O primeiro desses argumentos para crermos nas Escritura envolve o conteúdo dos textos bíblicos. Isto é, para o reformador, a Palavra nos traz uma mensagem que é superior a qualquer texto humano, o que significa que ela deve ter origem divina.
"Quão peculiar, porém, é esse poder à Escritura, transparece claramente disto: que dos escritos humanos, por maior que seja a arte com que são burilados, nenhum sequer nos consegue impressionar de igual modo" (1.8.1, p.83)
"Se faz claro que ela está repleta de idéias que não poderiam ser concebidas em bases estritamente humanas." (1.8.2, p.83)
O conteúdo da Palavra é uma prova incontestável da autoridade bíblica, mas a forma pela qual esse conteúdo é apresentado também nos chama a atenção. Calvino reconhece que muitas passagens foram escritas em "linguagem singela e sem realce" (1.8.1, p.82), mas não se esquece da beleza de outros trechos.
"Alguns profetas tem um modo de dizer elegante e polido, até mesmo esplendoroso, de sorte que sua eloquência não é inferior à dos escritores profanos. E, com tais, exemplos, o Espírito Santo quis mostrar que não lhe falta eloquência, enquanto em outros lugares fez uso de um estilo não burilado e pomposo." (1.8.2, p.83)
O próximo argumento do reformador diz respeito à antiguidade da Bíblia, que demonstra não ser a distorção de outra religião, mas a revelação do próprio Deus. Em suas palavras, Moisés não estava a inventar um novo Deus (1.8.3, p.84). Calvino também lembra que o líder hebreu, autor do Pentateuco, é fonte de informação segura, alguém de quem não há nada a desconfiar. Prova disso é o fato de Moisés não deixar de citar no texto bíblico eventos constrangedores a ele e sua família.
Além disso, os milagres realizados por meio de Moisés comprovam a autoridade que Deus o entregou. Alguns podem argumentar que eram obras falsas, mas Calvino lembra que o profeta se valeu desses milagres para vindicar sua autoridade sobre os israelitas. Se eles não fossem reais, não haveria qualquer respeito pelo líder.
"Isto é, Moisés ter-se-ia apresentado no meio deles e, acusando o povo de infidelidade, contumácia, ingratidão e de outros atos incrimináveis, teria se vangloriado de que a doutrina lhe fora autenticada sobe seus próprios olhos, por esses milagres que eles mesmos jamais haviam contemplado!" (1.8.5, p.85)
O cumprimento das profecias, feitas por Moisés e pelos outros autores, também demonstram claramente o poder da Palavra. Mesmo profecias tão imprevisíveis quanto a aceitação dos gentios por parte de Yahweh ou o chamamento do rei pagão Ciro foram cumpridas. Vemos claramente que existe algo de diferente nos textos sagrados usados pelos cristãos.
"Não seria grande descaramento negar que a autoridade dos profetas foi confirmada com tais testemunhos, e que de fato se cumpriu o que eles afirmam, para que se desse crédito às suas palavra?" (1.8.8, p.88)
Em momentos de dúvida e fraqueza, podemos ter mente esse estudo de Calvino. Da mesma maneira que o Senhor cumpriu as profecias ditas pelos seus profetas, ele cumprirá as promessas que tem para o cristão. Não devemos temer, pois nosso Pai nos fala com autoridade e poder, e ele nos diz: "Porque eu, o SENHOR teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas, eu te ajudo" (Isaías 41.13)
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