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Acesse pelo endereço joaocalvino.net

Comemorando os 500 anos de João Calvino, o teólogo da Reforma, este é um blog dedicado a resumir e comentar as Instituras da Religião Cristã, obra máxima do reformador de Genebra. Que ele seja útil à comunidade, seguindo a mesma intenção de Calvino ao escrever seus livros.

"Este tem sido meu propósito: preparar e instruir de tal modo os candidatos à sagrada teologia, para a leitura da divina Palavra, que não só lhe tenham fácil acesso, mas ainda possam nesta escalada avançar sem tropeços."

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Josa
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Nosso mediador [ 2.12.1-2 ]

A partir de agora Calvino volta-se àquele que é o motivo dos dois Testamentos - Cristo, o mediador. O reformador discorrerá sobre as duas naturezas de Jesus. Em primeiro lugar, fala-se brevemente sobre a divindade e porque o Mediador deveria ser Deus.

"Ora, uma vez que nossas iniqüidades, como se fosse uma nuvem interposta entre nós e ele, nos alienaram inteiramente do reino dos céus, ninguém podia ser o intermediário da paz a ser restaurada, senão aquele que pudesse achegar à sua presença... A situação, certamente, era irremediável, a não ser que até nós descesse a própria majestade de Deus, já que não estava a nosso alcance subir até ele. Daí se fazia necessário que o Filho de Deus viesse a ser nosso Emanuel, isto é, 'Deus conosco' [Is 7.14; Mt 1.23], de tal maneira que sua divindade e a natureza humana fossem unidas." (2.12.1, p.220)

No entanto, como a questão da divindade foi tratada no primeiro Livro, o reformador se concentrará na humanidade de Cristo. Para Calvino, era necessário que o Filho se tornasse homem, a fim de que ele se identificasse conosco e nós nos identificássemos com ele - o que gera o compartilhamento das bençãos divinas a nós, e das nossas fraquezas e maldições a ele.

"Quem poderia fazer isso, se o mesmo Filho de Deus não se fizesse filho do homem, e de tal forma tomasse o que é nosso, e nos transferisse o que é seu, e o que era inerentemente seu, pela graça se fizesse nosso? Portanto, apoiados neste penhor, confiamos ser filhos de Deus, porque o que por natureza era Filho de Deus, apropriou para si o corpo de nosso corpo, a carne de nossa carne, os ossos de nossos ossos, para que fosse precisamente o que somos, e não relutou em assumir o que nos era próprio, para que, por sua vez, a nós pertencesse o que ele tinha de propriamente seu, e assim ele, em comum conosco, fosse não só o Filho de Deus, mas também o Filho do Homem." (2.12.2, p.221)

Para finalizar sua meditação inicial no assunto, Calvino nos apresenta uma bonita reflexão sobre a obra de Cristo por nós. Que nos dediquemos a pensar nessas coisas, para que nosso coração se encha de louvor e adoração ao nosso Senhor.

"Quem poderia fazer isso, a não ser a própria Vida? Impunha-se-lhe vencer o pecado. Quem poderia fazer isso, a não ser a própria Justiça? Impunha-se-lhe desbaratar as potestades do mundo e do ar. Quem poderia fazer isso, a não ser um Poder superior tanto ao mundo quanto ao ar? Ora, em quem está a vida, ou a justiça, ou o senhorio e poder do céu, senão unicamente em Deus?" (2.12.2, p.221s)
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Deus é incoerente? [ 2.11.13-14 ]

Se existem tantas diferenças entre Antigo e Novo Testamento, isso significa que Deus é inconstante e mutável? Calvino deixará claro que não. O reformador nos explica que não é o Senhor quem muda, mas os homens; e em diferentes épocas, ele governo o mesmo plano em fórmulas diferentes, mas com a mesma substância. O teólogo de Genebra usa a imagem do fazendeiro que prescreve diferentes tarefas no inverno e no verão, e do pai que de maneira diferente cuida da criança, do adolescente e do jovem.

"Que há fora de ordem neste regime de Deus, que os confinou a rudimentos que com eles se coadunavam, segundo o nível de sua idade, e a nós nos instruiu através de uma disciplina mais firme e, dir-se-ia, mais viril? Portanto, nisto refulge a constância de Deus: que em todos os séculos tem ensinado a mesma doutrina e o mesmo culto de seu nome que preceituou desde o início persiste em requerê-lo. Que mudou a forma externa e o modo, nisto Deus não se mostra sujeito a mudança. Pelo contrário, apenas acomodou-se à capacidade dos homens, que é variável e mutável." (2.11.13, p.218)

Calvino então levanta outra possível objeção - por que Deus não deixou claro seus planos sem ocultá-los? Por que não revela logo seu poder para o mundo inteiro, sem a necessidade de demora? O reformador considera irreverente e tolo esse tipo de questionamento.

"Isto é, na verdade, exatamente como se contendessem com Deus, só porque criou ele o mundo tão tarde, quando o poderia ter criado desde o princípio, ou porque quisesse ele que houvesse alternâncias entre inverno e verão, dia e noite. Nós, porém – o que devem sentir todos os piedosos –, não duvidamos que tudo quanto foi feito por Deus o foi sabiamente e com justeza, ainda que freqüentemente desconheçamos a causa por que lhe conveio assim agir. Ora, seria isto atribuir demais para nós: não conceder a Deus que tenha razões de seu propósito que nos são ignoradas." (2.11.14, p.218)

Novamente, outra pergunta é levantada - por que Deus se deleitava antes com o sacrifício dos judeus e agora não mais? Para o teólogo, só pergunta isso quem enxerga de maneira pequena a antiga aliança e o próprio Senhor. "Deus não fez nenhuma destas coisas por sua própria causa; pelo contrário, a todas determinou em prol da salvação dos homens"(idem). Além disso, como já dissemos, esses sacrifícios apontavam para o Sacrifício maior, de Cristo.

A última acusação, sobre a escolha divina de se revelar aos outros povos somente quando desejou, também é respondida magistralmente por Calvino. A base da resposta está na soberania de Deus, uma doutrina que não deveríamos menosprezar, mas meditar e meditar nela.

"Quem, pergunto, negará ser justo que esteja na mão e no juízo de Deus a dispensação livre das suas graças, pelas quais quis iluminar as nações? Os lugares que quis incitar com a pregação da sua palavra? O modo e a medida que escolheu para estender o proveito e o sucesso de sua doutrina? Que restitua, de acordo com sua misericórdia, quando bem quiser, o conhecimento de seu nome, retirado do mundo por quantos séculos quis, em razão da ingratidão dos povos? Vemos, portanto, quão são indignas as calúnias com as quais os homens ímpios turbam as almas dos simples, dado que coloquem em dúvida a justiça de Deus ou a fé da Escritura." (2.11.14, p.218s - usei aqui a tradução da UNESP, livro 1, p. 440)
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Diferenças entre os dois pactos: parte 5 [ 2.11.11-12 ]

A última das grandes diferenças entre os dois testamentos envolve o cuidado de Deus junto às nações. Enquanto na Lei, Deus se voltou a apenas uma nação, Israel, agora o Evangelho é direcionado para todos os povos.

"Quando, porém, veio a plenitude dos tempos [Gl 4.4] destinada à restauração de todas as coisas [Mt 17.11], e foi revelado esse reconciliador de Deus e dos homens, derruída a muralha que, por tão longo tempo, mantivera a misericórdia de Deus confinada nos limites de Israel, foi anunciada a paz aos que estavam longe, não menos aos que se achavam perto, para que, juntamente reconciliados com Deus, se amalgamassem em um só povo [Ef 2.14-17]." (2.11.12, p.216)

Ainda que o próprio Cristo tenha se voltado para Israel, vemos, após sua ressurreição, a ordem para que todos os povos sem alcançados pelo Evangelho. Isso surpreendeu aos próprios apóstolos, mas não se tratava de algo que não estivesse prometido.

"Através dessa chamada pública não só eram os gentios igualados aos judeus, mas ainda se fazia manifesto que estavam eles a tomar como que o lugar de mortos... Dessa forma, não sem causa, Paulo proclama, com tanta veemência, este 'um mistério escondido dos séculos e das gerações' [Cl 1.26], e diz ser o mesmo maravilhoso inclusive aos anjos [Ef 3.9, 10]." (2.11.12, p.217)

Assim, temos a base de missões nessa verdade - o Evangelho é para todos os povos. Como igreja, proclamamos isso: não somos um povo fechado como o antigo Israel, mas um Reino a crescer por toda terra.

"Portanto, a vocação dos gentios é insigne marca através da qual se ilustra a excelência do Novo sobre o Antigo Testamento." (2.11.12, p.216)
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Diferenças entre os dois pactos: parte 4 [ 2.11.9-10 ]

O reformador prossegue sua exposição nos dando a quarta grande diferença entre o Antigo e o Novo Testamento:

"A Escritura chama o Antigo Testamento o Testamento de servidão, porque gera temor nas almas; o Novo, porém, o Testamento de liberdade, porque os anima à confiança e à certeza. Assim, Paulo na Epístola aos Romanos [8.15]: 'Não recebestes', diz ele, 'o espírito de servidão, outra vez, para temor, mas o Espírito de adoção pelo qual clamamos: Abba, Pai'." (2.11.9, p.213)

Isto é, enquanto o povo antigo deveria achegar-se a Deus temeroso das reprimendas da Lei, cheios de inquietação e temor, a igreja recebe com o Novo Testamento um espírito de alegria, liberdade e tranquilidade. Enquanto um povo estava debaixo de diversas cerimônias, temos acesso livre ao Criador. Isto é explicado em Gálatas 4.22-31, na alegoria entre Sara, a esposa livre, e Hagar, a escrava.

