• Home
  • iPródigo
  • Posts RSS
  • Blogger
Blue Orange Green Pink Purple

Acesse pelo endereço joaocalvino.net

Comemorando os 500 anos de João Calvino, o teólogo da Reforma, este é um blog dedicado a resumir e comentar as Instituras da Religião Cristã, obra máxima do reformador de Genebra. Que ele seja útil à comunidade, seguindo a mesma intenção de Calvino ao escrever seus livros.

"Este tem sido meu propósito: preparar e instruir de tal modo os candidatos à sagrada teologia, para a leitura da divina Palavra, que não só lhe tenham fácil acesso, mas ainda possam nesta escalada avançar sem tropeços."

Esse blog está sendo desativado. Visite-nos em www.joaocalvino.net

Chamado eficaz [ 2.3.10 ]

"Ora, o Apóstolo não está ensinando que, se a aceitarmos, se nos oferece a graça de uma boa vontade; ao contrário, que ele próprio efetua em nós o querer, o que outra coisa não é senão que o Senhor, por seu Espírito, nos dirige, inclina, governa o coração e nele reina como em domínio seu." (2.3.10, p.70)

Ainda que não utilizasse os mesmos termos do Sínodo de Dort, Calvino certamente aprovaria suas declarações. Prova disso, é a ênfase que ele dá ao chamado eficaz de Deus, sua graça irresistível que vence qualquer barreira colocada pelo o homem, e o leva graciosamente à futura glorificação. Veja o que o teólogo de Genebra nos diz.

"Na verdade ele não está prometendo, através de Ezequiel [11.19, 20; 36.27], que haverá de dar aos eleitos um novo espírito apenas com esta finalidade: que sejam capacitados a andar em seus preceitos; ao contrário, para que, de fato, neles andem! Nem se pode interpretar diferentemente a afirmação de Cristo [Jo 6.45]: 'Todo aquele que ouviu de meu Pai vem a mim', senão que ensina que a graça de Deus é de si mesma eficaz." (idem)

Calvino, ao contrário do que se pensa, não nega que o Evangelho deva ser oferecido a todos. No entanto, ele sabe que apenas Deus tem o poder para aplicar de maneira eficaz esta mensagem.

"Por certo que os homens devem ser ensinados que a benignidade de Deus é oferecida, sem exceção, a todos os que a buscam. Como, porém, somente aqueles a quem a graça celeste inspirou começam por fim a buscá-la, nem mesmo esta porçãozinha mínima deveria ser subtraída de seu louvor." (idem)

Calvino sabe que tem como testemunha de sua posição o próprio Agostinho. O bispo de Hipona foi claro ao dizer que apenas "a natureza é comum a todos, a graça não"(2.3.10, p.71). Com isso, podemos entender que, embora a salvação não seja para todos, não sabemos quem são aqueles a quem Deus elegeu. Por isso, devemos proclamar o Evangelho a todos, a fim de que o próprio Senhor, por sua poderosa graça, traga seus filhos para junto de si.
Read More 0 comentários | Postado por Josaías edit post

O querer e o executar [ 2.3.8-9 ]

Calvino continua a explorar a questão do bem que surge nos homens. Para ele, desde o princípio de nossa salvação temos o próprio Senhor como fonte de toda bondade. Na verdade, antes da fundação do mundo Deus já iniciou sua obra ao eleger-nos. Esta escolha, então, é aplicada quando o cristão crê na obra de Cristo, e isto vem de Deus.

"Adiciona-se outra razão, não contrária: ora, uma vez que o princípio do querer o bem e do agir corretamente procede da fé, impõe-se ver donde procede a própria fé. Como, porém, toda a Escritura proclama que a fé é um dom gracioso de Deus, segue-se que procede de sua mera graça que comecemos a querer o bem, estando naturalmente inclinados ao mal." (2.3.8, p.67)

Assim, o reformador conclui que tudo aquilo que vem de bom, é dado a nós pelo Senhor. Não apenas a chegada à fé, mas mesmo aquelas iniciativas que parecem nossas são fruto da vontade de Deus em nossas vidas. Calvino cita o Salmo 51, onde Davi pede que Deus crie nele um coração puro. Ainda que já fosse um crente, o salmista reconhecer que somente de Deus vem a piedade. O reformador cita textos em que os crentes pedem para que o Senhor incline o coração deles ao bem, e nos dá uma advertência.

