"Pois, se são peregrinos e forasteiros na terra de Canaã, onde está a promessa do Senhor pela qual lhe foram constituídos herdeiros? Portanto, está ele obviamente a indicar que olha mais longe, a saber, para a posse que o Senhor lhes havia prometido. Pelo que, 'não adquiriram sequer o espaço de um pé' [At 7.5] na terra de Canaã, a não ser para sepultura, através do quê atestavam esperar receber o fruto da promessa somente após a morte." (2.10.13, p.197)
"Davi mais tarde proclamou: 'Preciosa é a morte dos santos à vista do Senhor [Sl 116.15]; péssima, porém, é a morte dos ímpios' [Sl 34.21]? Se o termo definitivo dos homens fosse a morte, certamente não haveria lugar para indicar diferença alguma entre a do justo e a do ímpio." (2.10.14, p.197s)
Os profetas fazem coro a Davi, citando em diversas ocasiões a idéia de uma vida futura eterna. Para Calvino, não é possível que se pense que temos já a herança conquistada por Cristo aqui na terra, uma vez que várias vezes os santos vivem em situações de sofrimento.
"A verdade é que o Senhor às vezes deixa seus servos ao bel-prazer dos ímpios, não só para que sejam por eles oprimidos, mas até estraçalhados e destruídos, permite que os bons definhem em trevas e em imundície, enquanto que os ímpios quase refulgem em meio às estrelas. Não os alegra a tal ponto com a serenidade de seu semblante que desfrutem diariamente de deleite." (2.10.16, p.199)
Assim, não devemos esperar uma vida de prosperidade aqui nesta vida, ainda que Deus nos proporcione muitas bênçãos. Precisamos, pelo contrário, ter a certeza de que o Senhor nos dará a vida eterna, reservada para o fim dos tempos.
"Contudo, esta esperança não pode, de modo algum, subsistir, a menos que descanse na promessa que lemos em Isaías [51.6]: 'Os céus, diz o Senhor, dissipar-se-ão como fumaça, a terra gastar-se-á como uma vestimenta, e seus habitantes se desvanecerão como estas mesmas coisas; minha salvação, porém, será para sempre, e minha justiça não desvanecerá' – passagem na qual a perpetuidade da justiça e da salvação é atribuída não até onde residem em Deus, mas até onde são experimentadas pelos homens." (2.10.15, p.198s)
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