos os pais. E Calvino não mede palavras quando fala de filhos rebeldes.

"Contudo, preceituou expressamente acerca da reverência de nossos pais, que nos trouxeram a esta vida, com o que nos deve ensinar, de certa maneira, a própria natureza. Pois são monstros, não seres humanos, os que infringirem o poder paterno por desrespeito ou insubordinação!" (2.8.36, p.160)

A fim de entendermos melhor como deveria ser o tratamento que os filhos devem dar aos pais, o teólogo de Genebra lista três manifestações dessa honra que o Senhor exige que prestemos a eles.

"A primeira dessas, a reverência, o Senhor a sanciona quando preceitua que seja entregue à morte aquele que maldisser ao pai ou à mãe [Ex 21.17; Lv 20.9; Pv 20.20], uma vez que aí castiga o menosprezo e a insolência. A segunda, a obediência, sanciona-a quando decreta a pena de morte contra os filhos contumazes e rebeldes [Dt 21.18-21]. Diz respeito à terceira a gratidão ou reconhecimento, o que Cristo diz: que é do mandamento de Deus que façamos o bem a nossos pais [Mt 15.4-6]. E quantas vezes Paulo faz menção deste mandamento, entende que nele se requerer obediência [Ef 6.1-3; Cl 3.20]." (idem, grifo meu)

Este mandamento é um dos mais difíceis de ser aplicados quando tratamos da honra aos governantes. Não sabemos quais os propósitos de Deus para levantar este ou aquele, mas precisamos tomar cuidado com nossas atitudes quando tratarmos de certos cargos. Àqueles que convivem com seus pais, as palavras de Calvino são uma grave advertência e ele chega a lembrar da condenação à morte aos que se rebelevam contra seus familiares. Assim, tomemos cuidado com tais atitudes.
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O domingo para o cristão [ 2.8.33-34 ]

Alguns perturbadores acusavam os cristãos de retornarem a ritos judaicos, por conta do Dia do Senhor. Calvino responde essa questão lembrando novamente que a igreja não se reune em um dia fixo por conta de algum tipo de ritualismo, mas por ser necessária certa data fixa para essas celebrações. Paulo, por exemplo, não era contrário a este dia, mas ao uso judaico.

"Não o celebramos como uma cerimônia revestida com a mais estrita religiosidade, pela qual pensamos representar-se um mistério espiritual. Pelo contrário, tomamo-lo como um remédio necessário para reter-se ordem na Igreja... Visto que para suprimir-se a superstição se impunha isto, foi abolido o dia sagrado observado pelos judeus; e como era necessário para se conservarem o decoro, a ordem e a paz na Igreja, designou-se outro dia, o domingo para este fim." (2.8.33, p.157s)

O reformador lembra que o domingo foi escolhido por ser o dia da ressurreição do Senhor, demonstrando que a realidade, da qual o sábado era apenas sombra, agora foi desvendada para os fiéis. Assim, da mesma maneira que fez com o sábado para os judeus, Calvino divide o sentido do mandamento, agora para os cristãos, em três partes.

"Em primeiro lugar, nos é outorgada sem sombras, para que por toda a vida observemos um perpétuo sabatismo de nossos labores, a fim de que o Senhor em nós opere por seu Espírito; em segundo lugar, para que cada um, individualmente, sempre que disponha de lazer, se exercite diligentemente na piedosa reflexão das obras de Deus. Então, ainda, para que todos a um tempo observemos a legítima ordem da Igreja, constituída para ouvir-se a Palavra, para a administração dos sacramentos, para as orações públicas. Em terceiro lugar, para que não oprimamos desumanamente os que nos estão sujeitos." (2.8.34, p.158, grifos meus)

Calvino também critica aqueles que entendem que o mandamento, embora não tenha suas características cerimonais, ainda tem força moral, obrigando todos os cristãos a guardarem um dia da semana de maneira semelhante ao judaísmo¹.

"Asseverando que nada mais foi cancelado senão o que era cerimonial neste mandamento, com isto entendem em seu linguajar a fixação do dia sétimo, mas remanescer o que é moral, isto é, a observância de um dia na semana. Com efeito, isto outra coisa não é senão mudar o dia por despeito aos judeus e reter em mente a mesma santidade do dia, uma vez que ainda nos permanece nos dias sentido de mistério igual ao que tinha lugar entre os judeus." (2.8.34, p.158)

Essa seção sobre o quarto mandamento se encerra com uma exortação. Não é saudável faltarmos as reuniões da igreja se desejamos manter nossa caminhada cristã sempre viva e crescente. O crente que despreza o encontro com a comunidade dos santos corre grande perigo.