"Sem dúvida é surpreendente e portentoso o fremir de nosso orgulho! Nada exige o Senhor mais estritamente do que observarmos mui religiosamente seu sábado, a saber, descansando de nossos labores. E não há nada mais difícil de se conseguir de nós do que nos descartarmos de nossas ocupações para darmos justo lugar às obras de Deus." (2.3.9, p.68)

Assim, toda pretensão de termos qualquer esforço próprio na salvação é eliminada, e precisamos aceitar esse "sábado" proposto por Calvino. Por fim, ele cita Filipenses 2.13, onde o Apóstolo Paulo nos diz que Deus não apenas opera o nosso querer, mas também o efetuar.

"A primeira parte de uma boa obra é a vontade; a segunda, o firme empenho em executá-la: Deus é o autor de ambos. Portanto, furtamos ao Senhor, se algo arrogamos para nós, seja na vontade, seja na execução. Se fosse dito que Deus empresta ajuda à vontade fraca, algo nos seria deixado; quando, porém, se diz que ele produz a vontade, então se localiza fora de nós tudo quanto nela há de bom. Ademais, uma vez que até mesmo uma boa vontade é esmagada pelo peso de nossa carne, tanto que não possa soerguer-se, acrescentou que, para superar as dificuldades dessa luta, nos é administrada a constância de empenho para que nos assista até mesmo a execução." (2.3.9, p.69)

Tudo vem do Senhor, mesmo os nossos desejos mais sinceros. E eles não deixam de ser sinceros por virem do Senhor. Pelo contrário, por meio dele, eles se tornam reais.
Read More 0 comentários | Postado por Josaías edit post

Capacitados ao bem [ 2.3.6-7 ]

Para que o homem totalmente depravado volte seus olhos para o Criador é necessária uma obra sobrenatural. É aquilo que Paulo chama de "boa obra", que Deus havia iniciado nos filipenses (Fp 1.6), e que continuaria até o dia final. É necessário que o coração seja refeito. Ezequiel registra essa promessa do Senhor, dizendo que os homens teriam os corações de pedra trocados por de carne. Isto é, um milagre.

"Se porventura numa pedra existe plasticidade de qualquer natureza, a qual, tornada mais mole por algum meio, recebe algum tipo de inflexão, não negarei que o coração do homem pode tornar-se flexível à obediência do que é reto, desde que o que é nele imperfeito seja suprido pela graça de Deus. Mas, se com esta comparação o Senhor quis mostrar que nada de bom jamais será extraído do coração, a não ser que ele se faça inteiramente outro, não dividamos entre ele e nós o que reivindica exclusivamente para si." (2.3.6, p.64)

Mais uma vez, então, o reformador enfatiza que não há violência ou destruição no ser humano, mas uma reorientação e transformação do seu coração.

"Quando Deus nos converte ao zelo do que é reto, uma pedra se transforma em carne e está eliminado tudo quanto é de nossa própria vontade: o que toma seu lugar procede inteiramente de Deus. Digo que a vontade é suprimida não até onde é vontade, pois que na conversão do homem permanece íntegro o que é da primeira natureza; digo ainda que a vontade é feito nova, não no sentido em que comece a existir, mas que ela muda de má em boa." (2.3.6, p.64s)

É importante também acrescentar que o reformador deixa claro que essa obra divina não se dá apenas no início, mas segue a vida toda. Como diz Efésios 2.10, Deus preparou boas obras de antemão, para que andássemos nelas. Embora a vontade humana possa ser considerada uma "serva acompanhante" (expressão de Agostinho), Calvino enfatiza bastante que a fonte da obediência dessa serva é a própria graça de Deus. O comentário do Bispo de Hipona sobre João 6.45 é útil.

“Assim seu arbítrio o assiste, para que não só saiba o que deve fazer, mas, porque o sabe, também o faça. E daí, quando Deus, não mediante a letra da lei, mas através da graça do Espírito, assim ensina que o que alguém aprendeu, não apenas o veja, conhecendo; mas ainda o busque, querendo; e o faça, agindo.” (Agostinho, citado em 2.3.7, p.66)

Devemos nos unir a estes homens santos e reconhecer que nossa salvação vem somente do Senhor (Jonas 2.9). Desde o primeiro passo até o fim da jornada - tudo isto está nas mãos do Senhor, que nos transforma, nos cura e nos guia.
Read More 0 comentários | Postado por Josaías edit post

Vontade e Necessidade [ 2.3.5 ]

Novamente Calvino trata da questão da liberdade humana, agora centrando-se no aspecto da nessecidade de pecar. Como já foi dito, o homem, embora escravo do pecado, em nenhum momento tem sua vontade violentada. O teólogo de Genebra crê que o que existe aí é uma confusão entre compulsão e necessidade. Ele cita um antigo mestre para ajudar em sua explicação.

