"Porque, se está fora de controvérsia que, mediante comunicação, a justiça de Cristo é nossa, e desta a decorrer a vida, segue-se, ao mesmo tempo, que em Adão foram ambas assim perdidas, como em Cristo ambas são recuperadas... E por isso, entre estes dois [Cristo e Adão], a relação é esta: que este, a nós envolvendo em sua ruína, consigo nos perdeu; Aquele, por sua graça, nos restituiu à salvação." (2.1.6, p.21)
No entanto, é necessário nos lembrarmos que não é o homem algo ruim em si mesmo. Por ser criado por Deus, o ser humano é uma criatura boa. Porém, o pecado o torna corruptível, e desgradável ao Criador. Calvino novamente nos adverte a não cairmos nessa heresia.
"Depreende-se facilmente que por certo aqui não se deve entender natureza como foi criada por Deus; antes, como foi corrompida em Adão, pois que estaria muito longe de ser procedente que Deus se fizesse o autor da morte." (2.1.6, p.22)
Há um outro problema comum quando se trata desse tema, a respeito da transmissão hereditária dessa corrupção. Muito debateu-se sobre como essa depravação é passada aos descendentes. Calvino dá uma resposta simples para o assunto - Deus revogou os dons que havia dado ao homem, e isso nos basta saber.
"A nós nos convém estar contentes com isto: haver o Senhor depositado em Adão aqueles dotes que quis conferir à natureza humana. Portanto, quando perdeu os dotes recebidos, aquele os perdeu, não apenas por si só, mas também por todos nós." (2.1.7, p.22)
Por fim, o reformador volta a atacar a heresia pelagiana, que ensinava que existe uma transmissão da pureza de pais regenerados para seus descendentes, livrando-os assim da corrupção humana. Essa idéia não tem base bíblica e nem mesmo os pais da igreja a apoiavam.
"Ora, não descendem da regeneração espiritual, mas da geração carnal. Daí, como diz Agostinho: 'Quer um infiel culposo, quer um fiel inculpável, um e outro não gera inculpáveis, mas culposos, porque os gera de natureza corrupta'... Pois, a culposidade provém da própria natureza; a santificação, contudo, procede da graça supernatural." (2.1.7, p.22s)
Deixemos a Bíblia falar mais alto que nosso orgulho e vãs especulações. Que a igreja abandone o pelagianismo que abraçou e volte-se novamente para essa maravilha graça sobrenatural!
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