"A síntese é esta: o Antigo Testamento incutiu medo e tremor às consciências; pelo benefício do Novo Testamento acontece de serem liberadas para alegria. Aquele manteve as consciências sujeitas ao jugo da servidão; pela liberalidade deste elas estão liberadas para a liberdade." (2.11.9, p.214)

Isso significa que os fiéis do Velho Testamento não viveram vidas plenas, mas estiveram sempre infelizes, debaixo do jugo da Lei? A resposta do reformador é: não. A diferença é que, ao crer nas promessas feitas a eles, já recebiam nos tempos antigos parte das bênçãos provenientes do Evangelho.

"Uma vez que seja evidente terem sido dotados conosco do mesmo Espírito de fé, segue-se terem sido participantes não só da mesma liberdade, como também da mesma alegria, respondemos que nenhuma das duas procedeu da lei... Foi fruto especial do Novo Testamento que, à parte da lei comum do Antigo Testamento, foram livrados desses males. Mais ainda, negaremos tenham sido eles a tal ponto aquinhoados do espírito de liberdade e certeza, que não experimentaram, em certo grau, tanto o temor quanto a servidão suscitados pela lei." (2.11.9, p.214)

"E aqui deve-se também notar a respeito dos santos pais que viveram de tal modo sob o Antigo Testamento, que não se detiveram ali, mas sempre aspiraram ao Novo, e assim lhe abraçaram real participação." (2.11.10, p.215)

Que o amor de Deus, em derramar sobre nós essa alegria proveniente do Evangelho, seja sempre motivo de adoração e louvor em nossas vidas.
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Diferenças entre os dois pactos: parte 3 [ 2.11.7-8 ]

Baseado nos versos de Jeremias 31.31-34, em que Deus promete uma nova Aliança entre ele e seu povo, Calvino nos apresenta a terceira diferença entre os testamentos, auxiliado pelos escritos paulinos.

"Desta passagem o Apóstolo tomou ocasião para estabelecer esta comparação entre a lei e o evangelho, de sorte que àquela chamasse ensino literal, a este, doutrina espiritual; daquela disse ele ter sido gravada em tábuas de pedra; deste disse ter sido escrito nos corações; daquela disse ser uma pregação de morte; deste disse ser de vida; daquela, de condenação; deste, de justiça; daquela, ser cancelada; deste, diz que permanece [2Co 3.6-11]". (2.11.7, p.212)

O reformador explica que existem algumas promessas na Lei, no entanto, elas podem ser consideradas como um elemento diferente, se levarmos em consideração a natureza pura dos mandamentos. Eles são bons, mas ministrando a um pecador só geram morte.

"Somente isto lhe atribuem o Profeta e o Apóstolo: que preceitua o que é reto, proíbe as impiedades, proclama recompensa aos cultores da justiça, ameaça castigo aos transgressores, porém, ao mesmo tempo, não muda nem corrige a depravação do coração, que é inerente a todos os homens." (idem)

Com isso, não devemos considerar a Lei como um elemento inútil na história da salvação. Pelo contrário, foi proveitosa ao antigo Israel. No entanto, quando comparada com o brilho do Evangelho, a antiga dispensação mostra sua fraqueza. Calvino exemplifica essa diferença entre os dois ministérios por meio da população do povo de Deus.

"Ora, se computamos a multidão desses a quem, regenerados por seu Espírito mediante a pregação do evangelho, de todos os povos agregou à comunhão de sua Igreja, diremos terem sido pouquíssimos, de fato quase nenhum, os que outrora, em Israel, abraçaram o pacto do Senhor com afeto de coração e de alma, os quais, no entanto, foram muitos, caso sejam computados em seu próprio rol, sem comparação." (2.11.8, p.213)
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Diferenças entre os dois pactos: parte 2 [ 2.11.4-6 ]

"Outra diferença de Antigo e Novo Testamentos é expressa nas figuras, uma vez que naquele a realidade estava ausente, ostentava somente a imagem e uma sombra em lugar do corpo, este exibe a realidade presente e o corpo real." (2.11.4, p.209)

A segunda diferença entre os dois pactos envolve novamente conceitos que já conhecemos: o Antigo Testamento é tipo e o Novo é antítipo. Isto é, o primeiro apresenta sombras de uma realidade revelada mais claramente no segundo. Novamente, isso não é uma questão de natureza, mas de administração de cada aliança. As cerimônias aqui ocupam um lugar importante.

"Estas cerimônias eram como que apenas acidentes do pacto, ou, na verdade, adições e anexos e, como diz o simples, acessórios... Conseqüentemente, em suma, neste contexto chama-se Antigo Testamento a maneira solene de confirmar o pacto compreendida em cerimônias e sacrifícios. Uma vez que, porém, nestas cerimônias e sacrifícios nada subsiste substancial, a não ser que se vá além deles, contende o Apóstolo ter sido necessário que se fizessem obsoletos e fossem abolidos, para que se desse lugar a Cristo, fiador e mediador de um Testamento superior [Hb 7.22], através de quem foi uma vez adquirida eterna santificação para os eleitos e obliteradas as transgressões que permaneciam sob a lei." (2.11.4, p.210)

Assim, o Antigo Testamento era algo temporário, substituído pelo Novo, "com confirmação firme e substancial" (idem), um pacto com características eternas, ministrado pelo próprio Deus, na pessoa de Cristo. O povo de Israel, vivia, portanto em uma situação semelhante à infância, guardados pela Lei como tutor.

"Paulo designa esta pobreza de compreensão pelo termo infância, querendo o Senhor que fosse exercitada por elementos deste mundo e pelas mesquinhas observâncias externas, como que por regras de disciplina infantil, até que Cristo se manifestasse, através de quem convinha que o conhecimento do povo fiel atingisse a maturidade [Ef 4.13]." (2.11.5, p.210)

Essa distinção não significa que os grandes homens do Antigo Testamento eram inferiores em fé ou piedade. Jesus nos diz que eles tinham consciência de que algo maior aguardava o povo de Deus (Lc 10.24), e Pedro o confirma em sua primeira carta, capítulo 1, verso 12. Ainda assim, aqueles homens estavam debaixo de sombras e tipos, pois viviam numa fase em que o Senhor assim resolveu lidar com sua nação.

"Pois, a pregação destes é não somente obscura, como que acerca de coisas longínquas, mas ainda encerrada em tipos. Além disso, por mais elevado fosse neles o conhecimento, entretanto, uma vez que tenham tido necessariamente de submeter-se à 'pedagogia' comum do povo, também eles próprios se contam no número das crianças." (2.11.6, p.211)

Que tenhamos o coração agradecido por receber essa revelação mais clara, mas que também temamos quando não nos mostramos gratos por tamanha generosidade da parte do Senhor.
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Diferenças entre os dois pactos: parte 1 [ 2.11.1-3 ]

Depois da longa seção sobre as semelhanças entre o Antigo e o Novo Testamento, Calvino lista agora as diferenças entre os dois pactos. Porém, ele nos lembra que devemos tomar cuidado ao tratar o assunto.

"Digo que todas estas diferenças são de tal natureza, e comprometo-me a demonstrá-lo, que dizem respeito ao modo de administração, antes que à substância. Por esta razão, nada impedirá que as promessas permaneçam as mesmas, quer do Antigo, quer do Novo Testamento, e Cristo como sendo o mesmo fundamento das próprias promessas." (2.11.1, p.206)

A primeira diferença já foi bastante comentada no capítulo anterior: as promessas futuras para judeus e para cristãos. Essa promessa não era diferente para os dois grupos, mas as imagens usadas para o antigo Israel são diferentes e, muitas vezes, remontam à realidades terrenas. No entanto, isso se devia ao fato de eles não estarem prontos ainda para as informações que a Igreja receberia a seguir.

"Portanto, foi-lhes destinada a mesma herança que a nós, mas, em razão da idade, ainda não eram capazes dela tomar posse e dela tratar. Estava entre eles a mesma Igreja, todavia, até esse ponto, como que na infância." (2.11.2, p.207)

Assim como a bem-aventurança, o castigo no Antigo Testamento também usava de imagens terrenas, como punições nesta terra para muitos dos que pecaram contra Deus. Essa realidade também apontava para a realidade final, onde os ímpios receberiam castigos eternos e não apenas materiais.

"Aliás, nos devencilharemos facilmente de tais entraves se voltarmos a mente para esta dispensação de Deus de que falei, a saber, que durante esse tempo em que ao povo de Israel ministrava seu Testamento, até então como que de forma velada, quis ele significar e prefigurar ora, mediante benefícios terrenos, a graça da felicidade futura e eterna, ora, mediante castigos corporais, a gravidade da morte espiritual." (2.11.3, p.209)

Vemos, portanto, que apesar dessas diferenças entre as duas porções da Bíblia, há uma unidade, a saber, que Deus é justo e a vingança pertence a ele. Que nos agarremos à cruz para fugir à ira vindoura.
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Cristo: Esperança de Israel [ 2.10.20-23 ]

Finalizando essa seção, Calvino passa a citar os profetas posteriores, demonstrando que eles também criam em um futuro bastante diferente da prosperidade material que os judeus tinham (ou poderiam ter) na época antiga. Com a proximidade da vinda de Cristo a natureza dessa vida futura tornou-se cada vez mais clara para aquele povo.