"O homem, ao sujeitar-se a esta necessidade, não é privado da vontade, mas da sanidade da vontade... Com efeito, nem se pronunciou inadequadamente Bernardo, que ensina subsistir em todos nós o querer – porém, querer o bem ser proveito; querer o mau, defeito. Isto é, simplesmente querer provém do homem: querer mal, da natureza corrompida; querer bem, da graça." (2.3.5, p.62)

Calvino mostra que tanto Deus quanto o diabo têm necessidades voltadas para certo valor, e nem por isso podemos considerá-los como marioenetes ou robôs. Não se trata de uma compulsão, mas de uma orientação. Tratam-se de trechos bastante elucidativos:

"Ora, a bondade de Deus é a tal ponto entrelaçada com sua divindade, que não lhe é mais necessário ser Deus do que ser bom. O Diabo, porém, em decorrência de sua queda, a tal ponto se alienou da comunhão do bem, que nada pode fazer senão o mal... Portanto, não se impede que a vontade de Deus seja livre em fazer o bem, só porque ele por necessidade opera o bem; se o Diabo, que outra coisa não pode fazer senão o mal, entretanto peca por vontade, quem por isso dirá que o homem peca menos voluntariamente, uma vez que está sujeito à necessidade de pecar?" (2.3.5, p.62s)

O que existe no caso do homem, para Calvino, é uma relação quase simbiótica entre vontade e necessidade. Ao mesmo tempo em que o homem é livre enquanto peca, ele tem a necessidade de pecar. A vontade do homem produz a necessidade, e a necessidade produz a vontade. Novamente trazendo Bernardo como guia, o reformador nos deixa uma desafiadora citação dele:

"Desse modo, não sei por que modo depravado e estranho, mudada pelo pecado, em verdade para pior, a própria vontade para si engendra a necessidade, de modo que nem a necessidade, uma vez que provenha da vontade, pode escusar a vontade, nem a vontade, uma vez que tenha sido seduzida, pode excluir a necessidade... E assim a alma, de certa maneira estranha e deplorável, sob esta necessidade, há um tempo, decorrente da vontade e perniciosamente livre, afirma ser não só escrava, mas também livre: escrava, em função da necessidade; livre, em função da vontade; e, o que é mais estranho e mais deplorável: é culposa, por ser livre; e é escrava, por ser culposa; e, em decorrência disso, é escrava, quando é livre." (2.3.5, p.63)
Read More 0 comentários | Postado por Josaías edit post

A Graça Comum [ 2.3.3-4 ]

A última seção terminou com Calvino nos explicando que nem todas as pessoas efetivam toda a corrupção que existe em seus corações. Nem todos se parecem com o retrato da humanidade que Paulo apresenta em Romanos 3. O reformador passa a explicar isso, uma doutrina que mais tarde ficaria conhecida como graça comum.

"Em seus eleitos, o Senhor cura estes achaques na maneira que logo exporemos; nos outros, aplicado um freio, apenas os coíbe, só para que não se arrojem a extremos, até onde antevê ser conveniente para a preservação da totalidade das coisas." (2.3.3, p.60)

As maneiras que Deus utiliza para deter o pecado nos seres humanos não-regenerados são das mais variadas. O importante é notarmos que tudo está debaixo da providência de Deus, que sabiamente governa a humanidade.

"Daqui, uns são contidos pelo senso de vergonha, outros, pelo temor das leis, para que não se lancem a muitas espécies de torpezas, se bem que, em larga medida, não dissimulam sua impureza; outros, porque julguem ser de vantagem uma forma honesta de viver, a ela, de certa maneira, aspiram; outros se alteiam acima da condição vulgar para que, mercê de sua própria importância, contenham os demais na linha da deferência apropriada." (idem)

O reformador também nos lembra que muitos homens carregam algumas virtudes, mas que elas são sempre dons com que Deus presenteia alguns ímpios, sem que haja algum tipo de transformação interior nessas pessoas. Por sua providência o Senhor capacita as pessoas conforme sua vontade e propósito.