"Importa manter-se, principalmente, o ensino geral: para que a religião não pereça ou enlanguesça entre nós, devem ser realizadas diligentemente as reuniões sagradas e deve dar-se atenção aos meios externos que servem para fomentar o culto divino." (2.8.34, p.159)

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¹ Nota do editor: Alguém pode explicar melhor esta opinião de Calvino? Ele entende que não é pecado não dedicar o domingo totalmente a Deus, de maneira diferente do que pensam muitos reformados, por exemplo? Para ele o quarto mandamento vale apenas como princípio geral? Agradeço a cooperação de quem conhece mais sobre o reformador que este iniciante que vos escreve.
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O sábado para o cristão [ 2.8.31-32]

Calvino entende também que Jesus, trazendo a revelação definitiva de Deus, torna-se o cumprimento do sábado. Com sua vinda, a observância cerimonial foi terminada, e os cristãos precisam entender que todos os dias de nossa vida devem ser dias dedicados ao Senhor.

"Por isso, escreve o Apóstolo em outro lugar que o sábado tem sido uma sombra da realidade futura, e que o corpo, isto é, a sólida substância da verdade, que bem explicou naquela passagem, está em Cristo [Cl 2.17]. Esta não consiste em apenas um dia, mas em todo o curso de nossa vida, até que, inteiramente mortos para nós mesmos, nos enchamos da vida de Deus. Portanto, que esteja longe dos cristãos a observância supersticiosa de dias." (2.8.31, p.156)

Isto não quer dizer, certamente, que não há lugar para os princípios propostos pelo sétimo dia. Pelo contrário, é necessário que as reuniões das igrejas sejam feitas frequentemente. E claramente vemos na Bíblia a igreja se reunindo em grupo, para celebrarem a novidade de vida trazida pelo Senhor. Além disso, a função trabalhista do sábado ainda nos é útil.

"Ainda que o sábado esteja cancelado, entre nós, não obstante, ainda tem lugar isto: primeiro, que nos congreguemos em dias determinados para ouvir a Palavra, para partir o pão místico, para as orações públicas; segundo, para que se dê aos servos e aos operários relaxação de seu labor." (2.8.32, p.156)

Calvino entende que temos muito proveito em observar essa datas. Usando o mandamento de Paulo (1 Co 14.40) para que tudo seja feito em ordem, o reformador apresenta um motivo para termos um dia fixo de reuniões - uma questão de organização também, algo que ele desenvolverá mais nas próximas seções. Finalizando, ele responde uma questão interessante: por que não se reunir diariamente? O teólogo mostra-se favorável a isso, mas sabe que nem todos têm maturidade para tanto.

"Por que, dirás, não nos congregamos antes diariamente, de sorte que, dessa forma, se ponha termo à distinção de dias? Prouvera que, de fato, isto se nos concedesse! E, por certo, a sabedoria espiritual era digna de que se lhe reservasse diariamente alguma porçãozinha do tempo. Mas, se pela fraqueza de muitos não se pode conseguir que se realizem reuniões diárias, e a norma da caridade não permite deles exigir mais, por que não obedeçamos à norma que nos foi imposta pela vontade de Deus?" (2.8.32, p.157)

É necessário que o crente tenha consciência dessas palavras de Calvino - primeiro, que toda sua vida consiste de um culto a Deus e que é importante dedicar uma parte de seu tempo diariamente à meditação e adoração ao Senhor; segundo, que é necessário que a igreja se reuna ao menos uma vez cada semana, e que ele tome parte dessas celebrações. Muito do que vemos de fraqueza espiritual hoje é fruto do desrespeito para com o culto público. Fujamos dessa armadilha!
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O quarto mandamento [ 2.8.28-30 ]

"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra." (Êxodo 20.8-10a)

O quarto mandamento guarda características diferentes, por sua natureza também cerimonial, o que leva Calvino a dedicar algumas páginas a mais à ordenança do sábado. O reformador entende que há aqui uma ordenança prefigurativa, com muitos aspectos abolidos com a vinda de Jesus. Ele apresenta três funções principais neste mandamento.

"Primeira, pois o celeste Legislador quis que sob o descanso do dia sétimo prefigurasse ao povo de Israel um repouso espiritual, pelo qual devem os fiéis descansar de suas próprias atividades para que deixem Deus neles operar. Segunda, quis ele que um dia fosse estabelecido no qual se reunissem para ouvir a lei e realizar os atos de culto, ou, pelo menos, o qual consagrassem particularmente à meditação de suas obras, de sorte que, por esta rememoração, fossem exercitados à piedade. Terceira, ordenou um dia de repouso no qual se concedesse aos servos e aos que vivem sob o domínio de outros para que tivessem alguma relaxação de seu labor." (2.8.28, p.54, grifos meu)

Sobre o primeiro sentido, Calvino chama a atenção para o fato do sábado ser um mandamento enfatizado rigidamente por Deus. Parece haver um sentido de dignidade maior nele que em outros mandamentos, especialmente por conta de seu sentido tipológico. Em certo sentido, ele é a manifestação da licenciosidade do antigo Israel.