"O Senhor susteve esta economia e esta ordem na administração do pacto de sua misericórdia, de sorte que, quanto mais com o correr do tempo se aproximava o dia da plena revelação, com tanto maior clareza o quis anunciar." (2.10.20, p.202)

O reformador lembra que muitas vezes Deus utilizou comparou os benefícios eternos a benefícios temporais, a fim de que o povo pudesse entender bem suas dádivas, mas em geral a mensagem estava clara - viria um reino de bens eternos e espirituais. Alguns dos textos citados nessas seções são Ezequiel 37 e Isaías 26. Outros mostram mais claramente a glória futura, como Isaías 66 e Daniel 12. Tudo isso mostra que Israel abraçava esperança semelhante à nossa.

"O Antigo Testamento, ou Pacto, que Deus firmou com o povo de Israel, não se limitara às coisas terrenas; ao contrário, continha a promessa da vida espiritual e eterna, cuja expectação se impôs que fosse impressa na mente de todos quantos anuíam verdadeiramente ao pacto." (2.10.23, p.204)

Portanto, que o crente não abrace o erro dos saduceus que criam numa realidade sem ressurreição e sem imortalidade. A esperança dos pais é a mesma nossa, de vivermos num reino com o Messias amado.

"Pois Cristo, o Senhor, promete hoje aos seus não outro 'reino dos céus' senão aquele onde se reclinem com Abraão, Isaque e Jacó [Mt 8.11], e Pedro declarava que os judeus de seu tempo eram herdeiros da graça do evangelho, por isso eram 'os filhos dos profetas, incluídos no pacto que Deus havia outrora firmado com seu povo' [At 3.25]." (2.10.23, p.204s)
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Nossa esperança [ 2.10.17-19 ]

A lição que podemos tirar dessas últimas seções é não confiarmos nos bens terrenos, nem esperar que eles nos dêem satisfação. Em certo momento Deus reunirá de maneira gloriosa céus e terra, restaurando a harmonia do universo. E ali estarão também os cristãos, recebendo bênçãos muito maiores que temos na era presente.

"Onde estará esta beleza e graça dos fiéis, senão quando a face deste mundo tiver sido mudada pela manifestação do reino de Deus? Quando os olhos convergirem para essa eternidade, desprezada a momentânea agrura das calamidades presentes, confiantemente irrompam nestas palavras: 'Não permitirás jamais que pereça o justo, mas os ímpios tu os precipitarás no poço da perdição' [Sl 55.22, 23]." (2.10.17, p. 200)

Não devemos desfalecer se temos essa esperança, muito menos invejar o ímpio. O sofrimento do crente nesta vida é muito pequeno se comparado à alegria que ele terá no futuro. Devemos orar pelos ímpios para que eles percebam que o "caminho largo" propõe uma alegria falsa e efêmera. Tenhamos como exemplo os santos do Antigo Testamento.

"Visto que contemplavam o céu, sabiam que os santos são atormentados pelo Senhor 'com a cruz' por apenas um momento; que as misericórdias com que são cumulados são perpétuas. Por outro lado, anteviam a ruína, ruína eterna e que jamais haverá de findar-se, dos ímpios, os quais, como em um sonho, haveriam de ser felizes só por um dia." (2.10.18, p.201)

Calvino, por fim, comenta alguns textos bíblicos que tratam da vida futura, começando por Jó 19.25-27, onde o protagonista desse livro fala de uma ressurreição porvir. Para o reformador, não há qualquer motivo para não crermos que o texto não ensina a mesma verdade que os cristãos devem crer.

"Jó não teria chegado a esta amplitude de esperança, se em pensamento tivesse se deixado ficar na terra. Portanto, há que convir em que ele fixou seus olhos na imortalidade futura, pois compreendeu que, inclusive na sepultura, seu Redentor se preocupara com ele; já que a morte é o supremo desespero para os que têm seus pensamentos exclusivamente neste mundo, este não podia tirar-lhe a esperança." (2.10.19, p.202)

Que também guardemos essa esperança em nossos corações.
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A esperança dos fiéis [ 2.10.13-16 ]

O reformador prossegue em sua análise da esperança dos justos do Antigo Testamento. Estariam eles esperando algo além de bênçãos materiais? A resposta de Calvino, analisando agora as vidas de Jacó, Balaão e Davi, é: sim. O mesmo vale para o povo de Israel, que eram peregrinos mesmo chegando à Canaã.

"Pois, se são peregrinos e forasteiros na terra de Canaã, onde está a promessa do Senhor pela qual lhe foram constituídos herdeiros? Portanto, está ele obviamente a indicar que olha mais longe, a saber, para a posse que o Senhor lhes havia prometido. Pelo que, 'não adquiriram sequer o espaço de um pé' [At 7.5] na terra de Canaã, a não ser para sepultura, através do quê atestavam esperar receber o fruto da promessa somente após a morte." (2.10.13, p.197)

"Davi mais tarde proclamou: 'Preciosa é a morte dos santos à vista do Senhor [Sl 116.15]; péssima, porém, é a morte dos ímpios' [Sl 34.21]? Se o termo definitivo dos homens fosse a morte, certamente não haveria lugar para indicar diferença alguma entre a do justo e a do ímpio." (2.10.14, p.197s)

Os profetas fazem coro a Davi, citando em diversas ocasiões a idéia de uma vida futura eterna. Para Calvino, não é possível que se pense que temos já a herança conquistada por Cristo aqui na terra, uma vez que várias vezes os santos vivem em situações de sofrimento.

"A verdade é que o Senhor às vezes deixa seus servos ao bel-prazer dos ímpios, não só para que sejam por eles oprimidos, mas até estraçalhados e destruídos, permite que os bons definhem em trevas e em imundície, enquanto que os ímpios quase refulgem em meio às estrelas. Não os alegra a tal ponto com a serenidade de seu semblante que desfrutem diariamente de deleite." (2.10.16, p.199)

Assim, não devemos esperar uma vida de prosperidade aqui nesta vida, ainda que Deus nos proporcione muitas bênçãos. Precisamos, pelo contrário, ter a certeza de que o Senhor nos dará a vida eterna, reservada para o fim dos tempos.

"Contudo, esta esperança não pode, de modo algum, subsistir, a menos que descanse na promessa que lemos em Isaías [51.6]: 'Os céus, diz o Senhor, dissipar-se-ão como fumaça, a terra gastar-se-á como uma vestimenta, e seus habitantes se desvanecerão como estas mesmas coisas; minha salvação, porém, será para sempre, e minha justiça não desvanecerá' – passagem na qual a perpetuidade da justiça e da salvação é atribuída não até onde residem em Deus, mas até onde são experimentadas pelos homens." (2.10.15, p.198s)

[ Blog retornando às atividades esse mês. comente! ]
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A dura vida dos fiéis [ 2.10.10-12 ]

A análise de Calvino das vidas dos personagems do Antigo Testamento mereceria um post para cada um deles. Como, porém, temos as próprias Institutas, seria mais proveitoso cada irmão ler esses trechos que eu apenas reproduzir aqui. O reformador faz esse resumo das vidas de Adão, Noé, Abraão, Isaque e Jacó, e outros, para demonstrar que dificilmente podemos considerar as bênçãos que receberam nessa vida como a bem-aventurança prometida por Deus.

"Se porventura os próprios fiéis também foram ou não assim instruídos pelo Senhor para que sentissem haver para eles, em outra parte, uma vida melhor, e, relegada a um plano inferior a existência terrena, tivessem em consideração essa outra. Em primeiro lugar, a condição do viver que lhes fora divinamente imposta era um exercício contínuo em virtude do qual fossem lembrados de que eram de todos os mais miseráveis, caso fossem felizes apenas nesta vida." (2.10.10, p.193)

Essas seções são um remédio para irmãos impressionados com a teologia da prosperidade, uma vez que geralmente personagens como Noé e Jacó são usados como exemplo de vidas cheias de riqueza. É evidente que eles receberam inúmeras bênçãos, mas também passaram por grandes provações, demonstrando que só têm verdadeira herança nos céus.

Num belíssimo capítulo, Calvino mostra como a vida de Abraão trouxe diversas dores: vagar por terra estranha; prostituir a esposa, algo "mais amargo que muitas mortes" (2.10.11, p.194); separar-se de Ló, dor "como se lhe amputasse um de seus próprios membros" (idem) e outras provações, como a ordem de sacrificar o próprio filho.

"Abraão foi a tal ponto acossado e atribulado em todo o decurso da vida, que, se alguém porventura queira pintar numa tela o exemplo de uma vida calamitosa, certamente não achará nada mais apropriado. Nem objete alguém que ele não foi totalmente desafortunado, uma vez que, afinal, emergira venturosamente de tantas e tão grandes tempestades. Pois não diremos que leva uma vida ditosa aquele que moureje laboriosamente por infinitas dificuldades ao longo do tempo, mas aquele que desfrute tranqüilamente dos bens presentes, sem a sensação dos males." (2.10.11, p.195)

Da mesma maneira que Abraão, Calvino mostra as dificuldades de Adão pós-Queda, de Noé vivendo "quase atolado nos estrumes de animais" (2.10.10. p.193), Isaque e Jacó. O reformador lembra que o próprio neto de Abraão chama seus dias de maus e breves (Gn 47.9), demonstrando que a esperança dele estava na vida eterna.