"Por cuja razão, em linguagem comum, não nos arreceamos de dizer ser este bem-nascido, ser aquele de natureza depravada. Entretanto, nem deixamos de incluir a um e ao outro sob a condição universal de depravação humana, mas apontamos que, por graça especial, o Senhor tem conferido a um, da qual não dignou prover ao outro." (2.3.4, p.61)

No entanto, por maior que seja a aparência de justiça em um ímpio, há um teste final que ele não pode superar - sua motivação. Deus distribui seus dons a essas pessoas e muitas possuem elevado padrão de conduta. No entanto, nenhum ímpio glorificará conscientemente a Deus com seus atos. Por mais virtuoso que seja o incrédulo, ele é incapaz de fazer o que faz para a glória de Deus e isso o torna pecador, mesmo em sua justiça.

"Onde nenhum empenho há de promover a glória de Deus, empenho de que são desprovidos todos os que Deus não regenerou por seu Espírito, está ausente a parte principal da retitude." (2.3.4, p.61s)

Não devemos pensar que os homens não são todos corruptos porque um ou outro se elevam acima dos pecadores. Precisamos ter em mente que somente aqueles que buscam a glória de Deus realmente entenderam o que é a perfeita justiça.
Read More 0 comentários | Postado por Josaías edit post

Corrupto por completo [ 2.3.1-2 ]

Uma confusão comum entre os leitores da Bíblia é a associação muito restrita do termo carne à porção sensória do ser humano. Calvino inicia o terceiro capítulo do livro 2 corrigindo este mal entendido. Não foi apenas o corpo humano afetado pela queda, como creem alguns, mas o homem por completo. Tudo aquilo que temos naturalmente está corrompido.

"Na verdade, tanto quanto em outras circunstâncias, se pudesse haver dúvida acerca desta matéria, a mesma nos é dirimida por Paulo, onde, descrito o velho homem, que dissera ter sido corrompido pelas concupiscências do erro, ordena que sejamos renovados no espírito de nossa mente [Ef 4.22, 23]. Vês que ele não situa os desejos ilícitos e depravados apenas na parte sensorial, mas também na própria mente, e por isso requer que lhe haja renovação." (2.3.1, p.57)

A Bíblia é clara em afirmar que a parte imaterial do homem é fonte de pecado. Não derivamos nosso pensamento dos platônicos, mas de Deus. Mesmo o coração, considerado por alguns a melhor expressão do que é o ser humano, não escapa desse vírus implacável. "Em nada é mais branda a condenação do coração, quando se diz ser enganoso acima de todas as coisas e depravado [Jr 17.9]." (2.3.2, p.58). Para não se delongar muito nesse assunto, Calvino escolhe Romanos 3 como texto-base para demonstrar a nossa depravação. Temos uma citação longa, mas necessária.

"Ele priva o homem, de início, da justiça, isto é, da integridade e da pureza; a seguir, do entendimento [Rm 3.10, 11]. Ora, a carência de entendimento é demonstrada pela apostasia para com Deus, a busca de quem é o primeiro degrau da sabedoria. Mas essa deficiência necessariamente se acha naqueles que se têm afastado de Deus. Acrescenta em seguida que todos se têm transviado e se têm tornado como que putrefatos, que nenhum há que faça o bem; então adiciona as ignomínias com as quais contaminam a cada um de seus membros aqueles que uma vez se espojaram na dissolução. Finalmente, atesta que são vazios do temor de Deus, o que deveria ser a regra a dirigir-nos os passos." (2.3.2, p.59)

O reformador nos lembra que essa passagem trata de toda humanidade, e não apenas de alguns. Ele também afirma que, embora nem todos cheguem a cometer tamanhos males, essa semente pecaminosa deixa aberta essa possibilidade no coração de todo ser humano.

