"Certamente que não se deve rejeitar esta antítese, pois, com freqüência, Paulo entende sob o termo lei a norma do justo viver, pela qual Deus exige de nós o que é seu, nenhuma esperança de vida outorgando, se não lhe obedecemos integralmente, e por sua vez acrescenta maldição, se nos desviamos mesmo que seja apenas um mínimo." (2.9.4, p.184)
Por outro lado, a Lei, como já dissemos várias vezes, é a própria expressão da vontade de Deus. Ela foi a revelação do Criador aos judeus e, como tal, não pode ser meramente descartada. Certamente existe um motivo para que nossos pais seja chamados heróis da fé - ainda que envoltos em sombra, eles creram na mensagem de graça que foi apresentada.
"Paulo acrescenta, pouco depois, que ele tem o testemunho da parte da lei e dos profetas [Rm 3.21]. Aliás, no final desta mesma Epístola [Rm 16.25, 26], ainda que a ensinar que a pregação de Jesus Cristo é a revelação do mistério guardado em silêncio durante os tempos eternos, atenua esta postulação com uma explicação anexa, ensinando que esse mistério se manifestou por meio das Escrituras proféticas. Do que concluímos que onde se trata de toda a lei, dela difere o evangelho só no que respeita a uma clara manifestação." (2.9.4, p.184s)
No limite dessas duas dispensações há um personagem que se destaca - João Batista. Enquanto ele não tenha conhecido a glória da Aliança renovada por Cristo, este profeta a anunciou, reconhecendo que estava se iniciando uma diferente era.
"Porque ainda não havia fulgido o pleno dia, foi ele chamado por Cristo uma lâmpada a arder e a luzir [Jo 5.35]. No entanto, tampouco isso impede que João Batista seja contado entre os pregoeiros do evangelho, posto que, além disso, ele fez uso do mesmo batismo que, mais tarde, foi outorgado aos apóstolos. Entretanto, o que ele começou, somente após Cristo ter sido recebido na glória celeste veio a completar-se, de maneira mais desenvolta, pela instrumentalidade dos apóstolos." (2.9.5, p.185)
Que tenhamos em nossos corações a convicção de que vivemos um momento glorioso na história da salvação, e que isso gere em nós um sentimento de cuidado pela mensagem que devemos anunciar.
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