"Quem declara haver atravessado a vida por entre contínuas adversidades, nega, evidentemente, haver usufruído essa prosperidade que lhe havia sido prometida pelo Senhor. Logo, ou Jacó era um mau e ingrato apreciador do favor de Deus, ou, com verdade, confessava publicamente haver sido desventurado sobre a terra. Se esta afirmação foi verdadeira, segue-se que ele não teve sua esperança fixa nas coisas terrenas." (2.10.12, p.196)

Que esse estudo nos ajude a ter uma mentalidade semelhante, retirando nossa esperança final das coisas terrenas e colocando-a no Senhor.
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Deus de vivos [ 2.10.7-9 ]

A questão das bênçãos dadas aos personagens do Antigo Testamento continua sendo tratada por Calvino. Eles receberam uma herança espiritual ou meramente tesouros terrenos? Uma análise de diversos personagens mostrará que os nossos pais tiveram acesso à mesma vida eterna que teremos.

"As almas dos piedosos são não só iluminadas para o conhecimento de Deus, como também são, de certo modo, a ele ligadas. Uma vez que, mediante esta modalidade de iluminação da Palavra, se apegaram a Deus Adão, Abel, Noé, Abraão e os demais patriarcas, digo que não há nenhuma dúvida de que tiveram ingresso no reino imortal de Deus. Pois essa era uma firme participação de Deus, que não pode subsistir fora da bênção da vida eterna." (2.10.7, p.191)

O reformador cita diversos textos do Antigo Testametno, como Habacuque 1.12 e Isaías 33.22, confirmando sua doutrina. Seu argumento é bastante simples - é impossível que Deus graciosamente resolva relacionar-se com alguém sem que também lhe presenteie com a vida eterna.

"A que homem ele haverá de manifestar-se por Deus a quem não abra também os tesouros da salvação?... Não se pode obter essa sua presença, a qual, ao mesmo tempo, não se possua a vida... Pois, não só aos corpos apenas enunciava ele haver-lhes de ser Deus, mas, sobretudo, às almas. Mas as almas, salvo se unidas a Deus pela justiça, dele alienadas, permanecem na morte. Por outro lado, faça-se presente esta união: levará consigo perpétua salvação." (2.10.8, p.192)

A Bíblia também trata muitas vezes os fiéis como se mantivessem um relacionamento com Deus após sua morte, como se a existência não acabasse com o fim da vida. Várias promessas serão cumpridas quando o objeto do que foi prometido já estiver morto. Por exemplo, a bênção de uma longa e bem-aventurada posteridade. Deus não é Deus de mortos, mas de vivos.

"Com efeito, a veracidade desta promessa então a selou o Senhor, e como que lhe exibiu o cumprimento, quando, muito depois da morte destes, o denominavam o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó [Ex 3.6]. E então? Não era, porventura, ridícula essa designação, se haviam perecido? Ora, teria sido exatamente como se assim houvesse falado: 'Eu sou Deus daqueles que não existem.'... Donde era de se concluir que, na verdade, não se extinguem na morte aqueles a quem receberam sob sua tutela, guarda e proteção é Aquele que é o árbitro da morte e da vida." (2.10.9, p.192s)
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A unidade dos testamentos [ 2.10.4-6 ]

Calvino continua sua exposição da similaridade entre os dois Testamentos, lembrando que a fé em Cristo, o Mediador, é comum ao povo antigo e à igreja. Temos o exemplos diversos na Bíblia, e o reformador destaca alguns:

"E, para que não disputemos por demorado tempo acerca de coisa óbvia, temos a notável afirmação do Senhor: 'Abraão exultou porque haveria de ver meu dia; viu-o e se regozijou' [Jo 8.56]... Tanto a bendita Virgem, quanto Zacarias, em seus cânticos [Lc 1.54, 55, 72, 73], dizem que a salvação revelada em Cristo foi o cumprimento das promessas que o Senhor fizera outrora a Abraão e aos patriarcas. Se, em manifestando a seu Cristo, o Senhor saldou o compromisso de seu antigo juramento, não se pode dizer que seu objetivo não esteve sempre em Cristo e na vida eterna" (2.10.4, p.189)

Não apenas o Mediador da Aliança, mas as consequências que envolvem esse contrato com Deus são semelhantes para Israel e os cristãos. Paulo liga claramente os símbolos do batismo e da ceia com as situações dos israelitas no deserto, como vemos em 1 Coríntios 10. Ali, o apóstolo mostra que o mesmo Deus que castigou os israelitas é aquele pode castigar a Igreja. Consequentemente, tanto os judeu quanto os crentes de hoje recebem de Cristo alimento e herança espiritual.

"Não só os cercou o Senhor dos mesmos benefícios, mas também manifestou sua insigne graça entre eles pela instrumentalidade dos mesmos símbolos. Como se [Paulo] estivesse a dizer: Se confiais que estais fora de perigo só porque não apenas o Batismo com que fostes selados, mas também a Ceia de que participais diariamente, têm excelentes promessas, enquanto isso, desprezada a bondade de Deus, vos entregais desenfreadamente à dissolução, sabei que os judeus nem mesmo precisaram de tais símbolos, contra quem, no entanto, a despeito disso, o Senhor executou mui severamente seus juízos." (2.10.5, p.189)

Algumas objeções podem ser feitas, como a comparação que Jesus faz entre si mesmo e o maná no deserto. Diz Cristo que aquele pão não lhes deu a vida eterna, algo que sua carne nos providencia (João 6). A resposta está no contexto da cena, onde o Senhor está confrontando pessoas que tentam colocá-lo contra Moisés. Jesus ensina que ele, como Pão vivo, é alimento eterno.

"Porquanto sabia que o Senhor, quando fazia chover do céu o maná, não havia derramado apenas o alimento do ventre, mas também o havia dispensado como um mistério espiritual, para prefigurar a vivificação em espírito que se tem em Cristo, Paulo não negligencia este aspecto, que era o mais digno de consideração. Pelo que se conclui, certa e claramente, que não só foram comunicadas aos judeus as mesmas promessas de vida eterna e celestial com que o Senhor nos digna agora, mas também foram elas seladas com sacramentos verdadeiramente espirituais." (2.10.6, p.190)

Portanto, podemos ter certeza de que o mesmo Deus que cuidou de Abraão e seus descendentes é aquele que cuidará de nossas vidas. Que tenhamos essa confiança.
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Uma esperança para todos [ 2.9.1-3 ]

Calvino enfatiza as semelhanças entre o Antigo e o Novo Testamento nesse capítulo. Uma de suas intenções é combater as heresias propostas por Serveto e grupos anabatistas, que rejeitavam os judeus como herdeiros da vida eterna. Para o reformador, vemos apenas uma forma de governo diferente, de uma aliança que vem pelo mesmo Mediador.

"O pacto de todos os ancestrais em nada difere do nosso em substância e na própria realidade, o qual, em última instância é um e o mesmo. Varia-lhes, no entanto, a forma da dispensação." (2.10.2, p.187)

Existem alguns pontos de contato entre estes dois momentos da história da salvação que são destacados por Calvino. São eles: a vida eterna, a graça e o Mediador. Cada um será tratado adiante.

"Primeiro, sustentemos que a meta proposta aos judeus não foi opulência carnal e felicidade, a que supinamente aspirassem, mas, ao contrário, que foram eles adotados à esperança da imortalidade e que a realidade desta adoção lhes foi certificada, seja por divinas comunicações, seja pela lei, seja pelos profetas. Segundo, que o pacto mediante o qual foram coligados ao Senhor não se fundamenta em quaisquer méritos seus, mas unicamente na misericórdia de Deus, que os chamou. Terceiro, que eles não só tiveram, mas também conheceram a Cristo como o Mediador, através de quem tanto fossem unidos a Deus, quanto fossem eles possuidores de suas promessas." (idem, grifos meus)

Sobre este primeiro ponto, Calvino nos lembra que Paulo nos diz que o Evangelho, ainda que encoberto, foi a mensagem que o povo de Israel ouviu. Ora, sendo a mesma mensagem que recebemos pelos apóstolos, está claro que diz respeito à vida eterna em um reino espiritual, não a promessas terrenas.

"De igual modo, da lei e dos profetas tem testemunho a justiça da fé, que é ensinada pelo próprio evangelho [Rm 3.21]. Porque, de fato o evangelho não detém os corações humanos no encantamento da presente vida, ao contrário os arrebata à esperança da imortalidade; não os prende às delícias terrenas, mas, proclamando a esperança posta no céu, para ali os transporta." (2.9.3, p.188)

"Ora, se a doutrina do evangelho é espiritual e abre acesso à posse da vida incorruptível, não pensemos que aqueles a quem fora ele prometido e anunciado, tenham descartado e negligenciado o cuidado da alma, e tenham se embotado na busca dos prazeres do corpo, como se fossem animais brutos." (idem)

Assim, os cristãos não devem cair no erro de pensar que existe diferença entre a esperança prometida aos patriarcas e a nós. Todos aguardamos uma herança divina, e não um mundo de prazeres e bênçãos meramente materiais. Não devemos ser gnósticos e renegar a criação, porém também precisamos cuidar para que nosso coração não esteja neste mundo caído, mas nos novos céus e nova terra.
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Lei e Evangelho II [ 2.9.4-5 ]

A dicotomia Lei e Evangelho continua sendo tratada por Calvino. Diferente de muitos grupos, o reformador não entende que haja uma distinção tão grande entre essas duas porções da Palavra. Ele reconhece que Paulo usa os termos de maneira contrária ás vezes, quando quer discutir a justiça quem da lei e a justiça que vem da fé.