"Se forem estes os dotes hereditários do gênero humano, em vão se busca algo de bom em nossa natureza. Reconheço, sem dúvida, que nem todas estas abominações vêm à tona em cada ser humano, entretanto não se pode negar que esta hidra jaz oculta no coração de cada um." (idem)
Read More 0 comentários | Postado por Josaías edit post

Livre-arbítrio, um escravo [ 2.2.26-27 ]

A questão da liberdade da vontade humana é considerada um diferencial na teologia de Calvino. Assim, depois de discutir a corrupção da mente, o reformador volta-se para a demonstração de que não temos uma vontade livre. Pelo contrário, por natureza escolhemos aquilo que nos parece o bem, assim como qualquer animal faz. Não há deliberação da mente, mas apenas uma escolha natural.

"Se contemplas o que é este desejo natural do bem no homem, verificarás que ele o tem em comum com os animais... Sem razão, sem reflexão, segue a inclinação da natureza, como um animal. Portanto, se porventura o homem é levado a buscar o bom por injunção da natureza, isto em nada diz respeito à liberdade de arbítrio. Pelo contrário, requer-se isto: que depois de discenir o bom, o escolha e busque o que escolheu." (2.2.26, p.54)

O erro dos arminianos é achar que os calvinistas entendem os homens como robôs. No entanto, os reformados reconhecem que o homem faz aquilo que deseja. O problema não é ele decidir o que fazer, mas o fato dele sempre decidir segundo sua inclinação pecaminosa. Além disso, mesmo o "bem" que o homem escolhe tem como pano de fundo seu desejo por bem-estar, o que certamente não é sinônimo de uma decisão conforme os padrões de Deus.

"Ora, aqui, primeiro, o apetite não só é chamado um movimento próprio da vontade, mas ainda uma inclinação natural, como também, segundo, o bom não provém de virtude ou de justiça, mas de condição, como, por exemplo, quando se trata do bem-estar do homem. Afinal, por mais que o homem deseje seguir o que é bom, contudo não o segue; assim como ninguém há a quem a bem-aventurança eterna não seja agradável, à qual, entretanto, ninguém aspira, senão pelo impulso do Espírito." (2.2.26, p.54)

Assim, Calvino interpreta o polêmico capítulo 7 de Romanos como sendo a representação de um homem regenerado lutando contra seus impulsos, vivendo no conflito carne contra espírito. Somos pessoas presas ao pecado, e mesmo quando pedimos a Deus por libertação, o próprio Deus já está agindo em nós.

"Fora, pois, com tudo aquilo que muitos têm bradado acerca de uma preparação, porque, se às vezes os fiéis rogam por um coração que lhes seja plasmado para a obediência da lei de Deus, como o faz Davi em muitos lugares, entretanto deve-se notar que também este desejo de orar procede de Deus, o que se pode coligir de suas palavras. Pois, ao desejar que em si seja criado um coração limpo [Sl 51.10], por certo que não reivindica para si o início dessa criação." (2.2.27, p.56)

Que a nossa atitude seja semelhanteao que Agostinho nos propõe em mais uma citação que Calvino faz.

"Confessa que todas essas coisas as tens de Deus; tudo quanto tens de bom, dele provém; de ti procede tudo quanto há de mau. Nada é nosso, senão o pecado.” (idem)
Read More 0 comentários | Postado por Josaías edit post

A falha da razão [ 2.2.24-25 ]

A razão, aliada à Lei Natural, é importante para que a humanidade organize-se em sociedade, produza coisas belas e úteis, possua uma certa moralidade e, consequentemente, não se destrua. No entanto, essas habilidades humanas de pouco valem quando o assunto é alcançar a verdadeira justiça. Comparando a mente do homem com a Lei de Deus, Calvino diz:

"E se queremos confrontar nossa razão com a lei de Deus, que é o paradigma da perfeita justiça, descobriremos em quão numerosos pontos aquela é cega! Por certo que longe está ela de alcançar aquelas coisas que são primordiais na primeira tábua do Decálogo, as quais dizem respeito à confiança em Deus, ao louvor da virtude e da justiça que se deve atribuir-lhe, à invocação de seu nome, à verdadeira observância do sábado." (2.2.24, p.51)

O reformador admite que em relação à segunda tábua da Lei (que trata do relacionamento do homem com seu próximo) os homens têm mais sucesso em obedecer às ordem de Deus, por conta da manutenção da ordem social. Porém, ainda assim somos falhos se dependermos apenas dos dons naturais. Seremos facilmente ludibriados por nossa mente enganosa. Por esse motivo Calvino critica os filósofos, por se esquecerem da total corrupção humana e levarem em conta apenas ações maléficas deliberadas e realizadas.