"Com efeito, de quase nenhum mandamento mais severamente o Senhor exige obediência. Quando, nos profetas, quer dar a entender que toda a religião está subvertida, queixa-se Deus de que seus sábados foram profanados, violados, não observados, não santificados, como se, posta de lado esta deferência, nada mais restasse em que pudesse ser honrado [Is 56.2; Jr 17.21-23, 27; Ez 20.12, 13; 22.8; 23.38]." (2.8.29, p.154)

Calvino nota que o sábado é um símbolo do senhorio de Deus sobre nossas vidas, quando abrimos mão de nossa vontade por amor ao Senhor. Repousamos de nossas preocupações e desejos para ganhar algo muito maior.

"Se nossa santificação se patenteia na mortificação da própria vontade, então mui adequada correspondência se oferece do sinal externo com a própria realidade interior. Importa que nos desativemos totalmente, para que Deus opere em nós, abrindo mão de nossa vontade, resignando o coração, de seus apetites abdicando toda a carne. Enfim, impõe-se abster-nos de todas as atividades de nosso próprio entendimento, para que, tendo a Deus operando em nós [Hb 13.21], nele descansemos, como também o ensina o Apóstolo [Hb 4.19]." (2.8.29, p.155)

Além disso, o reformador também chama atenção para o sentido do sábado que aponta para o descanso eterno dos filhos de Deus. Era necessário guardar sábado pós sábado, a fim de relembrar o Dia em que viveremos eternamente dedicados a Deus.

"O Senhor assim indicou que o sábado nunca haverá de ser absoluto até que tenha chegado o último dia... Portanto, pode parecer que, mediante o sétimo dia, o Senhor tenha delineado a seu povo a perfeição futura de seu sábado no Último Dia, a fim de que, pela incessante meditação do sábado, a esta perfeição aspirasse por toda a vida." (2.8.30, p.155)
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O juramento correto [ 2.8.27 ]

Encerrando o assunto do juramento, Calvino apresenta algumas características do que seria a atitude ideal. Ele lembra que o próprio Senhor fez uso desse procedimento, assim como os discípulos, em especial, Paulo.

"Quem ousaria dizer que Paulo haveria de ter jurado, se o juramento fora inteiramente proibido? Com efeito, onde a situação assim exigiu, jura sem qualquer escrúpulo, adicionada até mesmo, às vezes, uma imprecação [Rm 1.9; 2Co 1.23]." (2.8.27, p.152)

Em seguida, o teólogo francês debate se os juramentos adequados são apenas públicos ou podem ser feito de maneira particular. Ele entende que, embora juramentos públicos sejam mais recomendáveis, é possível dependendo da questão que se jure de maneira privada. Ele cita vários exemplos, como Abrãao e Isaque com Abimeleque, e Boaz com Rute. Uma citação interessante é o caso de clamarao Senhor como Juíz, algo que Calvino considera uma situação ainda mais perigosa.

"Ora, se aos indivíduos é lícito entre si invocar a Deus como Juiz [1Sm 24.12] em coisa grave e séria, muito mais o será como testemunha... Se pesados são os termos, invocar por testemunha é menos que invocar como juiz. Não vejo, portanto, por que aqui chamaríamos de ilícita a invocação de Deus por testemunha." (2.8.27, p.153)

Por fim, o reformador entende que não teremos leis que cubram todos os casos e situações sobre o assunto. Ele apresenta como princípio a respeito disso que tenhamos em mente que é ao Senhor que adoramos, e que reverentemente usemos esse instrumento.

"Conseqüentemente, não tenho nenhuma regra melhor, senão que assim moderemos nossos juramentos, para que não sejam temerários, nem indiscriminados, nem caprichosos, nem frívolos, mas, ao contrário, sirvam a justa necessidade, onde de fato, ou tenha de vindicar-se a glória do Senhor, ou promover a edificação de um irmão. Pois, para este fim unicamente nos foi dado o mandamento." (idem)
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O juramento proibido [ 2.8.26 ]

Uma idéia comum na época de Calvino, e mais comum hoje em dia, é que Cristo proibe todo e qualquer tipo de juramento em Mateus 5.34-37. Calvino entende que, seguindo o padrão do ensino de Jesus no Sermão do Monte, não temos uma revogação de aspectos da Lei, mas a tentativa de colocá-la novamente em prática da maneira prescrita na Bíblia.