"Certamente que não se deve rejeitar esta antítese, pois, com freqüência, Paulo entende sob o termo lei a norma do justo viver, pela qual Deus exige de nós o que é seu, nenhuma esperança de vida outorgando, se não lhe obedecemos integralmente, e por sua vez acrescenta maldição, se nos desviamos mesmo que seja apenas um mínimo." (2.9.4, p.184)

Por outro lado, a Lei, como já dissemos várias vezes, é a própria expressão da vontade de Deus. Ela foi a revelação do Criador aos judeus e, como tal, não pode ser meramente descartada. Certamente existe um motivo para que nossos pais seja chamados heróis da fé - ainda que envoltos em sombra, eles creram na mensagem de graça que foi apresentada.

"Paulo acrescenta, pouco depois, que ele tem o testemunho da parte da lei e dos profetas [Rm 3.21]. Aliás, no final desta mesma Epístola [Rm 16.25, 26], ainda que a ensinar que a pregação de Jesus Cristo é a revelação do mistério guardado em silêncio durante os tempos eternos, atenua esta postulação com uma explicação anexa, ensinando que esse mistério se manifestou por meio das Escrituras proféticas. Do que concluímos que onde se trata de toda a lei, dela difere o evangelho só no que respeita a uma clara manifestação." (2.9.4, p.184s)

No limite dessas duas dispensações há um personagem que se destaca - João Batista. Enquanto ele não tenha conhecido a glória da Aliança renovada por Cristo, este profeta a anunciou, reconhecendo que estava se iniciando uma diferente era.

"Porque ainda não havia fulgido o pleno dia, foi ele chamado por Cristo uma lâmpada a arder e a luzir [Jo 5.35]. No entanto, tampouco isso impede que João Batista seja contado entre os pregoeiros do evangelho, posto que, além disso, ele fez uso do mesmo batismo que, mais tarde, foi outorgado aos apóstolos. Entretanto, o que ele começou, somente após Cristo ter sido recebido na glória celeste veio a completar-se, de maneira mais desenvolta, pela instrumentalidade dos apóstolos." (2.9.5, p.185)

Que tenhamos em nossos corações a convicção de que vivemos um momento glorioso na história da salvação, e que isso gere em nós um sentimento de cuidado pela mensagem que devemos anunciar.
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Lei e Evangelho [ 2.9.1-3 ]

Depois de várias seções sobre a Lei, Calvino passa a analisar também a natureza do Evangelho, comparando essas duas porções da Escritura. Para o reformador, os judeus receberam certa revelação de Deus, porém algo não tão valioso quanto recebebemos - a saber, Cristo.

"Não que o ensino destes tenha sido inútil ao povo antigo ou que nada lhes foi também aproveitado, mas somente que não chegaram a possuir o tesouro que Deus nos transmitiu pela mão deles. Ora, hoje se nos põe diante dos olhos, de maneira familiar, a graça acerca da qual testificaram. E, enquanto a degustaram apenas superficialmente, ela nos é oferecida mais copiosamente em sua concretização." (2.9.1, p.181)

Isso significa que os israelitas receberam parte da mensagem sobre Cristo, mas fomos nós que obtivemos maior conhecimento do plano de redenção, antes envolto em sombras.

"'Portanto, com sua vinda, Cristo trouxe à luz, mediante o evangelho, a vida e a imortalidade' [2Tm 1.10]. Com estas palavras, não entende Paulo que os pais tenham sido submergidos nas trevas da morte até que o Filho de Deus se revestisse de carne; pelo contrário, vindicando ao evangelho esta prerrogativa de honra, ensina que ele foi uma nova e insólita modalidade de embaixada, pela qual Deus cumpriu o que havia prometido, de sorte que na pessoa do Filho se patenteasse a veracidade das promessas." (2.9.2, p.182s)

Calvino, no entanto, deixa um alerta. Não recebemos ainda todas as bênçãos prometidas em Cristo pela Lei, uma heresia ensinada por Serveto. Em uma dura palavra contra este teólogo, o reformador mostra que ainda temos bênçãos a esperar. Nossa salvação está no futuro ainda.

"Logo, ainda que no evangelho Cristo nos ofereça a atual plenitude de bênçãos espirituais, contudo a concretização jaz sempre sob a custódia da esperança, até que, despojados da carne corruptível, sejamos transfigurados na glória daquele que vai a nossa frente." (2.9.3, p.183)

Vemos, portanto, o reformador defendendo a idéia tão popular atual do "já" mas "ainda não". Isto é, já desfrutamos de todas as bênçãos, algumas agora, enquanto outras nos vêm apenas pela fé. Tanto o Evangelho quanto a Lei contêm essas promessas, ainda que se mostrem de forma diferente.

"Nem se ajustam mal entre si estas duas coisas: possuirmos nós em Cristo tudo quanto contempla à perfeição da vida celeste e, no entanto, ser a fé a visão de bens que ainda não se vêem” [Hb. 11.1]. Que se note apenas uma diferença na natureza ou qualidade das promessas: que o evangelho mostra com o dedo o que a lei vislumbrou sob a forma de tipos." (2.9.3, p.184)

Que Deus nos dê essa consciência.
E, só pra constar: Boa comemoração de 500 anos a todos! =)
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Pecados veniais e mortais [ 2.8.58-59 ]

Novamente, o mestre francês mira nas idéias inovadoras dos escolásticos. Dessa vez, Calvino critica a noção errônea entre pecados mortais e veniais. Entenda-se pecado venial como "um desejo pecaminoso sem assentimento deliberado, que viceja no coração não por tempo demorado" (Tomás de Aquino, citado em 2.8.58, p.159). Isto é, teríamos um tipo de mal que não seria tão grave ofensa contra Deus quantos os pecados "comuns". No entanto, o reformador explica que tanto esse desejo quanto a ação vêm do mesmo lugar.

"Eu, porém, digo que certamente não se pode suscitar tal desejo, a não ser em virtude da falta dessas coisas que se requerem na lei... Donde provêm esses impulsos, ainda que lânguidos, senão porque há algo vazio na alma para dar acolhida a tentações desta natureza?" (idem)

Quando Deus nos ordena que amemos com todo nosso ser, está claro que toda a alma deve estar voltada a ele, sem exceção para desejos malignos rápidos. Além disso, o décimo mandamento justamente nos proibe de ter pensamentos maus, significando que isto é algo tão pecaminoso quanto a própria ação consumada.

"O preceito é sobre amar a Deus de todo o coração, de toda a mente, de toda a alma. Portanto, a não ser que para o amor de Deus se voltem todos os poderes da alma, já é alienamento da obediência da lei, porquanto os inimigos que aí se insurgem contra seu reino, e lhe obstam os decretos, provam não estar bem firmado em nossa consciência o trono a Deus... Sobre a transgressão da lei sempre se descarrega a maldição de Deus. Portanto, não há por que eximamos da sentença de morte a qualquer cobiça, ainda as mais leves." (idem)

A idéia de pecados menos terríveis parece mais agradável por nos deixar a consciência mais tranquila. No entanto, não é isto que ensina a Palavra. Se Deus é aquele que ordena, como poderia um desacato a sua autoridade ser menos que mortal?

"Com efeito, deveriam considerar não só o que se ordena, mas também quem é que o ordena, visto que nela a mínima transgressão da lei que ele estabeleceu é ferida sua autoridade. Porventura lhes é de pouca importância que a majestade de Deus seja violada em qualquer coisa? Ademais, se na lei expôs Deus sua vontade, desagrada-lhe tudo quanto é contrário à lei." (2.8.59, p.180)

Por outro lado, felizmente, em relação aos que estão debaixo da graça de Cristo nenhum pecado mais é mortal. Fomos cobertos pelo sangue de Cristo, ele levou sobre si a morte que seria nossa. Que louvemos ao Senhor por tanto amor.

"Quanto aos pecados que os santos e os fiéis cometem, saibam que são veniais, não por sua natureza, mas porque pela misericórdia de Deus são perdoados." (idem)
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Contra os escolásticos [2.8.56-57 ]

Na época de Calvino, os teólogos escolásticos haviam transformado os mandamentos de amor ao próximo em meros conselhos, algo que nem toda igreja poderia suportar. O teólogo de Genebra faz menção direta a Tomás de Aquino, criticando a idéia tomista de que a ordem para amarmos nossos inimigos e não buscarmos vingança só se aplica ao povo leigo.

