Nesse trecho, Calvino continua a defender a Bíblia de acusações dos incrédulos. E uma dessas acusações nos lembra bastante o pensamento vigente em universidades seculares e seminários teológicos - a autoria de Moisés, e mesmo sua existência. Ora, se a Bíblia diz que Moisés existiu e escreveu parte de seus textos, mas isso não é verdade, a Palavra não é confiável. O reformador nota que trata-se de uma tentativa de desmerecer a Bíblia, mas que os critérios que se usam contra ela nunca seriam usados contra outros textos antigos.
"Mas, se alguém puser em dúvida que jamais existiu um Platão, um Aristóteles, ou um Cícero, quem não haverá de dizer que tal insânia deve ser castigada com bofetadas ou com açoites?" (1.8.9, p.88)
O reformador também nos lembra que Moisés sempre foi conhecido dos povos hebreus, o que parece indicar sua credibilidade. Mesmo com os manuscritos sendo transmitidos por gerações, a Lei Mosaica pode ser considerada verdadeira, pois "foi maravilhosamente preservada, mais pela providência celestial do que pelo cuidado de homens" (idem).
Um exemplo disso é o relato feito em 1Macabeus, que conta da queima de todos os volumes das Escrituras, ordenado por Antíoco. Ainda assim, pouco depois a Escritura circulava normalmente entre o povo. Por meio da providência, os judeus, a quem "Agostinho merecidamente chama de os bibliotecários da Igreja" (1.8.10, p.90), preservaram os volumes pouco depois dessa perseguição.
Também o Novo Testamento é digno de admiraçao, por apresentar escritores que aos olhos humanos jamais poderiam ter escrito aqueles textos. A explicação é que somente por meio do poder de Deus os apóstolos podem alcançar tamanha sabedoria e discernimento para colocar no papel.
"Neguem esses cães que o Espírito Santo haja descido sobre os apóstolos ou, quando menos, anulem a credibilidade da história. Entretanto, a própria realidade brada patentemente que esses homens haviam sido ensinados pelo Espírito que, antes desprezíveis em meio ao próprio vulgo, de repente começaram a dissertar tão magnificamente acerca de mistérios celestiais." (1.8.11, p.91)
A Bíblia é um tesouro preservado de geração em geração. E isto só aconteceu pelo cuidado de homens piedosos e, em primeiro lugar, pela providência divina. Que valorizemos mais e mais a Palavra do Senhor.
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