"Do que compreendemos ser esta a via mais direta de buscar a Deus e o processo mais apropriado de conhecê-lo: que não tentemos, por meio de ousada curiosidade, penetra à investigação de sua essência, a qual é antes para ser adorada do que para ser meticulosamente inquirida; ao contrário, que o contemplemos em suas obras, em virtude das quais ele se torna próximo e familiar, e de algum modo se nos comunica." (1.5.9, p.63)
Além da intimidade com Deus, aqueles que se dedicam a este conhecimento também crescem na fé. Vemos que, para Calvino, o crescimento espiritual está vinculado ao tempo que se dedica meditando sobre o Criador.
"Conhecimento como este deve não só incitar-nos à adoração de Deus, mas ainda despertar-nos e alçar-nos à esperança da vida futura. Quando, porém, atentamos para o fato de que os exemplos que o Senhor oferece, tanto de sua clemência, quanto de sua severidade, são meramente rudimentares e incompletos, convém que reputemos, não dubiamente, que ele assim preludia coisas ainda maiores, cuja manifestação e plena exibição são deferidos à outra existência." (1.5.10, p.64)
Isto é, quando vemos o cuidado de Deus para com seus santos e sua justa punição aos pecadores, estamos contemplando apenas um relance do que será visto na eternidade. Glória e bênçãos infinitas para os salvos, e um futuro de castigos para os réprobos. Nesse trecho, Calvino cita as sábias palavras de Santo Agostinho, que merecem atenção.
"Se agora fosse todo pecado punido por castigo público, poder-se-ia pensar que nada fica reservado ao Juízo Final. Por outro lado, se Deus não punisse agora claramente a nenhum pecado, poder-se-ia crer que não existe nenhuma providência divina." (Cidade de Deus, Livro I, cap. 8)
Muitas vezes gastamos tanto tempo pedindo por experiências sobrenaturais que nos esquecemos que é possível aprendermos algo sobre o amor, a sabedoria e a justiça de Deus pela ordem natural de nosso Universo. Muito dos problemas que nos afligem são fruto dessa falta de busca, algo que, para Calvino, nos conduz à "verdadeira e plena felicidade" (1.5.10, p.64).
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