"E assinalam a razão por que não os recebem como leis: parecem excessivamente pesados e severos, especialmente aos cristãos que estão debaixo da lei da graça. Ousam, desse modo, abolir a eterna lei de Deus quanto ao dever de se amar ao próximo? Aparece, porventura, tal distinção em alguma página da lei? E, por outro lado, porventura não ocorrem nela, a cada passo, mandamentos que mui rigidamente de nós exijem o amor para com os inimigos?" (2.8.56, p.177)

A idéia dos escolásticos é a mesma que muito mestres apresentam hoje - por estarmos debaixo da graça, não precisamos andar a segunda milha. Não existe a possibilidade de claros mandamentos serem meros conselhos, e não parte da Lei de Deus. O desafio do teólogo de Genebra não deixa dúvidas: "ou invalidem da lei estas passagens, ou reconheçam que o Senhor foi um Legislador, e não inventem que ele foi apenas um Conselheiro." (idem)

Uma evidência de que o reformador está correto encontra-se na própria história da igreja. Calvino mostra que muitos pais entenderam palavras como Mateus 5.44,45 como mandamentos. Ele cita Crisóstomo, Agostinho e Gregório o Grande. Além disso, o próprio Cristo nos diz que aquele que não ama o inimigo é como gentio e publicano. Por acaso estaria Jesus chamando sua igreja nesses termos? Outro argumento: muito mais difícil que amar os inimigos é amar a Deus da maneira como nos é exigido.

"E quão disparatadamente argumentam! Seria, insistem eles, um fardo excessivamente pesado para os cristãos. Como se de fato se possa cogitar o que quer que seja mais pesado do que amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de todas as forças! Diante desta lei, nada se deva ter como não fácil, seja amar o inimigo, seja alijar do coração todo desejo de vingança. Sem dúvida que à nossa insuficiência são árduas e difíceis todas as injunções, até mesmo a mais insignificante minúcia da lei." (2.8.57, p.178)

Dizer que estamos debaixo da graça e não da Lei é uma desculpa de quem não quer viver uma vida semelhante ao do nosso Senhor, o homem de dores. A graça nos capacita a andar segundo a expressão do caráter de Deus. E este caráter, antes impresso nas pedras do Sinai, agora é gravado em nosso ser.

"Ser cristão debaixo da lei da graça não é vaguear desenfreadamente sem lei, mas estar enxertado em Cristo, por cuja graça está liberado da maldição da lei e por cujo Espírito tem a lei gravada no coração." (2.8.57, p.178)
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O amor ao próximo [ 2.8.54-55 ]

O tema do amor ao próximo - expressão da Lei do Senhor - é desenvolvido um pouco mais por Calvino nas próximas seções. A pessoa do próximo é o tema principal agora, mas antes é preciso que entendamos a expressão "como a ti mesmo". Para o reformador isso significa que precisamos amar aos outros com a mesma intensidade que amamos a nós mesmos. Com efeito, aquele que dedica-se apenas a si mesmo mostra viver uma vida miserável e fria.

"A observância dos mandamentos não é o amor por nós mesmos, mas o amor por Deus e pelo próximo, e que vive de maneira a mais nobre e a mais santa aquele que vive e luta por si o mínimo possível, e que ninguém, de fato, vive mais indignamente, nem mais iniquamente, que aquele que vive e luta apenas por si e cogita e busca somente o que lhe é do interesse. E, além disso, para que mais expressasse o Senhor com quão grande propensão nos importa aferrar-nos ao amor do próximo, reportou-se ele ao amor por nós mesmos como a seu parâmetro, visto que não tinha nenhum afeto mais veemente e mais forte pelo qual expressá-lo. " (2.8.54, p.175)

Mesmo em nossa natureza caída guardamos afetos em relação ao nosso ser, e o próximo deve receber esta mesma afeição. Ao invés de nos dedicarmos apenas a nós mesmos, temos aqui a ordem para dedicar-se aos outros.

"Em razão da depravação natural, costumava em nós residir o afeto do amor para conosco próprios, deve-se ele agora estender a outrem, de sorte que estejamos preparados para, com não menor alegria, ardor, solicitude, fazer o bem antes ao próximo que a nós mesmos." (2.8.54, p.176)

Mas quem seria o próximo? A parábola do bom samaritano nos ensina que são todos aqueles, sem exceção. Calvino entende que, é evidente, nos dedicaremos aos mais próximos de nós em especial. Mas isso não exclui nossa obrigação com todos.

"Afirmo, porém, que se deve abraçar com um só afeto de caridade a todo gênero humano, sem qualquer exceção, porquanto aqui não há nenhuma distinção de bárbaro ou grego, de digno ou indigno, de amigo ou inimigo, visto que devem ser considerados em Deus, não em si mesmos, consideração esta da qual, quando nos desviamos, não surpreende que nos emaranhemos em muitos erros." (2.8.55, p.176)

A idéia de que eles devem ser "considerados em Deus" é a base para colocarmos o mandamento de amar a todos como a nós mesmos em prática. O Senhor é aquele que nos diz para amar. Não devemos colocar nossos sentimentos pessoais acima do nosso amor pelo Criador, e nem de sua autoridade.

"Conseqüentemente, se apraz manter a verdadeira linha do amar, devem-se voltar os olhos, em primeiro plano, não para o homem, cuja visão mais freqüentemente engendraria ódio que amor, mas para Deus, que manda que o amor que lhe deferimos seja difundido em relação a todos os seres humanos, de sorte que seja este o perpétuo fundamento: seja quem for o homem, deve ele, no entanto, ser amado, já que Deus é amado." (idem)

Que não fujamos desse mandamento com desculpas de qualquer tipo, mas que sejamos graciosos como o próprio Senhor é.
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A lei do amor [ 2.8.51-53 ]

Encerrando sua exposição dos Dez Mandamentos, Calvino agora volta-se novamente para a natureza e o propósito da Lei. Primeiramente, ele nega que ali o Senhor nos apresenta apenas rudimentos ou algo simples. Pelo contrário, é uma afirmação da vontade e da mente de Deus.

"Agora não será difícil ver qual é a intenção e o fim de toda a lei; a saber, uma justiça perfeita, para que a vida do homem esteja inteiramente conformada à natureza divina. Pois aqui Deus pintou de tal forma sua própria natureza que, se alguém representa em atos tudo o que aí se prescreve, há de expressar, de certo modo, na vida a imagem de Deus." (2.8.51, p.173)

A maneira como essa imagem de Deus se expressa é através do amor - ao próprio Deus e ao próximo. Essa é uma afirmação neotestamentária, que comprova não ser a Lei mero princípio que pode ser ignorada pelos membros da igreja de Cristo. De fato, Calvino nota que os profetas sempre pediam que os israelitas comprovassem aquilo que existia em seus cultos por meio do cumprimento dos mandamentos - em especial, em relação ao próximo. Isto também se aplica a nós.

"Visto que, de fato, a obediência da primeira tábua se situava, dir-se-ia inteiramente, ou no afeto do coração, ou nos ritos cerimoniais. O afeto do coração não se punha à mostra; os hipócritas se entregavam assiduamente às cerimônias. Mas, as obras da caridade são tais que, através delas, atestamos a genuína retidão.... Quase sempre que os profetas exortam ao arrependimento, deixada de parte a primeira tábua, insistem na fidedignidade, no juízo, na misericórdia e na eqüidade... Quando discorrem acerca da observância da lei, insistem geralmente na segunda tábua, porquanto aí se visualiza, no mais elevado grau, o zelo da retidão e da integridade." (2.8.52, p.174)

Assim, o reformador conclui dizendo que não é sem motivo que várias vezes o amor (ou caridade) é chamado de "cumprimento da Lei". Ele não apenas demonstra amor ao próximo, mas é também uma expressão de louvor a Deus, uma vez que ele não necessita de nossas boas obras em relação a ele(Sl 16.2).

"Certo é que a fé ocupa o primeiro lugar na Lei e nos Profetas, e tudo quanto diz respeito ao culto legítimo de Deus; que o amor é relegado a um lugar inferior. Mas, o Senhor entende que na lei nos é prescrita a observância da justiça e da eqüidade entre os homens, para que sejamos exercitados a testificar-lhe piedoso temor, se porventura algum temor haja em nós." (2.8.53, p.175)

Que expressemos nossa fé em Deus por meio do amor ao próximo.
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O décimo mandamento [ 2.8.49-50 ]

"Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo." (Êxodo 20.17)

Finalizando sua exposição dos Decálogo, Calvino apresenta um mandamento que cuida especialmente de nossas mentes. Trata-se de uma ordem para que não desejemos aquilo que não é nosso. Vemos o Senhor preocupado em impedir até mesmo intenções pecaminosas que levem a atos pecaminosos.

"Visto que Deus quer que a alma toda seja possuída do afeto do amor, de nossas disposições se deve alijar todo desejo contrário à caridade... Não se nos insinue qualquer pensamento que nos mova o espírito com uma concupiscência danosa e tendente ao detrimento de outrem. A que corresponde o preceito oposto, que tudo quanto concebemos, deliberamos, queremos, intentamos, seja isto associado com o bem e proveito do próximo." (2.8.49, p.171)

"Portanto, da mesma forma que até aqui o Senhor ordenou que a norma da caridade presida a nossas vontades, a nossos esforços, a nossas ações, assim agora ordena sejam conduzidos à mesma norma os pensamentos de nossa mente, para que não haja nenhum pensamento corrupto e pervertido, que incite a mente em outra direção. Da mesma forma que proibiu que a mente fosse inclinada e induzida à ira, ao ódio, à fornicação, à rapina, à mentira, assim proíbe agora que ela seja sequer incitada a essas transgressões." (2.8.49, p.171s)

Jesus já disse que é do coração que vêm todos os males que contaminam o homem. Calvino entende que muitos desses desejos vêm do fato que não temos amor por nossos irmãos. É importante sabermos que só cultivamos maus pensamentos, que visam prejudicar o próximo, porque não o amamos como deveríamos.