"Ora, enquanto os filósofos caracterizam como vícios às tendências imoderadas da mente, assim o entendem aquelas que se exteriorizam e se manifestam por sinais mais crassos, porém reputam por nada os desejos depravados que afagam a mente de forma cariciosa." (2.2.24, p.52)

"Se deve repudiar a opinião daqueles que ensinam que em todos os pecados permeiam deliberadamente a maldade e perversidade. Pois sempre que experimentamos a saciedade, com toda nossa boa intenção caímos." (2.2.25, p.52)

Assim, a solução para que o homem dirija-se retamente é buscar iluminação do Espírito Santo, a fim de que seja instruído pela Palavra. Como já vimos, o objetivo a lei natural é condenatório, não salvífico, de maneira que ela não tem poder de guiar alguém a Deus. É preciso que homens e mulheres tomem consciência de sua própria incapacidade e busquem, como os santos fizeram, a orientação do Senhor. E por todos os dias de sua vida.

"Davi estava cônscio desse padecimento em relação a si mesmo, quando rogava que lhe fosse concedido entendimento para aprender retamente os preceitos do Senhor [Sl 119.34]. Ora, quem deseja alcançar para si nova compreensão, deixa claro que de modo algum lhe é suficiente à compreensão que possui... Nem ensina a Escritura que são nossas mentes iluminadas em apenas um dia, de sorte que, a partir daí, vejam por si próprias, porquanto o contínuo progresso e crescimento lhes são conferidos." (2.2.25, p.52s)
Read More 0 comentários | Postado por Josaías edit post
Postagens mais recentes Postagens mais antigas Página inicial

Calvino 500 anos

  • Busca


  • Contador Calvino


    Get the John Calvin birthday clock at Calvin 500

    Links

    • Monergismo
    • Cinco solas
    • Graça Plena
    • Blog Fiel
    • Teologia e Vida
    • Ivonetirinhas
    • O tempora, o mores!
    • Voltemos ao Evangelho
    • Frases Protestantes

    Arquivo

    • ▼ 2009 (169)
      • ► novembro (1)
      • ► outubro (5)
      • ► setembro (5)
      • ► julho (6)
      • ► junho (32)
      • ► maio (26)
      • ▼ abril (8)
        • Chamado eficaz [ 2.3.10 ]
        • O querer e o executar [ 2.3.8-9 ]
        • Capacitados ao bem [ 2.3.6-7 ]
        • Vontade e Necessidade [ 2.3.5 ]
        • A Graça Comum [ 2.3.3-4 ]
        • Corrupto por completo [ 2.3.1-2 ]
        • Livre-arbítrio, um escravo [ 2.2.26-27 ]
        • A falha da razão [ 2.2.24-25 ]
      • ► março (23)
      • ► fevereiro (33)
      • ► janeiro (30)

    Marcadores

    • institutas (166)
    • Lei (44)
    • pecado (33)
    • Deus (32)
    • homem (27)
    • livre-arbítrio (25)
    • Dez Mandamentos (21)
    • AT (19)
    • providência (18)
    • piedade (16)
    • Escritura (14)
    • epistemologia (14)
    • Cristo (12)
    • Trindade (12)
    • apologética (12)
    • NT (9)
    • aliança (8)
    • romanismo (8)
    • sociedade (8)
    • vida futura (8)
    • Espírito (7)
    • criação (6)
    • diabo (6)
    • Igreja (5)
    • angelologia (5)
    • patrística (5)
    • política (5)
    • regeneração (5)
    • família (4)
    • persistência (4)
    • Serveto (3)
    • casamento (3)
    • sofrimento (3)
    • arte (2)
    • ciência (2)
    • escolástica (2)
    • justiça social (2)
    • missões (2)
    • preâmbulos (2)
    • sexualidade (2)
    • trabalho (2)
    • Batismo (1)
    • Ceia (1)
    • ateísmo (1)
    • avisos (1)
    • chamado eficaz (1)
    • hermenêutica (1)
    • salvação (1)




    • Home
    • Posts RSS
    • Comments RSS
    • iPródigo

    © Copyright visite www.joaocalvino.net. All rights reserved.
    Designed by FTL Wordpress Themes | Bloggerized by FalconHive.com
    brought to you by Smashing Magazine

    Back to Top