"Digo que todas estas diferenças são de tal natureza, e comprometo-me a demonstrá-lo, que dizem respeito ao modo de administração, antes que à substância. Por esta razão, nada impedirá que as promessas permaneçam as mesmas, quer do Antigo, quer do Novo Testamento, e Cristo como sendo o mesmo fundamento das próprias promessas." (2.11.1, p.206)
A primeira diferença já foi bastante comentada no capítulo anterior: as promessas futuras para judeus e para cristãos. Essa promessa não era diferente para os dois grupos, mas as imagens usadas para o antigo Israel são diferentes e, muitas vezes, remontam à realidades terrenas. No entanto, isso se devia ao fato de eles não estarem prontos ainda para as informações que a Igreja receberia a seguir.
"Portanto, foi-lhes destinada a mesma herança que a nós, mas, em razão da idade, ainda não eram capazes dela tomar posse e dela tratar. Estava entre eles a mesma Igreja, todavia, até esse ponto, como que na infância." (2.11.2, p.207)
Assim como a bem-aventurança, o castigo no Antigo Testamento também usava de imagens terrenas, como punições nesta terra para muitos dos que pecaram contra Deus. Essa realidade também apontava para a realidade final, onde os ímpios receberiam castigos eternos e não apenas materiais.
"Aliás, nos devencilharemos facilmente de tais entraves se voltarmos a mente para esta dispensação de Deus de que falei, a saber, que durante esse tempo em que ao povo de Israel ministrava seu Testamento, até então como que de forma velada, quis ele significar e prefigurar ora, mediante benefícios terrenos, a graça da felicidade futura e eterna, ora, mediante castigos corporais, a gravidade da morte espiritual." (2.11.3, p.209)
Vemos, portanto, que apesar dessas diferenças entre as duas porções da Bíblia, há uma unidade, a saber, que Deus é justo e a vingança pertence a ele. Que nos agarremos à cruz para fugir à ira vindoura.
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