"Ora, donde de fato acontece que te subam à mente desejos danosos em relação a teu irmão, senão porque, em negligenciando-o, só te preocupas contido mesmo? Se, pois, toda tua mente estivesse imbuída da caridade, nenhuma partícula lhe estaria aberta a tais imaginações. Portanto, até onde agasalha ela a cobiça, até esse ponto ela tem de estar vazia de caridade." (2.8.50, p.172)

Quanto àqueles que objetam ser duro esse mandamento, nos condenando por qualquer idéia aleatória que surge em nossa mente, Calvino nos lembra que Deus não pede menos que a perfeição. A segunda tábua dos mandamentos nos demonstra como Deus trata os homens e nossa missão é seguirmos sua santidade.

"É questão de fantasias dessa espécie que, enquanto se exibem diante das mentes, ao mesmo tempo mordem e ferem o coração com a cobiça, uma vez que nunca vem à mente optar por algo, que o coração não palpite excitado. Portanto, Deus ordena um maravilhoso ardor de afeição, que não quer que seja obstruído sequer pelo menor assomo de cobiça. Requer um espírito mirificamente disposto, que não tolera ser estugado por sequer leves aguilhões contra a lei do amor." (idem)

Que esvaziemos nossas mentes de qualquer pensamento que deseja o que não nos pertence.
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O nono mandamento [ 2.8.47-48 ]

"Não serás testemunha falsa contra teu próximo." (Êxodo 20.16)

A base para esse mandamento é que Deus, como a própria verdade, não deseja que seus servos tenham como prática a mentira. Em especial, se ela servir para difamar ou rebaixar nossos irmãos.

"Portanto, a suma é esta: que não prejudiquemos o nome de alguém ou com calúnias e incriminações falsas, ou mentindo façamos dano a seu patrimônio; enfim, não façamos mal a quem quer que seja, pelo desenfreamento da maledicência e da mordacidade... Que prestemos a cada um, até onde for viável, fiel assistência na afirmação da verdade, para que se proteja a integridade tanto de seu nome, quanto de suas coisas." (2.8.47, p.169)

Calvino entende que este mandamento também nos impõe que refreemos nossa língua no tratamento ao próximo. Além disso, também devemos usar nossas palavras para abençoar vidas, falar aquilo que é verdadeiro e manter o bom nome dos nossos irmãos. Este é o maior tesouro que alguém pode ter. Por isso, a maledicência também é proibida.

"A tal ponto nos deleitamos, por um como que envenenado prazer, seja em procurar descobrir, seja em divulgar as faltas alheias! Nem pensemos ser uma desculpa procedente, se muitas vezes não estamos a mentir. Ora, Aquele que proíbe que seja deturpado pela mentira o nome de um irmão, quer também que se conserve ele ilibado, quanto seja exeqüível em consonância com a verdade." (2.8.48, p.170)

O reformador condena todo tipo de brincadeira ou sarcamos que procure humilhar e diminuir os outros, expondo seus defeitos, e causando vergonha e tristeza. Isto inclui não apenas o falar, mas também ouvir e cultivar dentro de si tais chistes. Nosso Deus é santo e pede santidade na língua, ouvidos e coração.

"Não afetemos falsa urbanidade e embebida de amargos sarcasmos, mediante os quais, sob a aparência do chiste, com mordacidade se trazem à baila os defeitos dos outros... Não ofereçamos, seja a língua, sejam os ouvidos, a expressões maledicentes e sarcásticas, e não abandonemos, sem razão, a mente a sinuosas suspeitas; pelo contrário, fiéis intérpretes das palavras e atos de todos, conservemos-lhes sinceramente ilibada a honorabilidade, tanto no juízo, quanto nos ouvidos, quanto na língua." (2.8.48, p.171)
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Uma ética calvinista [ 2.8.46 ]

Na segunda parte de sua exposição do oitavo mandamento, Calvino apresenta algumas aplicações práticas. A primeira delas é que devemos a todo custo lutar para que as pessoas mantenham seus bens e, ao mesmo tempo, não devemos nos apegar demais aos nossos.

"Até onde possível, mediante conselho e assistência, a todos ajudemos fielmente a conservarem o que é seu. Entretanto, se tivermos de nos haver com pérfidos e enganadores, estejamos preparados antes a ceder algo do que é nosso do que com eles contendermos... Aqueles a quem houvermos de ver premidos pelas dificuldades das coisas, compartilhemos-lhes das necessidades e com nossa abundância supramos-lhes a falta de recursos. Finalmente, atente cada um, não importa até onde, por dever de ofício, obrigado para com outros e de boa fé, a pagar o que lhes deve." (2.8.46, p.168)

Para o teólogo, devemos entregar a cada pessoa aquilo que lhes devemos. Isto significa que devemos agir corretamente ao lidar com empregados, patrões, governantes, pais, etc. Não tratar estas pessoas como elas merecem é furtar-lhe algo. Calvino fala em especial de nossos líderes tanto na sociedade quanto na igreja.

"Tenha o povo em honra a todos que lhe são constituídos em autoridade, suporte-lhes de bom grado o domínio, obedeça-lhes às leis e determinações, a nada se furtando que possa fazer para o agrado de Deus. Por outro lado, sustenham esses o cuidado de seus súditos, conservem a paz pública, sejam por proteção aos bons, reprimam os maus. De tal modo administrem a tudo como se tivessem de prestar conta de sua função a Deus, o Juiz Supremo." (idem)

"Exerçam sua autoridade como os bons pastores sobre suas ovelhas. Por sua vez, receba-os o povo por mensageiros e apóstolos de Deus, renda-lhes essa honra de que o Mestre Supremo os fez dignos, proveja-lhes aquelas coisas que lhes são necessárias à vida." (idem)

De maneira semelhante, pais e filhos, jovens e velhos, e empregados e chefes devem se tratar dignamente, cada qual segundo a posição que tem.

"Reverenciem os jovens a idade senil, como o Senhor quis que essa idade seja digna de honra. Também, com sua prudência e pela experiência que os excelem, assistam os idosos à insuficiência da juventude, não apoquentando-os com recriminações ásperas e estridentes; pelo contrário, moderem a severidade pela afabilidade e delicadeza." (idem)

"Que os empregados, diligentes e com mansidão, se mostrem obedientes aos patrões, não fazendo isso em aparência, mas de coração, como que servindo ao próprio Deus. Os patrões também não se conduzam como rabugentos e intratáveis para com os empregados, não os pressionem com excessiva aspereza, nem os tratem insolentemente. Antes, pelo contrário, reconheçam que eles são seus irmãos e seus conservos sob o Senhor celeste, a quem devem amar mutuamente e tratar humanamente." (idem)

Cristo seja nosso modelo ao tratarmos com o próximo. Que não usemos a posição que Deus nos deu para massacrá-lo ou desrespeitá-lo. Não sejamos como ladrões, não entregando a cada pessoa aquilo que é dela ou tomando o que não nos pertence. Que o Espírito Santo nos ilumine nessas situações.
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O oitavo mandamento [ 2.8.45 ]

"Não cometerás furto." (Êxodo 20.15)

Calvino dedica duas longas seções à aplicações deste mandamento. Além de serem úteis aos estudantes da Bíblia, esses comentários também nos apresentam um pouco da ética e do pensamento econômico do reformador.

"Somos proibidos de cobiçar as coisas alheias e, conseqüentemente, se nos ordena fazer sincero esforço em conservar a cada um seus próprios bens. Pois, deve-se assim refletir: que a cada um vem aquilo que possui, não por contingência fortuita, mas em virtude da dispensação do Supremo Senhor de todas as coisas. Portanto, não se pode, mediante maldosas artimanhas, defraudar as posses de quem quer que seja sem que se cometa violação da divina dispensação." (2.8.45, p.166s)

Existem diferentes formas de furto, como o roubo por meio de violência, o fraude realizada com sutileza, a doação que vem por meio de bajulação e mesmo os bens que são tomados em nome de uma suposta justiça. Aquele que oprime o mais fraco não escapa deste mandamento.

"Deus vê os longos embustes com os quais o homem matreiro procura enredilhar o espírito mais simples, até que o atraia, afinal, a suas malhas; Deus vê as leis duras e desumanas com as quais o mais poderoso oprime e prostra o fraco; Deus vê os engodos com os quais o mais astuto isca o incauto como que com anzóis, todos os quais escapam ao julgamento humano, nem vêm à cogitação." (2.8.45, p.167)

Mas o teólogo também olha para o lado daqueles que são senhores, e sabe que alguém "mais fraco" não é um santo. Roubamos quando não realizamos bem o serviço pelo qual somos pagos. Vemos aqui um pouco da ética trabalhista de Calvino.

