"Ademais, embora os gregos, mais que outros, e entre eles singularmente Crisóstomo, excederam o limite em exaltar a capacidade da vontade humana, contudo todos os antigos, excetuado Agostinho, nesta matéria a tal ponto ou divergem, ou vacilam, ou falam confusamente, que de seus escritos quase nada de certo se pode referir." (2.2.4, p.31)
Seguido os filósofos, os pais da igreja muitas vezes entendiam que apenas a sensibilidade ou parte sensória do homem estava debilitada pelo pecado, enquanto a razão e a vontade, muitos criam, não foram muito ou plenamente afetadas. Dessas teorias o termo livre-arbítrio é o centro. Porém, poucos dos pais se preocuparam em defini-lo, o que gera ambiguidade e confusão em seus escritos.
"Orígenes, contudo, parece ter proposto isto, acerca de que entre eles, indistintamente, havia consenso, quando disse: 'O livre-arbítrio é a faculdade da razão para discernir o bem ou o mal, a faculdade da vontade para escolher um ou outro desses dois.' Agostinho não discorda dele quando ensina que o livre-arbítrio é a faculdade da razão e da vontade pela qual, assistindo-as a graça, se escolhe o bem, deixando ela de assisti-las, escolhe-se o mal. " (2.2.4, p.32)
Resumidamente, os autores antigos ensinavam que o homem possuia a capacidade de discernir entre bem e mal (a razão). Baseados nesse discernimento tomava suas decisões. Esse ensino Calvino resume a nós, embora veremos que ele os rejeitará mais adiante.
"Estão de acordo, em primeiro lugar, em que o substantivo arbítrio se deve referir antes à razão, à qual cabe discernir entre o bom e o mau, enquanto o adjetivo livre pertence propriamente à vontade, que se pode vergar para uma ou outra dessas duas alternativas." (idem)
O que aprendemos aqui é que não devemos estar presos à tradição, pura e simplesmente. Os escritos dos antigos nos serão úteis e edificantes, mas devem sempre ser avaliados à luz da Escritura.
Postar um comentário