"Nem me deixo tomar dessa superstição a tal ponto que afirme não dever-se admitir, em hipótese alguma, qualquer imagem. Mas, uma vez que a escultura e a pintura são dons de Deus, admito o uso puro e legítimo, tanto de um quanto da outra, para que não aconteça que essas coisas que o Senhor nos outorgou para sua glória e nosso bem não só sejam poluídas por ímpio abuso, mas ainda também se convertam à nossa ruína." (1.11.12, p.111)
"Resta, portanto, que se pinte e esculpa somente aquilo que está ao alcance dos olhos, de sorte que a majestade de Deus, que paira muito acima da percepção dos olhos, não se corrompa mediante representações descabidas e fantasiosas." (1.11.12, p.112)
Portanto, o reformador francês considera essas duas formas de arte como dons de Deus a nós, e que têm como objetivos a glória do Senhor e o bem da humanidade. Calvino ainda esboça uma breve teoria da arte, separando as obras artísticas em dois grupos básicos, e explicando em que se aproveita delas.
"Nesta classe de elementos que se podem representar pela arte estão, em parte, histórias e fatos acontecidos; em parte, imagens e formas corpóreas sem qualquer conotação de eventos consumados. Aqueles tem certa aplicação no ensino ou no conselho; estas, não vejo o que possam proporcionar, além de mero deleite." (idem)
Concluindo - os objetivos da arte, segundo Calvino, são glorificar a Deus e trazer o bem ao homem. A arte é um presente do Pai a nós, mas deve ser usada com cuidado. Ao produzir imagens da Deidade o homem está justamente descumprindo seu papel como artista - reduz o Criador a mero objeto e encaminha as pessoas ao erro. Ao criar ídolos, o homem diminui a si mesmo, a sua arte, sua religião, e o próprio Senhor.
Obrigado pelo blog: está muito bom!
Longe de qualquer idolatria e louvor ao homem, este servo do Senhor tão menosprezado pelo evangelicalismo brasileiro tem muito a nos dizer hoje e os 500 anos de seu nascimento nos traz isso em mente. Deus te abençoe, obrigado pela iniciativa e coragem.