Em seu combate às imagens usada por cristãos professos, Calvino apela várias vezes não apenas para a Escritura, mas para a própria incoerência da situação em que os idólatras muitas vezes se metem. Ele nota que é o medo dos seus poucos dias leva o homem a criar ídolos, mas é justamente por sua vida breve que a humanidade não deveria apegar-se aos falsos deuses.
"O homem se vê compelido a confessar que ele é uma criatura efêmera, e não obstante quer que um metal, a cuja divindade deu origem, seja considerado deus!" (1.11.4, p.103)
Mais ainda, para qualquer pessoa é óbvio que seres criados são inferiores àquele que os criou. Porém, os homens continuam a prostrar-se diante dessas figuras, como se elas tivessem alguma dignidade. Calvino cita o poeta Horácio e também ataca a veneração a ícones.
"Outrora eu era um tronco de figueira, um inútil pedaço de lenho / Quando um artífice, incerto se deveria fazer um banco etc. / Preferiu que eu fosse um deus." (Horácio, Serm. I, sát. VIII)
"No Salmo [95], o Profeta acentua essa insânia, dizendo que aqueles que foram a tal ponto dotados de inteligência, que sabem que todas as coisas são movidas somente pelo poder de Deus, imploram o auxílio de coisas inanimadas e destituídas de sensibilidade." (1.11.4, p.104)
Nem as representações gráficas estão isentas do pecado de corromper a glória de Deus. Calvino cita Gregório que gostaria de usar imagens com o fim de ajudar os iletrados, porém "se Gregório houvesse sido instruído nesta matéria, jamais haveria de ter assim falado" (1.11.5, p.105). Aquele que quer aprender de Deus deve conhecê-lo pelas maneiras que o próprio Deus indicou, e isto não inclui imagens.
"Os papistas assumem como infalível axioma: que as imagens fazem as vezes de livros. Pois os profetas opõem as imagens ao Deus verdadeiro, como coisas contrárias que jamais podem ser conciliadas... Uma vez que o Deus verdadeiro a quem os judeus adoravam é um e é único, pervertida e enganosamente se inventam figuras visíveis para que representem a Deus e miseravelmente iludidos se quedam todos os que daí buscam conhecimento." (idem)
Hoje vivemos um afrouxamento nessa doutrina. O medo de parecer radical leva muitos pastores a aceitarem como normal representações de Deus, desde que não sejam estátuas. Apresentações de PowerPoint são ingênuas ilustrações que não levariam ninguém a pecar, alguns pensam. Talvez realmente ninguém chegue a adorar uma imagem JPEG, mas será que não estamos ainda assim diminuindo e corrompendo a glória do Senhor? Oremos por mais cuidado nessa área.
nesta parte da explicação não encontrei no salmo 95 o que fora referido : "No Salmo [95], o Profeta acentua essa insânia, dizendo que aqueles que foram a tal ponto dotados de inteligência, que sabem que todas as coisas são movidas somente pelo poder de Deus, imploram o auxílio de coisas inanimadas e destituídas de sensibilidade" .
É verdade. Foi um erro da Cultura Cristã. Calvino não coloca muitas vezes a localização dos textos e os editores têm que procurar. Na versão da UNESP eles associaram corretamente esse texto Salmo 115.