"Se, ocioso, um administrador ou mordomo devora o capital de seu senhor, nem está preocupado com o cuidado de seu patrimônio; se ou esbanja indebitamente os cabedais a si confiados, ou os dissipa desregradamente; se um criado tem em zombaria ao patrão; se lhe divulga os segredos; se de qualquer forma lhe trai, seja a vida, sejam os bens; se, por outro lado, um senhor oprime desumanamente à família; em crime de furto se faz culpado diante de Deus. Pois, quem não perfazo que, em função de sua vocação, deve aos outros, não só retém o alheio, mas até dele se apropria." (idem)

Oremos para que o Senhor transforme nosso coração. Muitas vezes nossos trabalhos são cansativos e entediantes, mas estamos lidando com os bens de outros também, e não apenas os nossos. Sejamos bons mordomos.
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Conselhos matrimoniais [ 2.8.43-44 ]

Como foi dito na seção anterior, nem todos têm o dom do celibato, portanto é necessário que o cristão se case. Calvino entende que o homem que não se casa certamente perderá a batalha contra sua própria carne, e isso ele enfatiza diversas vezes. O jovem cristão, em especial, deve guardar essa verdade e não fugir daquilo que Deus nos propõe como igreja.

"Ademais, que aquele que não se pode conter, contraia matrimônio no Senhor [1Co 7.9]. Significa, assim, em primeiro lugar, que a maior parte dos homens está sujeita ao vício da incontinência; em seguida, dentre esses que estão assim sujeitos, a nenhum excetua a quem não ordene refugiar-se nesse único remédio com o qual se pode ir de encontro à impudência" (2.8.43, p.165)

Finalizando a análise desse mandamento, o teólogo de Genebra também apresenta algumas dicas para aqueles que já estão casados. Cabem aos cônjuges manterem sua relação de maneira honrosa e sóbria, sem excessos. Citando Ambrósio, Calvino explica que o marido que "na relação conjugal não tem nenhuma preocupação de decoro ou honorabilidade chamou de adúltero para com a própria esposa" (2.8.44, p.166). Não é porque está casado que alguém não pode cair no vício da luxúria.

"Assim, enquanto proíbe a prática de fornicação, ao mesmo tempo veda o atentar contra a pudicícia alheia, seja pelo atavio lascivo do corpo, seja por gestos obscenos, seja por palavras impuras. Pois, um filósofo chamado Arquelau disse não sem razão a um jovem vestido muitíssimo voluptuosa e sensualmente, que pouco importava em que parte do corpo mostrasse sua desonestidade. Eu aplico isso a Deus, que detesta toda impureza em qualquer parte, seja do corpo, seja da alma." (idem)

Vemos que a questão de usar trajes apropriados tem muito a ver com este mandamento. Membros da igreja muitas vezes pensam que trata-se apenas de um tradicionalismo antiquado, mas o cristão que se veste de maneira indecente está levando muitas vezes o outro ao pecado. Calvino também critica o linguajar e pensamento imorais, e todos os tipos de costumes que envolvem esse tipo de impureza.

"Se o Senhor requer de nós a pudicícia, então ele condena tudo quanto lhe seja contrário. Conseqüentemente, se aspiras à obediência, então que não arda interiormente teu coração com cobiça depravada, nem os olhos te incitem a desejos corruptos, nem teu corpo seja ataviado ao ponto de despudoramento, nem, com palavras torpes, a mente seduza tua língua a pensamentos semelhantes, nem te inflame o apetite desenfreado com sua imoderação."(idem)

Devemos manter nossas casas limpas de qualquer tipo de impureza. Não é conveniente um casal cristão que manifeste sua sexualidade para outros. Devemos tomar cuidado nessa área.
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O sétimo mandamento [ 2.8.41-42 ]

"Não cometerás adultério." (Êxodo 20.14)

O casamento, instituição tão desprezada atualmente (inclusive em igrejas), é a grande base para este mandamento. Não apenas a traição conjugal está em vista aqui, mas toda forma de relacionamento sexual fora do matrimônio. Deus ama a pureza, e seus filhos devem amá-la também.

"A suma, portanto, é que não nos poluamos com qualquer imundície ou libidinosa incontinência. A isto corresponde o preceito afirmativo: que dirijamos todas as partes de nossa vida casta e continentemente. De uma maneira mais expressa proíbe a fornicação, à qual tende toda sorte de luxúria, a fim de que, pela natureza e desonestidade que consigo leva – que é mais acentuada e palpável nela, enquanto desonra o próprio corpo –, nos incite a detestar todo gênero de luxúria." (2.8.41, p.163)

Calvino entende que o homem não foi criado para viver sozinho. Por isso, existe o dom que Deus lhe entregou - o matrimônio - que, após a queda, é mais importante ainda para evitarmos a luxúria. Hoje vemos uma quantidade imensa de "teólogos" defendendo o sexo fora do casamento (e isto inclui o antes do casamento), algo que nunca foi defendido pela sã doutrina.

"De acordo com nossa necessidade, o Senhor nos socorreu quando instituiu o matrimônio, cuja união, consumada por sua autoridade, também santificou com sua bênção. Donde se deduz que diante dele não só é maldita toda e qualquer outra união fora do matrimônio, como também essa própria união conjugal foi ordenada como um remédio indispensável para que não nos atiremos a desenfreada concupiscência." (2.8.41, p.163s)

Evidentemente, nem todos se casam. O problema é que muitos não se dão ao matrimônio, mas também não podem suportar os desejos de seus corpos. O cristão precisa entender que, na maioria dos casos, para vencer essa batalha, é necessário casar-se.

"A virgindade, reconheço-o, não é virtude que se despreze. Entretanto, visto que foi negada a uns e a outros concedida apenas por um tempo, aqueles que são atormentados pela incontinência e não podem levar a melhor no embate, recolham-se ao refúgio do matrimônio, para que cultivem assim a castidade na medida de sua vocação." (2.8.42, p.164)

Assim, aqueles que defendem a idéia de um celibato possível para todos os membros da igreja estão enganados. Não se pode impôr aos irmãos jugo que eles certamente não suportarão. Por outro lado, a igreja deve reconhecer que existe esse dom no meio dela e tratar respeitosamente aqueles que receberam essa graça especial.

"A continência é um dom especial de Deus e do gênero daqueles que se conferem não indiscriminadamente, nem ao corpo da Igreja como um todo, mas a poucos de seus membros, afirma o Senhor... nem todos são capazes disso, mas somente aqueles a quem tenha sido especialmente dado do céu. Donde se conclui: 'Quem o pode aceitar, aceite-o.' Paulo afirma-o ainda mais explicitamente, quando escreve que cada um tem de Deus seu próprio dom, um de uma forma, outro, porém, de outra [1Co 7.7]." (idem)
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O sexto mandamento [ 2.8.39-40 ]

"Não matarás." (Êxodo 20.13)

Calvino entende este mandamento como uma ordem que inclui aspectos positivos e negativos. Isto é, não apenas somos impedidos de assassinar, mas precisamos colocar-nos como responsáveis pelo bem-estar de cada pessoa.

"Visto que o Senhor vinculou o gênero humano como que por uma unidade precisa, a cada um deve ser delegada a preservação de todos. Em suma, é-nos, portanto, proibida toda violência e brutalidade, e, de um modo geral, toda e qualquer ação deletéria pela qual venha a sofrer dano o corpo do próximo. Conseqüentemente, inculca-se-nos aplicá-lo fielmente, se algo em nosso poder é de valia para proteger a vida do próximo, buscar o que lhe contribui para a tranqüilidade, sermos vigilantes em desviar dele as coisas prejudiciais, dar-lhe ajuda, caso esteja em alguma situação de perigo." (2.8.39, p.162)

Este mandamento também inclui emoções e pensamentos que envolvam o ódio contra alguém. Deus não é aquele que regula apenas os atos do corpo, mas o Legislador sobre toda a mente e todo coração, o que lhe dá autoridade sobre o que cultivamos interiormente a respeito dos outros.

"Por esta lei não só se proíbe o homicídio do coração, mas também se prescreve a disposição interior de conservar-se a vida de um irmão. A mão, de fato, perpetra o homicídio; concebe-o, porém, a mente, enquanto é impregnada pela ira e pelo ódio. Vê se te possas irar contra um irmão sem que ardas em desejo de ir à forra." (idem)

"Logo, não se furtou necessariamente ao crime de homicídio aquele que simplesmente se conteve do derramamento de sangue. Se em ato perpetras algo que seja contrário ao bem-estar de outrem, se em tentativa o tramas, se em desejo e intenção o concebes, és tido por culpado de homicídio. Ademais, a não ser que, na medida de tua capacidade e oportunidade, te esforces por protegê-lo, estás também a transgredir a lei com esta desumanidade." (2.8.40, p.163)

As razões para que não deixemos nosso coração ser tomados de sentimentos mortais são duas principais para o reformador: como seres humanos, portamos a imagem de Deus em nós, e estamos todos vinculados por sermos da mesma natureza.

"A Escritura assinala dupla razão em que se assenta este mandamento: que o ser humano é não só a imagem de Deus, mas ainda nossa própria carne. Por isso, a não ser que apraza profanar a imagem de Deus, devemos considerá-lo sacrossanto; e a não ser que apraza despojar-nos de toda humanidade, devemos tratá-lo como nossa própria carne." (idem)

Com essas verdades expostas, é importante que policiemos constantemente nossos sentimentos em relação aos outros, a fim de que não assassinemos pessoas em nossas mentes. Deus nos dê um espírito manso.
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