Quando começamos a falar sobre o conhecimento de Deus, havia a questão da confiabilidade das informações que temos. Embora a Criação, a providência e a semente divina no homem comuniquem ao ser humano alguma coisa sobre o Senhor, esse conhecimento é incompleto, por vezes subjetivo, e sujeito à má interpretação (é só ir numa universidade para confirmarmos isso). Assim, é necessário que tenhamos algo que "nos dirija retamente ao próprio Criador do universo" (1.6.1, p.71)."Portanto, Deus não acrescenta em vão a luz de sua Palavra para que a salvação se fizesse conhecida. E considerou dignos deste privilégio aqueles a quem quis atrair para mais perto e mais íntimo." (idem)
Calvino compara a Palavra de Deus a lentes que nos permitem enxergar de maneira confiável a Deus, diferente de todos os outros meios. Sem a Escritura estaríamos entregues a nossa própria opinião, e aos nossos ídolos. Muito da espiritualidade moderna se baseia simplesmente nisso - o que algum guru acha que os outros devem fazer. Baseado em quê? Nele mesmo, apenas.
"Por meio de sua Palavra, Deus fez para sempre com que a fé não fosse dúbia, fé esta que houvesse de ser superior a toda mera opinião... Para que nos reluza a verdadeira religião, é preciso considerar isto: que ela tenha a doutrina celeste como seu ponto de partida; nem pode alguém provar sequer o mais leve gosto da reta e sã doutrina, a não ser aquele que se faz discípulo da Escritura. Donde também provém o princípio do verdadeiro conhecimento: quando abraçamos reverentemente o que Deus quis testificar nela acerca de si mesmo." (1.6.2, p.72s)
É por esse motivo que sempre me fico com o pé atrás quando vejo pessoas tão dedicadas na igreja, mas que nada conhecem da Bíblia. Ou aqueles que gostam de falar de uma suposta intimidade com Deus, mas que são incapazes de dedicar-se a uma leitura séria e disciplinada da Palavra. A Bíblia é "a escola especial dos filhos de Deus" (1.6.4, p.74). Não há conhecimento seguro de Deus sem a Revelação escrita.

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