"Ele não teve o propósito de ou relaxar ou restringir a lei, mas de reconduzi-la ao verdadeiro e genuíno significado, que tinha sido assaz corrompido pelas falsas invenções dos escribas e fariseus... Portanto, o Senhor, o mais seguro intérprete da lei, adverte que é mau não apenas jurar falsamente, mas até mesmo o simples jurar. Jurar como? Certamente, jurar em vão. Mas, os juramentos que se recomendam na lei ele os deixa intactos e desimpedidos." (2.8.26, p.151)

Calvino chama atenção para a cláusula "de modo algum" [Mt 5.34], mas entende que não haja uma proibição geral do juramento, mas dos juramentos que os versos anteriores explicam - tentativas de não dizer o nome de Deus, mas que acabavam invocando o Senhor como testemunha.

"Não obstante, a seus próprios olhos têm razão, fazendo finca pé naquele 'de modo algum', que entretanto não se refere ao termo 'jurar', mas às formas de juramentos anexas em seguida. Ora, também esta era uma parcela de seu erro: pensar que não tocavam no nome de Deus enquanto juravam pelo céu e pela terra... Embora não se profira o nome de Deus, contudo os homens juram por ele por meios indiretos, como quando juram pela luz vital, pelo pão com que se alimentam, pelo seu batismo, ou por quaisquer outros penhores da divina munificência para com eles." (idem)

Assim, o reformador entende que Cristo está apenas criticando esse tipo de sutileza dos judeus, que tentavam se livrar de alguma possibilidade de castigo por perjúrios, invocando autoridades que não eram o Senhor. Em seu entendimento, não haveria necessidade de Cristo explicar pelo que ou por quem não podemos jurar se todo e qualquer juramento fosse proibido.

"Ora, se aplicas à substância a expressão 'de modo algum', como se de fato, sem nenhuma exceção, fosse ilícito todo e qualquer juramento, a que propósito serviria a explicação que se adiciona logo em seguida: 'Nem pelo céu, nem pela terra' etc., palavras mediante as quais se patenteia sobejamente lançar-se mão de subterfúgios do quê pensavam os judeus atenuar-se-lhes o erro?" (2.8.26, p.152)
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O juramento por Deus [ 2.8.23-25 ]

Calvino entende que o terceiro mandamento nos ensina também a respeito dos juramentos. Uma vez que aquele que jura faz menção do nome de Deus, é necessário que haja a mais alta consideração pelo santo Nome. O reformador define juramento como "a invocação de Deus por testemunha para confirmar-se a veracidade de nossa palavra" (2.8.23, p.149). Vemos na Bíblia algumas manifestações dessa prática e o reformador entende ser essa uma expressão de louvor.

"'Falarão', diz ele, 'a língua de Canaã e jurarão no nome do Senhor' [Is 19.18], isto é, ao jurarem pelo nome do Senhor, estarão proferindo uma confissão de sua religião... Ao invocarmos o nome do Senhor em testemunho, diz-se, com razão, que estamos atestando nosso reconhecimento de sua divina soberania. Pois, dessa forma, o confessamos ser a eterna e imutável verdade, a quem invocamos não só como a testemunha idônea da verdade acima das demais, mas ainda como seu enunciador único, que pode trazer à luz as coisas escondidas e, ademais, como o conhecedor dos corações." (idem)

Se clamar por Deus como testemunha é confessar ser ele a mais pura verdade, é um grave pecado jurar em falso. Calvino mostra que a Palavra usa a grave expressão "profanação" para esse tipo de atitude.

"Não é uma afronta leve fazer-se por ele falso juramento, donde também na lei se chama isso profanação [Lv 19.12]. Ora, que resta ao Senhor quando se vê despojado de sua verdade? Então deixa de ser Deus... 'Vive o Senhor' [1Sm 14.39]; 'Faça-me isto o Senhor e estas coisas acrescente ele' [1Sm 14.44; 2Sm 3.9; 2Rs 6.31]; 'Deus seja testemunha contra a minha alma' [2Co 1.23], que sugerem que não podemos invocar a Deus por testemunha de nossa palavra, sem que roguemos nos seja ele o vingador do falso juramento, se estamos a enganar." (2.8.24, p.149s)

Outro erro em relação a esse assunto é usar de maneira banal o nome de Deus em juramentos. Aqueles que por qualquer futilidade usam o nome do Senhor como prova, laboram em erro grave. Aqui claramente há um descumprimento do mandamento de não tomar o Nome em vão.

