"A Escritura será realmente satisfatória para o conhecimento salvífico de Deus, então, finalmente, quando a certeza lhe for fundamentada na convicção interior pelo Espírito Santo... Procedem insipientemente, porém, aqueles que desejam que se prove aos infiéis que a Escritura é a Palavra de Deus, pois, a não ser pela fé, isso não se pode conhecer." (1.8.13, p.92)
O apologeta deve ter esta consciência - por mais satisfatórias que sejam suas respostas a razão humana, o homem só se colocará aos pés de Cristo por meio da fé que vem de Deus. Ao mesmo tempo em que é uma obra catequética, as Institutas também são apologéticas. Ainda assim, o reformador sabia que não eram seus escritos pura e simplesmente que converteriam os homens a Deus, mas a Palavra e o Espírito.
De fato, desde os primórdios, a Bíblia é alvo de ataques e controvérsias. Hoje, até teólogos ditos cristãos acabam questionando a veracidade da Palavra de Deus. Porém, a Palavra resiste e sempre encontra lugar no coração dos fiéis.
"Nem se deve julgar ser de importância mínima que, desde que a Escritura foi publicada, constantemente se lhe anuiu à obediência o querer de tantos séculos, e por mais que Satanás, com todo o mundo, a tenha tentado, por meio perplexivos, seja oprimindo, seja destruindo, seja de todo refreando e obliterando da lembrança dos homens, entretanto sempre, como a palmeira, tem ela subido mais alto e persistido de forma inabalável." (1.8.12, p.91)
Além da resistência da Palavra ao ataque do mundo, vemos também a resistência dos santos e santas por amor à Bíblia, não por um desejo sadomasoquista, mas como testemunhas (μάρτυρες) das verdades ali reveladas.
"Portanto, não é uma comprovação de pouco peso o fato de a Escritura ser selada pelo sangue de tantas testemunhas, mormente quando ponderamos que eles enfrentaram a morte para dar testemunho da fé, não com excesso fanático, como por vezes costuma suceder a espíritos sem norte, mas, ao contrário, por zelo firme e constante, contido sóbrio, por Deus." (1.8.13, p.92)
Muitos homens e mulheres foram mortos pelo Evangelho, comprovando que ele é muito mais que o registro da religião de alguns judeus. Essas pessoas morreram porque sabiam que carregavam a verdade, uma coisa que jamais pode ser escondida dos outros. Peçamos a Deus a ousadia de nossos irmãos, para não deixarmos a Escritura oculta diante de qualquer tipo de ameaça.
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