"Onde estará esta beleza e graça dos fiéis, senão quando a face deste mundo tiver sido mudada pela manifestação do reino de Deus? Quando os olhos convergirem para essa eternidade, desprezada a momentânea agrura das calamidades presentes, confiantemente irrompam nestas palavras: 'Não permitirás jamais que pereça o justo, mas os ímpios tu os precipitarás no poço da perdição' [Sl 55.22, 23]." (2.10.17, p. 200)
Não devemos desfalecer se temos essa esperança, muito menos invejar o ímpio. O sofrimento do crente nesta vida é muito pequeno se comparado à alegria que ele terá no futuro. Devemos orar pelos ímpios para que eles percebam que o "caminho largo" propõe uma alegria falsa e efêmera. Tenhamos como exemplo os santos do Antigo Testamento.
"Visto que contemplavam o céu, sabiam que os santos são atormentados pelo Senhor 'com a cruz' por apenas um momento; que as misericórdias com que são cumulados são perpétuas. Por outro lado, anteviam a ruína, ruína eterna e que jamais haverá de findar-se, dos ímpios, os quais, como em um sonho, haveriam de ser felizes só por um dia." (2.10.18, p.201)
Calvino, por fim, comenta alguns textos bíblicos que tratam da vida futura, começando por Jó 19.25-27, onde o protagonista desse livro fala de uma ressurreição porvir. Para o reformador, não há qualquer motivo para não crermos que o texto não ensina a mesma verdade que os cristãos devem crer.
"Jó não teria chegado a esta amplitude de esperança, se em pensamento tivesse se deixado ficar na terra. Portanto, há que convir em que ele fixou seus olhos na imortalidade futura, pois compreendeu que, inclusive na sepultura, seu Redentor se preocupara com ele; já que a morte é o supremo desespero para os que têm seus pensamentos exclusivamente neste mundo, este não podia tirar-lhe a esperança." (2.10.19, p.202)
Que também guardemos essa esperança em nossos corações.
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