"O juramento foi permitido e instituído não em função de capricho ou desejo, mas de necessidade, e por isso aparta-se de seu uso lícito quem se apropria dele por cousas não necessárias. Ora, outra necessidade não se pode pretender senão onde haja de servir-se ou à piedade ou ao amor." (2.8.25, p.150)

Embora não seja um costume tão forte em nossos dias jurar por Deus, esse ensino nos leva também a pensar na maneira como lidamos com o nome do Senhor. Invocamos seu santo Nome com reverência e louvor, cientes de ser ele a Verdade? Ou agimos levianamente com o nome de Deus, manipulando pessoas com a Palavra, mentindo para alcançar respeito na comunidade dos santos, ou mesmo fazendo piadas? Que sejamos reverentes!
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O terceiro mandamento [ 2.8.22 ]

"Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão." (Êxodo 20.7)

A análise do terceiro mandamento traz muitas passagens interessantes, o que nos dará algumas citações mais longas que o usual. Certamente isso será proveitoso para todos nós. Calvino, diferente de muitos cristãos hoje, leva muito a sério a questão do nome de Deus. Toda reverência é necessária para tratarmos de assuntos concernentes ao Criador.

"A finalidade do mandamento é que Deus quer que a majestade de seu nome nos seja sacrossanta. Logo, a suma será que não a profanemos tratando-o com menosprezo e irreverentemente... Dessa forma, assim nos convém estar dispostos no pensar e no falar que nada pensemos ou falemos acerca do próprio Deus e de seus mistérios, a não ser reverentemente e com muita sobriedade, de sorte que, em estimando-lhe as obras, nada concebamos a não ser o que lhe é honroso." (2.8.22, p.148)

Calvino entende que existem três consequências desse mandamento que devem ser colocados em prática. Não podemos tratar com levianidade o Senhor, não podemos manipular sua Palavra para propósitos que não são piedosos, nem desprezar qualquer de suas obras, visto que são fruto de seu poder e sabedoria.

"Tudo quanto a mente concebe a seu respeito, tudo quanto a língua profere, saiba sua excelência e corresponda à sagrada sublimidade de seu nome, afinal, seja adequado a enaltecer-lhe a magnificência. Segundo, não abusemos, temerária e pervertidamente, de sua santa Palavra e de seus venerandos mistérios, seja a serviço da ambição, seja a serviço da avareza, seja a serviço de nossos divertimentos. Pelo contrário, uma vez que trazem impressa em si a dignidade de seu nome, tenham sempre entre nós sua honra e apreço.

Finalmente, não lhe difamemos ou desacreditemos as obras, como contra ele costumam injuriosamente vociferar homens miseráveis; ao contrário, tudo quanto rememoramos como feito por ele, celebremo-lo com os louvores de sabedoria, de justiça e de bondade."
(idem)

Lidar com assuntos concernentes à Divindade é lidar com aquilo que há de mais importante no universo. Os crentes devem tomar consciência disso, em especial. Se eles não têm respeito pela pessoa de Deus, como o mundo tomará consciência dAquele que é santo? Precisamos nos precaver de não cairmos nessa grave falha.

"Nisto consiste santificar o nome de Deus. Quando se procede de outra maneira, de vão e ímpio abuso se polui ele, porque é subtraído do uso legítimo a que unicamente fora consagrado, e, ainda que em nada mais seja despojado, entretanto de sua dignidade se torna desprezível aos poucos." (idem)
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Bênçãos familiares [ 2.8.21 ]

Muitos dos defensores da doutrina da maldição hereditária esquecem-se da segunda cláusula do mandamento, que promete misericórdia para milhares de gerações. Calvino entende aqui uma relação tanto com a educação que os filhos dos justos recebem quanto com as promessas do pacto. Enfim, a graça de Deus atinge a descendência dos fiéis de maneira multiforme.

"Contemplando isto, Salomão escreve que seriam bem-aventurados os filhos dos justos após a morte destes [Pv 20.7], não apenas em razão de sua santa educação, que também ela própria não tem, na verdade, reduzida importância, mas ainda, em decorrência desta bênção prometida no pacto, para que a graça de Deus resida eternamente nas famílias dos piedosos." (2.8.21, p.147)

No entanto, acontece, até frequentemente, de aqueles que vêm de uma família incrédula voltarem-se a Deus. Tudo vem pelo propósito do Senhor e sua graça, e não por uma questão hereditária - seja para o bem, seja para o mal. O importante é não ouvirmos levianamente as exortações do Senhor.

"Nada impede que a descendência dos ímpios por vezes se volte à prática do bem, a descendência dos fiéis degenere, pois aqui não quis o Legislador fixar uma regra perpétua que anulasse sua eleição. Ora, para conforto do justo e terror do pecador, é suficiente que ela não seja uma declaração vã ou ineficaz, embora nem sempre tenha lugar." (idem)

A conclusão que o reformador chega é a seguinte: ao salvar o filho dos justos Deus mostra sua graça e cuidado com os justos. Ao reprovar o ímpio, ele apresenta seu justo juízo sobre aqueles que seguem esse caminho. Aprendemos com isso a vivermos e educarmos nossos filhos nos caminhos do Senhor. E, principalmente, a confiarmos somente nessa misericórdia milenar de Deus.

"Ademais, recomenda-nos, de passagem, a grandeza de sua misericórdia, que estende por mil gerações, quando somente quatro gerações reservara à punição." (idem)
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Maldição hereditária? [ 2.8.19-20 ]

"Porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos." (Êxodo 20.5,6)

Como foi dito, Calvino agora trata da questão do castigo sobre as gerações no segundo mandamento. Para o reformador, a promessa de castigar filhos pelos pecados dos pais não combina com a justiça divina, como nos ensina Ezequiel 18.20, por exemplo. No entanto, o mandamento faz essa afirmação estranha e devemos tratar dela.

"A justa maldição do Senhor pesa não apenas sobre a cabeça do ímpio, mas também sobre toda sua família. Onde esta maldição pesou, que se pode esperar, senão que o pai, destituído do Espírito de Deus, vive mui abominavelmente, e o filho, semelhantemente abandonado pelo Senhor por causa da iniqüidade do pai, segue o mesmo caminho de perdição? Finalmente, o neto e o bisneto, execrável semente de homens abomináveis, após eles se lancem em precipícios?" (2.8.19, p.146)

No entanto, o reformador entende que, mesmo nessa situação, Deus sobressai-se como justo. Se os filhos caem nos mesmos pecados dos pais, é porque eles também se desviaram do Senhor. Deus, de forma justa, retirou sua mão graciosa de suas vidas, mantendo-se santo, a despeito dessa punição. De qualquer maneira, o Senhor não tem obrigação de salvar qualquer homem.

"Perecem por sua própria iniqüidade, não por ódio iníquo de Deus. Nem lhes é deixada qualquer desculpa por que à salvação não são ajudados pela graça de Deus a exemplo de outros. Portanto, uma vez que esta punição é aplicada aos ímpios e depravados em vista de suas abominações, assim que suas casas sejam privadas da graça de Deus por muitas gerações, quem haja de intentar incriminação a Deus por causa desta justíssima represália?" (2.8.20, p.146)

Ainda assim, Calvino entende que é possível, em certo sentido, que a descendência leve a culpa do pai. Porém, isso acontece somente quando, em sua impenitência, os filhos insistem em seguir o caminho de seus precursores, mantendo sobre si o quer seriam "maldições" da família, embora eles mesmos também as mereçam.

"Se a visitação da qual agora se fala é aplicada quando o Senhor retira da família dos ímpios a graça, luz de sua verdade e os auxílios restantes para salvação, é porque, cegados e afastados d'Ele, os filhos insistem em seguir as pegadas dos pais, sustentando as maldições dos crimes paternos. Sendo prontamente subjugados, por um justo juízo de Deus, tanto às misérias temporais quanto à ruína eterna, não são punidos pelos pecados alheios, mas pela própria iniquidade." (2.8.20, p.366s, edição da UNESP)

Vemos, portanto, que o ensino de Calvino sobre esta cláusula do segundo mandamento é muito mais satisfatório que as idéias propostas principalmente por líderes neopentecostais. Deus não é injusto e fará sofrer alguém alcançado pela sua graça. Somente famílias que perpetuam a impiedade receberão continuamente a punição divina.
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O segundo mandamento [ 2.8.17-18 ]

"Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto." (Êxodo 20.4,5)

Se o primeiro mandamento tratava sobre a natureza única de Deus, o segundo fala em especial sobre que culto deveria ser dedicado a ele. Calvino entende o mandamento como uma declaração de que toda forma material acaba diminuindo a glória de Deus. Deus é espírito e não tem uma imagem que algum humano possa conceber.

"Neste mandamento declara ainda mais explicitamente agora de que natureza é, e com que modalidade de culto deve ser ele honrado, para que não ousemos atribuir-lhe algo sensório... ele nos dissuade e afasta totalmente das observâncias materiais insignificantes que nossa mente bronca, em razão de sua ignorância, costuma inventar quando concebe a Deus. E daí nos instrui em relação a seu legítimo culto, isto é, ao culto espiritual e estabelecido por ele mesmo. Assinala, ademais, o que é o mais grosseiro defeito nesta transgressão: a idolatria exterior." (2.8.17, p.144)

Novamente o reformador usa a imagem de um casamento para ilustrar a quebra de um mandamento. Falando sobre o divino castigo àqueles que fabricam imagens, ele entende que a ira de Deus assemelha-se à de um marido que descobre a traição de sua esposa. Por isso existe ameaça de grave julgamento sobre a família que se envolver nesse tipo de culto.

"Portanto, como um marido, quanto mais santo é e casto, tanto mais gravemente se ofende ao ver o coração da esposa a inclinar-se para com um rival, assim o Senhor, que verdadeiramente nos desposou para si, evidencia ser muito ardente sua inconformidade, sempre que, desdenhada a pureza de seu santo matrimônio, somos manchados de apetites impuros." (2.8.18, p.145)

O tema da ira divina será tratado especialmente nas próximas seções. É importante destacar o entendimento de Calvino sobre essa mandamento, em relação ao primeiro. Para o reformador, mais grave que a idolatria, é manchar o culto a Deus com imagens deste pecado.

"Mas, então isto sente especialmente o Senhor, quando oferecemos a outro o culto de sua divina majestade, que conviera ser absolutamente ilibado, ou o corrompemos com alguma superstição, uma vez que, deste modo, não só violamos o compromisso feito no casamento, mas ainda, acenando aos amantes, maculamos o próprio leito conjugal." (idem)

Esse mandamento é um apelo para que tenhamos cuidado com o tipo de culto que dedicamos ao Senhor. Mesmo hoje os protestantes e evangélicos não estão isentos de cair nesse erro. Precisamos questionar todo tipo de prática que dá mais ênfase ao que é ilustrado por homens que àquilo que é descrito na Palavra. Peçamos que o Espírito Santo nos ilumine em nossas falhas.
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O primeiro mandamento [ 2.8.16 ]

"Não terás outros deuses diante de mim." (Êxodo 20.2,3)

Sobre cada mandamento, Calvino tem muito a dizer. Por isso, parece-nos necessário dedicar apenas um post à seção em que ele explica o primeiro preceito do Decálogo. Diz-nos o Senhor que não podemos dar a outro aquilo que só a ele pertence.

"O fim deste mandamento é que Deus quer ser o único a ter a preeminência em seu povo e nele exercer seu direito em plena medida... não podemos ter Deus sem que, ao mesmo tempo, abracemos as coisas que lhe são próprias. " (2.8.16, p.142)

Por trás de uma ordem simples, o reformador encontra os mais diversos princípios. Aqui, por exemplo, encontramos importantes coisas que devemos dedicar apenas a Deus. Calvino lista 4 delas: adoração, confiança, invocação e ação de graças.

"Chamo adoração a veneração e o culto que qualquer um de nós lhe rende, quando se lhe submete à grandeza. Por isso, não improcedentemente, incluo à adoração a submissão de nossa consciência à sua lei. Confiança é a segurança de nele descansar, em virtude do reconhecimento de seus predicados, quando, atribuindo-lhe toda sabedoria, justiça, poder, verdade, bondade, reconhecemos que somos bemaventurados somente em sua comunhão. Invocação é o recurso de nossa mente à sua fidelidade e assistência, como ao sustentáculo único, sempre que alguma necessidade insiste. Ação de graças é a gratidão com que se lhe atribui o louvor de todo bem." (idem)

Tudo isso deve ser entregue somente a Deus e mais ninguém. Note a importância que Calvino dá ao cumprimento da Lei do Senhor como forma de adoração, algo tão esquecido hoje em dia. É preciso que sempre examinemos nossas mentes se quisermos ser verdadeiros adoradores. Um homem que confia em sua força, que agradece ao dinheiro, depende só do Estado ou é motivado pela aprovação da sociedade pode estar erigindo falsos deuses. Estamos sempre diante do Senhor, algo que Calvino chama atenção com a ilustração do matrimônio.

"A frase que segue, diante de minha face, intensifica a indignidade, pela qual Deus é provocado ao ciúme sempre que em seu lugar pomos nossas invenções, tal como se uma esposa despudorada, trazido escancaradamente o amante diante dos olhos do marido, mais lhe incendesse o ânimo... não se podem admitir novas deidades sem que seja ele testemunha e observador de seu sacrilégio. Mas, a esta petulância acrescenta-se o máximo de impiedade, a saber, que, em seus desvios, o homem julga poder burlar os olhos de Deus." (2.8.16, p.143)

Que nossos corações entreguem somente ao Senhor aquilo que é dele. Que ele seja nossa motivação, nosso porto seguro, nosso braço forte. Por fim, que não sejamos ingratos.
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O prefácio do Decálogo [ 2.8.13-15 ]

"Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim." (Êxodo 20.2,3)

O primeiro mandamento inicia-se com a apresentação de quem é o Legislador. Para alguns estudiosos, isso funciona como todo pacto suserano-servo, existe uma clásula apresentando o governante, seus distintivos e o relacionamento histórico. Calvino entende como uma argumentação que confere maior autoridade à Lei, caso o povo tente esquecer quem a outorgou.

"A si reivindica o poder e o direito de soberania a fim de que constrinja o povo eleito pela necessidade de obedecer-lhe. Exara a promessa de graça, mercê de cuja doçura alicie o mesmo ao zelo de santidade. Traz à lembrança o benefício conferido, para que acuse aos judeus de ingratidão, caso não lhe respondam à benignidade." (2.8.13, p.140)

Um resumo das palavras de Deus seriam, para Calvino, “eu vos escolhi para mim por povo, a quem houvesse de beneficiar não apenas na presente vida, mas ainda houvesse de prodigalizar a bem-aventurança da vida futura” (2.8.14, p.140). A afirmação de ser o Senhor lembra que ele é soberano e a "teu Deus" frisa o amor divino e a verdade da eleição. A lembrança da libertação do Egito enche o coração do desejo de agradecer-lhe por meio da obediência.

"Tão logo o nome de Deus é referido, nossa mente não pode deixar de cair em alguma vã invenção. Portanto, visto que Deus quer propiciar remédio a este mal, adorna ele sua divindade de títulos seguros, e dessa forma nos cerca como que de determinadas cercas, para que não vaguemos para cá ou para lá, e desatinadamente inventemos para nós algum Deus novo, se deixado de parte o Deus vivo suscitemos um ídolo em seu lugar."(2.8.15, p.141)

Essa lembrança da libertação realizada por Deus não apenas servia para que os israelistas fossem levados à submissão, mas também nos lembra que fomos libertos do poder do mal por este mesmo Senhor. Que nos lembremos dessa verdade diante de tentações.

"Não deve haver homem algum, cujo coração não se sinta inflamado ao atentar para a lei, promulgada por aquele que é Rei de reis e supremo Monarca, de quem todas as coisas procedem, e para as quais justamente devem ordenar-se e dirigir-se a seu fim. Ninguém, afirmo, há que não deva ser arrebatado a abraçar o Legislador, à observância de cujos mandamentos é ensinado ter sido escolhido de modo especial; de cuja bondade espera não somente a abundância de todas as coisas boas, mas ainda a glória de uma vida imorta1; de cujo admirável poder e misericórdia se sabe muito bem ser libertado das fauces da morte." (2.8.15, p.141s)
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As duas tábuas [ 2.8.11-12 ]

Antes de finalmente iniciar a exposição dos Dez Mandamentos, o reformador ainda dedica algumas linhas sobre a natureza das duas tábuas da Lei. Seguindo tradição que passa por Orígenes e Agostinho, ele entende que na primeira tábua temos os mandamentos a respeito de Deus e na segunda aqueles que se referem aos homens. Para Calvino, a explicação é claro: não podemos praticar a verdadeira justiça sem o verdadeiro culto a Deus.

"A religião não só lhe é a parte principal, mas até mesmo a própria alma da retidão, mercê da qual toda ela tem alento e possui vigor, pois, fora do temor de Deus, nem conservam os homens entre si a eqüidade e a afeição. Conseqüentemente, chamamos ao culto de Deus o princípio e fundamento da justiça... Dizemo-lo, ademais, ser a fonte e o espírito da retidão, porquanto, se honram a Deus como o Juiz do reto e do iníquo, dele aprendem os homens a viver entre si moderadamente e sem malefício." (2.9.11, p.138)

Para aqueles que tem um mínimo conhecimento da Escritura, o paralelismo está claro. Essa ordem dos mandamentos faz jus ao que Cristo diz sobre aqueles que são o resumo da Lei do Senhor.

"Por essa razão, nosso Senhor, como o registram os evangelistas [Mt 22.37, 39; Mc 12. 30, 31; Lc 10.27], coligiu toda a lei, sumariamente, em dois itens: que amemos a Deus de todo o coração, de toda a alma, de todas as forças, e que amemos ao próximo como a nós mesmos. Vês que das duas partes em que encerra toda a lei, uma ele a dirige para com Deus, a outra ele destina aos homens." (idem)

É importante termos essa verdade em mente. Não podemos nos enganar com atos de justiça que não têm como base a genuína adoração. "O primeiro fundamento da justiça é o culto de Deus", nos diz Calvino (2.8.11, p.137). Que nossos corações gravem essas palavras enquanto estudamos os Dez Mandamentos nas próximas seções.

"Ouçamos agora Deus mesmo a falar com suas próprias palavras." (2.8.12, p.139)
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